COMO OS NOVOS HÁBITOS DO CONSUMIDOR INFLUENCIAM O DESENVOLVIMENTO DE EMBALAGENS

Preocupação com o bem-estar e as condições ambientais e sociais ao seu redor, olhar atento aos gastos, digitalização e (ao mesmo tempo) busca por conexões humanas e reais. As tendências de comportamento dos consumidores moldam as soluções oferecidas por marcas em todo o mundo. Isso inclui não apenas o desenvolvimento de novos produtos ou serviços, mas a maneira como eles são apresentados ao mundo – e isso inclui também o desenvolvimento de embalagens. “A criação e o desenvolvimento delas devem levar em consideração as inovações disponibilizadas por uma indústria em constante desenvolvimento, é claro. Mas não para por aí. As embalagens também precisam endereçar os novos hábitos do consumidor, assim como o aspecto emocional de seu comportamento” afirma Zeuner Fraissat, sócio da Zaic Branding.

De acordo com ele, embora tenham sempre sido uma plataforma importante de marca, as embalagens ganharam uma nova função nos últimos anos: a de ampliar a comunicação entre empresas e seus clientes.

Isso pode ser feito, por exemplo, com recursos como a inclusão de códigos QR nos frascos, para levar a mais informações sobre o produto ou oferecer serviços adicionais, dando ares de personalização à embalagem. Pense em um aplicativo que ajuda a achar as cores que melhor combinam com seu novo batom, ou outro que ajuda a montar uma rotina de exercícios para quem compra produtos voltados ao universo fitness. “Esses recursos também ganham contornos de entretenimento quando combinados à realidade ampliada, trazendo elementos lúdicos para o produto e criando movimento nas embalagens, durante a experiência de compra ou mesmo no momento do consumo”, diz.

Mas, de acordo com o especialista em branding e design, existe também a nova consciência de que o produto tem de se tornar atraente também na vitrine virtual. “A informação tem de estar clara e simplificada nos rótulos. Isso é importante para que o item tenha destaque na gôndola digital. Trata-se de uma comunicação mais impactante em termos de imagem”, destaca.

Mas não para por aí. Para Fraissat, as mudanças sociais ao nosso redor acabam por influenciar, também, a maneira como consumimos. E isso acaba transparecendo no design dos produtos e suas embalagens.

Ele menciona a busca cada vez maior por produtos e marcas mais ambientalmente sustentáveis e a atenção maior aos preços, em contexto de inflação global. “Como resultado dessa procura por sustentabilidade, temos visto iniciativas para alterar a matéria prima de produção, trazer mais informações no rótulo sobre a pegada ecológica dos produtos e até na direção de reduzir a quantidade de embalagens”, diz Fraissat.

Ele cita também a adoção de refis para aproveitar os frascos já adquiridos, além da maior oferta de logística reversa pelas empresas. “São ideias que parecem antigas mas que agora começam a ganhar tração, por exemplo em marcas de luxo, um mercado deve crescer ainda mais nos próximos anos”, reforça.

Por fim, o sócio da Zaic Branding menciona a busca por momentos de relaxamento e bem-estar. “Vivemos uma época que, se não podemos chamar de pós-pandêmica, sem dúvida ainda carrega as consequências dela – como a valorização dos pequenos prazeres da vida, e a interação humana”, afirma.

Nesse contexto, quando se trata do design de produtos e suas embalagens, entram em jogo elementos como linguagens divertidas, formatos inesperados ou colecionáveis e a tendência do unboxing. “Essa é uma outra conexão com o mundo online, a prática de compartilhar nas redes sociais o momento de abrir a caixa e mostrar a apresentação do produto”, aponta.

Fraissat aponta também que a confiança em companhias e instituições têm diminuído, e as marcas devem olhar para dentro para entender como reconquistar a conexão com seus públicos-alvo. “Os consumidores estão mais céticos e mais exigentes. Por isso, é importante entender quais são os aspectos que tornam sua marca única, singular, e então, comunicar isso de forma eficiente”, diz. “Aqui, as oportunidades estão na oferta dentro e fora das embalagens como a conexão com a produção local de ingredientes, a comunicação clara de benefícios funcionais no caso de alimentos e bebidas, e elementos que tornem o uso mais prático e conveniente, com menor impacto ambiental”, conclui.

 

Foto:  Zeuner Fraissat, sócio da Zaic Branding.

Crédito: Divulgação.

Milton Paes

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