CARTA DE CAMPINAS GARANTE MODELO DE INCLUSÃO SOCIAL AO PRIMEIRO EMPREGO PARA AFRODESCENDENTES

Desembargadores, juízes, autoridades e empresários assinaram na última terça feira (23/08), num evento histórico promovido em conjunto pelo Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região e pela Sociedade Afro-Brasileira de Desenvolvimento Sociocultural (Afrobras), a Carta de Campinas pela Iniciativa Empresarial voltada à Igualdade Racial, que destaca 10 ações afirmativas para a adoção de um modelo de inclusão social ao primeiro emprego dos afrodescendentes.

Encontro de Entidades e Empresas em Prol da Adoção de Modelo de Inclusão ao 1º Emprego dos Afrodescendentes

O evento, que integra as comemorações dos 30 anos do TRT-15, reuniu no Plenário Ministro Coqueijo Costa, em sua sede em Campinas, além dos membros da Corte Trabalhista, autoridades e representantes do empresariado da região de Campinas.

O Presidente do TRT -15, desembargador Lorival Ferreira dos Santos, abriu o evento com um discurso marcado pela preocupação institucional da 15ª em realizar a Justiça no âmbito das relações de trabalho sob sua jurisdição, mas também contribuir com ações de inclusão social, para mitigar os desequilíbrios sociais. O magistrado lembrou que a Corte tem travado nos últimos anos grandes embates voltados à erradicação do trabalho infantil, do trabalho escravo e do tráfico de pessoas e à promoção da aprendizagem, bem como em prol do trabalho seguro, e ressaltou que é possível avançar em medidas de sensibilização à inclusão social dos afrodescendentes. “O Brasil tem uma dívida histórica com a raça negra, proveniente de séculos de exploração e opressão, e a liberdade conquistada pelos escravos não lhes proporcionou melhores oportunidades, nem tampouco ascensão social”, disse.

Lorival Ferreira dos Santos destacou os avanços conquistados pela população negra no Brasil, como a instituição do Estatuto da Igualdade Racial, que garante “a efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos e difusos e o combate à discriminação e às demais formas de intolerância étnica”, e da Lei de Cotas no Serviço Público, com o objetivo de garantir o acesso dos negros ao mercado de trabalho, e até do Ato Regulamentar do TRT-15 instituindo a reserva para negros de 20% das vagas nos concursos públicos de servidores e magistrados para o TRT-15. “É preciso rejeitar qualquer prática de discriminação racial, buscando soluções que eliminem barreiras no acesso de afrodescendentes ao mercado de trabalho”, declarou.

O presidente do TRT concluiu encorajando a todos a aderir ao respeito universal, banindo a condenável ideia de superioridade entre os seres humanos. “Somente assim, teremos uma plena competência para educar novas gerações sobre o que é de fato humanidade”, finalizou.

O presidente da Afrobras José Vicente, destacou a importância do personagem histórico brasileiro Zumbi dos Palmares que, durante 40 anos, resistiu ao poder da Coroa Portuguesa e manteve livres em seu quilombo, na Capitania de Pernambuco, numa região que atualmente pertence ao Estado de Alagoas, milhares de negros e índios, além de brancos e mouros marginalizados.

José Vicente destacou diversas ações que comprovam um avanço nas garantias para a população negra, dentre elas o próprio evento promovido no TRT-15. “Algo impensável vinte anos atrás”, comentou.

O presidente da Afrobras afirmou que, apesar dos avanços, especialmente na garantia de vagas para negros no serviço público, ainda falta o mesmo empenho no ambiente corporativo. Segundo ele, as empresas brasileiras precisam começar a integrar, em seus quadros, os jovens negros. Atualmente, segundo o reitor, diferentemente do passado, quando era possível justificar a não contratação de negros por sua falta de capacitação, existe mais de um milhão de jovens afrodescendentes saindo de universidades brasileiras, a rigor com competência compatível à dos jovens brancos. “Sem esse apoio das empresas, estamos fadados ao fracasso”, desabafou Vicente.

A superintendente executiva do Bradesco, Valdirene Soares Secato, falou da parceria de sua empresa com a Universidade Zumbi dos Palmares, ao longo de mais de dez anos, e ressaltou a importância do primeiro emprego. Segundo ela, é política do Bradesco contratar estagiários para formação, ao todo, já foram mais de 340 estudantes/profissionais, em mais de 10 turmas. “Muitos deles tornaram-se funcionários”, afirmou Valdirene.

O diretor jurídico da CPFL, Fabio Fernandes Medeiros, destacou que, apesar de conhecer dois profissionais negros que ocupam cargos de alto escalão, isso é uma exceção no Brasil. “Não dá para ficarmos contando nos dedos as exceções”, disse. Fabio lembrou que, nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, o atleta Isaquias Queiroz, ganhador de três medalhas na canoagem, é a prova de que uma pessoa que saiu de um programa social pode ser um grande vencedor.

 

Foto: Encontro de Entidades e Empresas em Prol da Adoção de Modelo de Inclusão ao 1º Emprego dos Afrodescendentes.

Crédito: Divulgação TRT-15.

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