
O Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP) apresentou, na última quarta-feira (10/12), uma análise detalhada do desempenho da construção civil em 2025 e as perspectivas econômicas para 2026. O encontro reuniu o presidente da entidade, Yorki Estefan; o vice-presidente de Economia, Eduardo Zaidan; e a coordenadora de Projetos da Construção do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), Ana Maria Castelo.
Na abertura, Yorki Estefan destacou que o levantamento anual da Área Econômica do SindusCon-SP consolida os principais indicadores que influenciaram o setor ao longo de 2025. Segundo ele, apesar de um ambiente econômico desafiador, a construção civil manteve sua relevância ao seguir gerando empregos e contribuindo para o crescimento da indústria brasileira, ainda que em ritmo mais lento. O presidente ressaltou a redução da velocidade de vendas de empreendimentos imobiliários de médio padrão, reflexo das dificuldades de acesso ao crédito, e reforçou a forte correlação do setor com a política de juros.
Para o vice-presidente Eduardo Zaidan, 2025 foi marcado por uma desaceleração da atividade econômica, movimento que também atingiu a construção civil. “Observamos um crescimento moderado, abaixo do potencial, mas sem caracterizar recessão. Foi um período importante, com avanços institucionais relevantes, como as reformas tributária e do Imposto de Renda da Pessoa Física. Para 2026, mantenho a expectativa de um cenário mais favorável, tanto para a construção civil quanto para o país”, afirmou.
Regional Campinas
No balanço regional, o diretor do SindusCon-SP Regional Campinas, Marcio Benvenutti, anunciou a chegada de dez novas construtoras à região ao longo de 2025. Segundo ele, o movimento reforça as perspectivas positivas para 2026, diante do potencial de geração de novos negócios. “Esse interesse das construtoras nos motivou a criar, na Regional, uma diretoria voltada especificamente para Investimentos e Incorporações”, destacou.
Benvenutti também chamou atenção para a escassez de mão de obra qualificada, apontada como um dos principais gargalos do setor. Em parceria com o Senai-SP, a entidade formou, no início de dezembro, mais uma turma do curso de especialização em Mestre de Obras, com 27 alunos, na Escola Senai Roberto Mange, em Campinas. Com isso, a Regional superou a marca de 550 profissionais diplomados nessa especialização.
PIB da construção e indicadores
De acordo com estimativas do FGV Ibre, com base em dados do IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB) da construção deve encerrar 2025 com crescimento de 1,8%, confirmando a perda de ritmo em relação a 2024. Para Ana Maria Castelo, o setor apresentou desaceleração e queda na confiança. “A construção diminuiu o ritmo e a percepção dos negócios ficou mais pessimista”, avaliou.
Entre os indicadores de atividade, o consumo de cimento avançou 3,6% no acumulado do ano até outubro. No mesmo período, a indústria e o comércio de materiais de construção registraram retrações de 0,7% e 0,1%, respectivamente. Do total produzido pela indústria de materiais, 47% têm como destino direto as famílias.
Mercado de trabalho
Mesmo com o cenário mais cauteloso, o mercado de trabalho da construção manteve saldo positivo. Nos últimos 12 meses até outubro, o emprego formal no setor cresceu 2,84%. A escassez de mão de obra qualificada e a demanda insuficiente seguem entre os principais entraves relatados pelas empresas. Até outubro, a construção empregava mais de 3 milhões de trabalhadores no Brasil, sendo cerca de 365 mil no estado de São Paulo.
Crédito habitacional
O crédito imobiliário, especialmente para a classe média, apresentou forte retração em 2025. Dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) indicam queda de 48,9% nas contratações para construção e de 7,4% para aquisição de imóveis com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), na comparação dos dez primeiros meses de 2025 com igual período de 2024. No total, a redução foi de 21,4%.
Perspectivas para 2026
Para 2026, o FGV Ibre projeta crescimento de 2,7% do PIB da construção em um cenário-base. Segundo Ana Castelo, o desempenho dependerá de fatores como o cenário eleitoral, a conjuntura geopolítica e o ritmo da economia interna. Juros ainda elevados, situação fiscal e menor dinamismo econômico podem limitar investimentos e contratações.
Por outro lado, a expectativa de queda gradual dos juros, o aumento dos gastos estaduais com obras, novas intervenções do programa Minha Casa, Minha Vida, o novo modelo de financiamento habitacional, o ciclo de investimentos em infraestrutura e o Programa Reforma Casa Brasil são apontados como vetores capazes de impulsionar a atividade ao longo do próximo ano.
O SindusCon-SP é a maior associação de empresas da indústria da construção da América Latina, congregando cerca de 300 construtoras associadas e representando aproximadamente 50 mil empresas no estado de São Paulo. A construção civil responde por 3,6% do PIB brasileiro e a construção paulista representa 27,6% do total nacional.
Foto: diretor do SindusCon-SP Regional Campinas, Marcio Benvenutti.
Crédito: Roncon & Graça Comunicações
