Apesar da crise econômica, o mercado de produtos eróticos no Brasil continua bastante expressivo. De acordo com a Associação Brasileira das Empresas do Mercado Erótico e Sensual (ABEME), o setor gera mais de 125 mil empregos no país, direta ou indiretamente.
Além disso, o sucesso de filmes com tem
Dona da Delírio e Ponto sex shop há 20 anos, Maísa Pacheco sentiu os efeitos da crise econômica a partir de 2014 e viu o faturamento da sua loja cair 60% em 2015 em relação ao ano anterior. A queda drástica nas vendas fez a empresária cair em depressão e decidir fechar o estabelecimento em meados de 2016, caminho seguido por diversos de seus concorrentes, mas não sem antes depositar suas últimas fichas em estratégias de comunicação no meio virtual. A loja fica na Rua da Consolação, 2510, em São Paulo (SP).
Criou, então, um e-commerce (www.delirioeponto.com.br) e um canal no YouTube para divulgar os produtos da loja. O resultado foi surpreendente. A partir dessa iniciativa, iniciada em outubro do ano passado, o faturamento do sex shop passou a aumentar 20% ao mês. “A ideia inicial era levar o público a comprar na loja virtual, mas as pessoas passaram a frequentar a loja física. Acredito que o segredo para motivar os consumidores a irem até a loja é a forma despojada e sem preconceitos que falo sobre sexo no canal. Num vídeo que explico sobre o ‘bullet’ (vibrador clitoriano), por exemplo, obtive mais de 27 mil visualizações”, conta a empresária.
Com apenas cinco meses, o canal já possui cerca de 600 inscritos e mais de 70 mil visualizações dos vídeos. Na loja, Maísa mantém a comunicação expansiva e descontraída ao atender os clientes. “Eu interajo com as pessoas que vêm à loja, faço brincadeiras e explico os produtos. É claro que existe preconceito, mas o que falta é falar sobre sexo de forma natural. As pessoas se identificam com meus vídeos porque também pensam assim”, diz.
O canal do Youtube tem atraído gente que dificilmente saberia do sex shop se não fosse pelos vídeos. É o caso de uma cliente do interior de São Paulo que aproveitou a visita à capital para conhecer a loja. Os idosos também têm ampliado a presença no estabelecimento, o que levou Maísa a realizar palestras específicas para mulheres da terceira idade.
A maioria do público que visita o sex shop é formado por mulheres. Porém, o público masculino também faz parte da clientela. Maísa afirma que o canal do Youtube já vem despertando o interesse dos homens. “Eu dou dicas para eles resolverem questões práticas com suas parceiras. Um homem me escreveu agradecendo porque ele nunca tinha conseguido satisfazer a esposa e, depois das minhas dicas, ela atingiu o orgasmo”, revela.
Empolgada com a aceitação do canal do Youtube, Maísa criou uma lista de clientes VIP no Whatsapp. Quem compra em sua loja é convidado a se cadastrar na lista e recebe promoções exclusivas toda sexta-feira. Ou seja, muitos clientes conhecem a loja via Youtube, mas o contato se mantém por outros canais.
A ação no Whatsapp foca nos três produtos mais vendidos do estabelecimento, que são oferecidos a preço de custo. Com isso, o movimento às sextas-feiras cresceu. Em uma das sextas a loja chegou a receber 180 clientes, sendo que o habitual eram apenas 15.
Se antes o medo era de fechar as portas, agora a preocupação é em dar conta de tanto crescimento. A inauguração de mais uma loja, bem ao lado da já existente, está a caminho. O espaço contará com ações diferenciadas e diversos cursos como de pompoarismo, pole dance e massagem tântrica. “Vamos trazer palestras sobre o universo sexual, além de oferecer lingeries e fantasias bem diferentes. Sempre falando sobre sexo de forma direta e simples, pois todos podem e devem conhecer melhor o seu corpo e terem mais satisfação na vida sexual”, conclui Maísa.
Foto: Maísa Pacheco, dona de sex shop.
Crédito: Divulgação.
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