ARTIGO DA PSICOPEDAGOGA CRISTINA FELIPE CORSINI PASINATO
O tema “Educação Socioemocional” vem sendo muito discutido nos dias de hoje como um grande desafio do século XXI. Puro modismo?
Certamente, não! As últimas décadas do século XX e início deste novo século foram marcados por grandes processos de mudanças sociais, econômicas e políticas que afetaram diretamente as relações de trabalho e o dia a dia das pessoas, instituindo novas demandas e necessidades. O mundo atual exige habilidades, tais como resiliência, criatividade, responsabilidade… que vão além das chamadas habilidades cognitivas. Isto quer dizer que, não basta mais a pessoa possuir uma inteligência brilhante, porém não sabe trabalhar em equipe.
Além do mais, vivemos hoje uma era pautada na velocidade – tudo é muito rápido e acelerado! Graças à universalização dos meios de comunicação e ao acesso ao universo digital cada vez mais acelerado, as informações estão cada vez mais dinâmicas e propagam-se à velocidade da luz! Assim, outra habilidade necessária nos dias de hoje é a capacidade de formar redes de conexões; não há mais espaço para aquele sujeito que quer trabalhar isolado.
Mas, enquanto o mundo exige e cobra que os nossos jovens concluam a educação básica sendo capazes de solucionar problemas de maneira colaborativa, demonstrem empatia, pensem criticamente e façam escolhas responsáveis, sendo protagonistas de seu próprio desenvolvimento e de suas comunidades, a educação do nosso país, apesar de infinitas mudanças, ainda se mostra retrógrada e engessada com um modelo que remete a Grécia Antiga, cujo cerne do trabalho era a transmissão de conteúdos. A base da docência dos nossos educadores e a ênfase do trabalho pedagógico ainda privilegiam o pensamento lógico e recaem sobre modelos criados para atender demandas antigas – o acúmulo de conhecimento, exercícios, repetições e testes que podem até resultar em uma nota maior, mas que não preparam o aluno de forma integral e, muito menos, dão conta de desenvolver todas as competências que ele necessita para enfrentar os desafios do século 21.
Obviamente que ninguém está questionando a importância do desempenho ou do aprendizado nas diferentes áreas do conhecimento. Os conteúdos que compõem as grades curriculares das disciplinas são muito importantes. Mas, é preciso ir além! Tabus devem ser quebrados e novos paradigmas deverão ser adotados.
Transformar a escola não é mais uma opção. É uma necessidade! Precisamos, com urgência preparar nossos alunos para os desafios do mundo para além dos muros das escolas. Mas, se o “chão da escola” precisa se transformar, é necessário a produção de saberes e fazeres que se concretizem na criação de novas modalidades de práticas na escola. Ou seja, o cuidado, atenção e construção de um novo olhar da atuação pedagógica. Um novo olhar para a educação sem levar em conta a formação de professores, para que estes, intencionalmente nas aulas, desenvolvam um trabalho mais colaborativo e que busque promover o pensamento autônomo dos alunos, será um esforço que poderá virar letra morta.
Cristina Felipe Corsini Pasinato é psicopedagoga, coordenadora da pós-graduação em Educação Socioemocional do IBFE e orientadora pedagógica do Anglo Center Ville
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