A UM PASSO DO COMEÇO

O anúncio
de que o piso salarial dos professores da educação
básica terá um reajuste de 13,01% chegou a gerar certa estranheza
aos olhos daqueles que sempre desaprovaram a forma com que o governo brasileiro
trata o principal profissional do país. Grupo de céticos do qual faço parte. O
acréscimo é considerado muito bom se considerado que a inflação tem ficado em
torno de 6%. Trata-se de um aumento real para os educadores do Brasil. Mas, de
alegre, a mesma notícia pode se tornar triste em apenas algumas linhas. O salto
será dos atuais, acredite, R$ 1.697 para R$ 1.917,78. Pouco e atrasado para um
país que diz querer ser o um dos maiores do mundo.

A partir
de agora, nenhum docente da rede pública do País, do ensino infantil ao médio,
com jornada de 40 horas semanais, poderá ter remuneração abaixo desse valor. O
percentual do aumento foi divulgado pelo próprio Ministério da Educação (MEC). No
ano passado, o reajuste foi de apenas 8,34%, deixando o profissional, que é a base
para todas as outras profissões, com uma das tarefas mais desvalorizadas. E
tudo isso sem falar das inúmeras perdas morais, estruturais e de autonomia que
este profissional enfrenta no cotidiano. Atitudes como essas justificam a pífia
posição que o Brasil sempre ocupou em rankings de educação. Em um dos mais
recentes, realizado pela
OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o país
despontou na 35ª posição entre 36 avaliados, ficando à frente apenas do México.

Reavaliar
o salário é o primeiro passo de milhares que o Brasil ainda precisa dar para
iniciar um projeto de crescimento verdadeiro, sólido e estável. Se
considerarmos que só agora o professor passa a ter um salário que chega perto
dos R$2 mil, devemos então concluir que ainda não demos esse primeiro passo,
apenas nos levantamos da cadeira. O caminho ainda é muito longo. Estamos a um
passo do começo.

Vieira
Junior – jornalista, pós-graduando em Administração de Empresas pela Fundação
Getúlio Vargas (IBE-FGV)