Depois de o
Brasil ter se tornado o maior produtor e exportador e o segundo maior
consumidor de café do mundo, o País desponta como um dos maiores fornecedores
mundiais de cafés especiais, diferenciados por sua qualidade e agregação de
valores socioambientais. Atualmente praticamente todas as regiões cafeeiras do Brasil
produzem grãos especiais, como o Cerrado, Zona da Mata e Sul de Minas Gerais,
Serra do Espírito Santo, Bahia, São Paulo e Paraná.
Segundo o
professor, por muitos anos, o Brasil foi conhecido como fornecedor de café
comum, com pouca qualidade, comparativamente a outros países produtores. “No
mercado internacional, o Brasil ainda possui a imagem de grande produtor de um
único tipo de café. Essa é uma imagem equivocada e bastante negativa. Na
verdade, a pluralidade dos sabores e aromas dos cafés do Brasil deve ser sua
marca mais notável refletindo a exuberância de sua natureza e diversidade
cultural de seu povo. Isto precisa ser mais bem compreendido e explorado para o
bem da nossa cafeicultura”, lembra.
O professor
esclarece que mesmo sendo os aspectos sensoriais os mais relevantes na
caracterização de um café especial, os atributos ambientais e sociais cada vez
mais influenciam na caracterização do produto. “Nesse caso, como o atributo não
é percebido sensorialmente, a diferenciação é obtida por meio de certificações
de origem e uso de selos de garantia. Os mais conhecidos no mercado atual são
os certificados ambientais como da Rain Forest, os cafés orgânicos e os
sociais, como o Fair Trade, consumido em países desenvolvidos”, completa. O
pesquisador Sérgio Pereira do Instituto Agronômico – IAC, instituição
participante do Consórcio Pesquisa Café, acrescenta ainda as certificações UTZ
e Certifica Minas.
O café consumido
no País tem ganhado em qualidade, em parte porque os cafés especiais têm caído
no gosto dos brasileiros. Parcela crescente da população tem optado por esse
produto diferenciado e a indústria tem buscado atender a esse consumidor mais
exigente. “Marcas consolidadas no mercado de cafés ‘tradicionais’ já estão
oferecendo cafés de origens brasileiras, de sabores e aromas superiores aos que
tradicionalmente são oferecidos no mercado. Ainda que represente uma pequena
fatia do mercado de consumo de café, o nicho dos especiais é o que mais cresce
no Brasil e no mundo comparativamente ao mercado dos cafés comuns. Mesmo assim,
a maior parte da produção de cafés especiais brasileiros ainda é exportada.
Temos um grande caminho a percorrer para que os cafés especiais se consolidem
no País”, informa Borém.
Os principais
mercados consumidores dos cafés especiais brasileiros são, na ordem, Japão,
Estados Unidos e União Europeia, havendo crescimento muito grande por parte da
Coreia e Austrália. No que diz respeito ao consumo interno do produto, das 19,7
milhões de sacas consumidas no mercado interno, um milhão é de cafés especiais.
“O Brasil está assumindo o posto de fornecedor de cafés especiais para o
mundo”, garante.
A cafeicultura brasileira, por sua extensão territorial e peculiar
variação ambiental, tem sua produção distribuída em diferentes regiões que se
distinguem pelas características marcantes dos seus ambientes, tanto em relação
ao meio físico quanto às condições climáticas e socioeconômicas.
Esse arranjo
institucional atua em todos os segmentos da cadeia produtiva, tendo por base a
sustentabilidade, a qualidade, a produtividade, a preservação ambiental, o
desenvolvimento e o incentivo a pequenos e grandes produtores. Hoje reúne mais
de 700 pesquisadores de cerca de 40 instituições, envolvidos em 74 projetos dos
quais fazem parte 355 Planos de ação.
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