As perspectivas para o desempenho da economia e da construção neste ano foram analisadas na Reunião de Conjuntura do SindusCon-SP, conduzida nesta quarta-feira (07/02) por Eduardo
Para Eduardo Zaidan, vive-se uma época em que a macroeconomia parece razoavelmente arrumada, porém, a recuperação dos empregos é muito baseada em salários baixos e pouca produtividade, especialmente nos comércios e serviços. O bom resultado da balança comercial ainda está muito baseado na indústria do petróleo e no agronegócio, com preços sempre sujeitos a flutuações externas. Entretanto, segundo o vice-presidente, a situação fiscal segue delicada, o governo pretende enfrentá-la, porém enfrenta resistências, ocasionando um baixo investimento na produção.
Já o presidente do SindusCon-SP, Yorki Estefan, manifestou preocupação com novas pressões de alta de preços dos materiais de construção, a concentração da produção no mercado do cimento e o crescente déficit das contas públicas.
Expectativas otimistas
Segundo a economista, as sondagens da construção da FGV realizadas em dezembro mostraram que mais da metade das empresas têm expectativas positivas em relação a este ano. No caso da construção, essas expectativas mostraram-se mais fortes no setor de infraestrutura e menos nos serviços especializados. Entre os principais fatores para tanto estão a expansão dos negócios e o aumento das receitas. Como limitações aos negócios, figuram demanda insuficiente, preços elevados dos materiais e escassez de mão de obra especializada.
Desta forma, permanece a estimativa da FGV Ibre de crescimento de 2,9% do PIB da construção. Agora em janeiro, aumentos de preços de agregados, do cimento, do concreto e do bloco de concreto estão sendo informados à Fundação e deverão aparecer mais adiante no INCC. A economista informou que, em função do maior investimento em infraestrutura, a indústria cimenteira espera crescer 2% em 2024 e anunciou investimentos para o aumento da capacidade de produção.
Conjuntura Econômica
Robson Gonçalves, professor da FGV, observou que, além da baixa taxa de investimento, outros fatores influenciam para a expectativa de desaceleração da taxa de crescimento do PIB em 2024 (1,6%, segundo o Boletim Focus), como corrupção e polarização política.
Entretanto, observou o economista, há sinais de que o crescimento possa ser maior, próximo a 2%, tais como: investimentos no setor automobilístico, elevações no emprego e na arrecadação, continuação da queda dos juros, desinflação global e a melhora de percepção de parte do empresariado em relação à atuação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
O professor afirmou que a desaceleração da economia chinesa tem baixado os preços internacionais das commodities. Já fatores como safra menor no Brasil poderão impactar os preços dos alimentos. Entretanto, o cenário internacional ainda mantém incertezas derivadas das atuais conflagrações, que podem trazer surpresas ao longo do ano, ressalvou.
Robson Gonçalves lembrou que o agravamento das contas públicas ocorreu no governo Bolsonaro. E comentou que o esforço de ajuste fiscal do governo Lula mira apenas no aumento da receita e não na diminuição das despesas. Isso, a seu ver, pode gerar grandes dificuldades para os próximos governos. Ana Castelo lembrou que o Congresso também contribui para o desequilíbrio das contas. E defendeu que a indústria da construção atue para que os recursos das emendas parlamentares sejam canalizados a obras inacabadas de relevância.
Nos debates que se seguiram, Eduardo Zaidan comentou que uma eventual expansão do tamanho do mercado da construção poderia atrair novos fabricantes de materiais, reduzindo a concentração em alguns segmentos. Eduardo Capobianco, representante do SindusCon-SP na Fiesp, sugeriu que o setor também discuta formas de enfrentar a elevação de preços, como a importação de materiais.
Foto 1 – Eduardo Zaidan, vice-presidente de Economia do SindusCon-SP.
Foto 2 – Presidente do SindusCon-SP, Yorki Estefan.
Foto 3 – Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre).
Foto 4 – Robson Gonçalves, professor da FGV.
Crédito: Divulgação.
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