O projeto VozMóvel, que
vem sendo desenvolvido pelo CPqD com o objetivo de facilitar o uso de
dispositivos móveis por pessoas com deficiências visuais, acaba de conquistar o
Prêmio ARede 2012, concedido anualmente a iniciativas relevantes de inclusão
social no país que envolvem o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação
(TICs). O projeto do CPqD foi premiado na categoria Acessibilidade, modalidade Setor Privado, em cerimonia realizada nesta segunda feira (22) em São Paulo, que contou com a presença da ministra da Cultura Marta Suplicy, de representantes da sociedade civil e do setor privado. O presidente do CPqD,
Hélio Graciosa, disse que esse prêmio é muito importante para a fundação, além
de representar o reconhecimento de um trabalho que vem sendo realizado há
vários anos contribuindo para a missão do CPqD que é promover a inclusão
digital da sociedade no Brasil.“Temos várias soluções de acessibilidade já
disponíveis no mercado e, em breve, o projeto VozMóvel trará uma nova
perspectiva de uso de dispositivos móveis para pessoas cegas ou com
deficiências visuais”, diz.
Iniciado em julho de 2010, com o apoio de recursos do Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (Funttel) do Ministério das Comunicações, administrados pela Finep, o projeto VozMóvel consiste no desenvolvimento de uma solução que usa a tecnologia de síntese de voz como base de um novo modelo de interação do usuário com smartphones dotados de tela sensível ao toque (touchscreen). A primeira versão foi concebida para o sistema operacional Android, que hoje lidera as vendas de smartphones no mercado mundial.
No modelo de interação desenvolvido pelo CPqD, a tela do aparelho é dividida em seis áreas, correspondentes às principais funções de um celular: realização de chamadas, histórico de
ligações, contatos, mensagens de texto (SMS), nível de sinal e de bateria e data/hora. Na medida em que a pessoa toca ou desliza o dedo sobre a tela touchscreen do aparelho, uma voz sintetizada informa a função correspondente àquela área. Com mais um toque, ela tem acesso à função. E, se essa função envolver uma informação, como o nível da bateria do aparelho ou uma mensagem de
texto recebida, ela também é transmitida por meio do recurso de síntese de voz, que utiliza a tecnologia CPqD Texto Fala. “Um dos diferenciais desse
projeto é a parceria com o Centro de Prevenção à Cegueira (CPC) de Americana,
que permitiu identificar as reais necessidades dos deficientes visuais e a sua
participação no próprio desenvolvimento e teste da solução”, enfatiza Claudinei
Martins, da Diretoria de Tecnologia de Serviços do CPqD.
Em fevereiro deste ano,
teve início um teste piloto da solução, com a distribuição de smartphones
touchscreen a um grupo de pessoas atendidas pelo CPC que, desde então, vêm
utilizando os aparelhos no seu dia-a-dia. “O intuito era avaliar a
usabilidade da aplicação e receber sugestões de melhorias. E os resultados têm
sido muito ricos em informação”, diz Martins. Segundo ele, agora o objetivo é incluir na interface funções do smartphone relacionadas ao acesso a e-mails, notícias e à internet em geral, outra demanda dos deficientes visuais que estão participando do teste piloto.
O foco principal do projeto VozMóvel são as mais de 6,5 milhões de pessoas cegas ou com grande dificuldade permanente de enxergar existentes no Brasil, de acordo com o Censo 2010 do IBGE. “Mas, no futuro, essa tecnologia poderá beneficiar também idosos, analfabetos e até crianças que ainda não aprenderam a ler”, acrescenta Martins.
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