ALGUÉM PENSA EM NÓS?

COLUNA DO CONSULTOR DE EMPRESAS JORGE CARLOS BAHIA

Há muito tempo estamos vivenciando e falando em crise econômica e financeira. São pelo menos três anos em que os índices econômicos não trazem qualquer notícia positiva. Em alguns setores específicos há, de vez em quando, uma perspectiva de melhora, mas falta a ela sustentabilidade.jorge-bahia-nova-2_dsc0021

Durante este período convivemos com aumento do desemprego, alta da inflação, queda do PIB, perda do grau de investimento associado ao rebaixamento da nota e selo de bom
pagador por agências internacionais, queda da produção industrial bem como nos setores de comércio e serviços.

Alimentando esse cenário caótico tivemos um processo de impeachment da Presidente da República abastecido por inúmeras notícias de corrupção e falcatruas envolvendo importantes empresas, empresários e políticos. Além de parecer ficção, o processo é longo e vem se desenrolando lentamente, o que o faz perder credibilidade e confiança.

Após mais de dez meses de tramitação, o impedimento da Presidente foi votado. Em consequência de todo esse cenário e seguidos meses de redução do nível de emprego – totalizando mais de onze milhões de desempregados – temos recorde de pedidos de recuperação judicial de empresas, junto ao PIB de 2016 com  perspectivas de ser o segundo pior em termos de desempenho no mundo com redução de 3,5%.

Imaginamos, nessa conjuntura, o trabalhador que perdeu seu emprego, tem obrigações a cumprir, torce por uma nova oportunidade, busca alternativas  de sobrevivência e fica  durante dez meses recheado de notícias falando sobre impeachment, suas audiências, idas e vindas, defesas e acusações, ritos e datas. Imaginamos, também, em prazo bem maior do que dez meses, esse mesmo trabalhador tendo uma avalanche de informações sobre corrupção e falcatruas envolvendo setores privado e público, isso tudo acarretando que empresas líderes de mercado tenham problemas com projetos, obras e contratos, reduzindo investimentos, que consequentemente impactam em fornecedores e subfornecedores.

Pensamos, também, nos empresários que através de grandes esforços estão lutando para manter as atividades em andamento, reduzindo custos, cortando investimentos, fazendo o possível para segurar sua força de trabalho, e da mesma forma estão envolvidos nesse turbilhão de informações políticas, econômicas e imorais.

Dá mesma maneira temos os investidores que canalizaram recursos em determinada atividade ou que pretendem direcionar esse investimento, mas a retrospectiva de equilíbrio econômico e financeiro bem como de sustentabilidade operacional não é das melhores, dai, muitas vezes, esse direcionamento de recursos acaba indo para outros países.

Tivemos um bom exemplo do que somos capazes – todos nós brasileiros – com o evento das olimpíadas, quando a desconfiança do que seria possível fazermos estava estampada no rosto de muitos. O País em crise, Lava Jato em andamento, Zika sobrevoando a nação, crise financeira nos estados, ciclovia caindo, instalações da vila olímpica sem condições de uso, boatos de ameaças terroristas… E, de repente, para a surpresa de todos, o mundo reconheceu que somos capazes e nos elogiou, e nós mesmos concluímos, mais uma vez, que somos capazes.

Agora, com mais essa confirmação do que podemos realizar, que o mundo viu que mesmo com essas situações desfavoráveis todas, quando queremos fazer o melhor, nós fazemos, seria importante olharmos para dentro de casa. Olharmos para políticas urgentes voltadas a alavancar a economia, trazendo perspectivas aos desempregados e aos empresários de todas as alas do mercado. Políticas urgentes que demonstrem ao País que alguém pensa em nós,  e que não podemos, jamais, perder as esperanças.

 

 

Jorge Carlos Bahia, bacharel em administração de empresas, contador, consultor de empresas, palestrante, professor em cursos profissionalizantes, sócio proprietário do Grupo Bahia Associados,  com experiência profissional de mais de 20 anos em empresas multinacionais atuando na área fiscal,  tributária, contábil e controladoria.

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