A HORA DA VERDADE NA POLÍTICA ECONÔMICA

A HORA DA VERDADE NA POLÍTICA ECONÔMICA

09 de novembro de 2014.
Artigo de Marcos Nogueira Simões.
Com
a poeira assentando e os ânimos já acalmados do futebol político que caracterizou
a campanha presidencial, é imperativo para a estabilidade do país que a
presidente reeleita manifeste a direção de suas próximas decisões e nomeie os
líderes na área econômica o mais rápido possível, ao mesmo tempo em que limpa
os destroços de uma das mais agressivas campanhas eleitorais da história
recente do Brasil.
A
ausência de um debate propositivo e detalhado sobre os rumos da economia durante
as campanhas deixou órfãos agentes importantes de mercado que seriam os
responsáveis pela tão desejada recuperação do crescimento econômico. A
presidente terá necessariamente que escolher entre dois aspectos: o pragmatismo
econômico ou a retórica da continuidade de um modelo econômico esgotado.
Torcemos para que seja escolhido o pragmatismo, apesar de reconhecermos a
grande dificuldade pessoal e política que a presidente e seus articuladores terão
para lidar com as consequências de um país dividido política e economicamente.
O
pragmatismo determinaria reformas que certamente os dois lados da disputa sempre
reconheceram nos bastidores da corrida presidencial: uma aproximação do governo
federal com a comunidade empresarial brasileira, a volta do diálogo com
mercados e investidores internacionais, o controle fiscal e a transparência
contábil das contas da União, a credibilidade no discurso do controle de
inflação e uma ampla política de fomento a investimentos privados estruturantes
para a retomada do crescimento econômico.
Na
ausência de um pronunciamento firme sobre a equipe econômica, restam por
enquanto os ecos da retórica da continuidade de políticas equivocadas e um
discurso que busca sustentar a atual estagnação econômica no falso álibi da
situação da economia internacional. A retórica aponta ainda para o baixo nível
de emprego da população economicamente ativa (apesar de um desemprego
artificialmente baixo), o descontrole fiscal, os malabarismos contábeis e, finalmente,
o avanço inflacionário.
Metade
dos brasileiros deu mais um voto de confiança ao governo federal, o que deve
ser acolhido com grande responsabilidade e senso de urgência.  As decisões econômicas para um próximo mandato
são urgentes e devem apontar para a união e o pragmatismo econômico e devem ser
implementadas imediatamente, mesmo que isso seja um remédio amargo contra o
populismo e a retórica ideológica do partido vencedor. 
A
economia não costuma aceitar desaforos por muito tempo e sempre apresenta mais
cedo ou mais tarde as conseqüências das boas ou más políticas. Vale ainda
lembrar que até mesmo os pilares e promessas de campanha sustentados na
manutenção de programas sociais e no baixo nível de desemprego dependem fundamentalmente
dessas decisões.
Teremos
todos agora a oportunidade de finalmente avaliar o que significa a estratégia
da “continuidade com mudança” na área econômica preconizada pela presidente
eleita e pelo PT ao longo da campanha presidencial.
*Sócio-diretor
da Jequitibá Investimentos, assessoria financeira especializada em fusões,
aquisições e consultoria empresarial – [email protected]

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