Panorama de Negócios
ARTIGO DE FERNANDO NEKRYCZ
Enquanto escrevo este texto, o Brasil já teve mais de 1.900 casos confirmados e 34 mortes confirmadas devido à pandemia do coronavírus, doença que começou na China e, em pouco mais de dois meses, rapidamente se espalhou em todos os continentes. Mais de 340 mil pessoas pelo mundo estão com a doença, e o número de mortes ultrapassa 14,5 mil, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). O cenário é de crise, não há dúvidas, mas, apesar do caos mundial, o momento pede calma para extrair lições e oportunidades futuras. 
Como judeu e neto de sobreviventes do Holocausto, utilizo meus antepassados como exemplo para lidar com a grave crise que se instaurou devido à pandemia da Covid-19. Estar dentro de casa, com aqueles que amamos, está longe de ser o sacrifício pelo qual meus avós e tantos outros passaram. Durante a perseguição nazista, estar recluso na própria casa não era garantia de sobrevivência. A guerra levou tudo dos meus avós: oportunidade, estudos, trabalho, dinheiro, casa e, principalmente, família. Mas não conseguiu acabar com uma coisa: a esperança de um futuro melhor.
O exemplo da minha família, que enfrentou uma situação bem pior do que a que estamos vivendo atualmente, serve para acreditar firmemente que sempre nos restará a esperança. Por meio dela, com dedicação, planejamento e calma, é possível superar todas as adversidades – ainda que a maioria de nós não tenha passado por isso em algum momento da vida. E que as lições dessa crise serão aprendidas e utilizadas para o aproveitamento de oportunidades futuras.
Aquele que pode tomar o risco deve se arriscar pelo próximo, mas quem não pode, por favor, fique em casa. É uma recomendação que deve ser seguida pelas empresas. Não peça a seu funcionário que pegue transporte público para trabalhar. Devemos levar em consideração aqueles que os amam e devemos proteger suas famílias e comunidades – assim como protegemos as nossas. Hoje, com o avanço da tecnologia, é possível desempenhar a mesma função de casa e sem perder a produtividade.
Em relação ao mercado imobiliário, não tenho a pretensão de ser o guru que vai cravar o que deve ser feito em um momento como este. Mas posso afirmar que não é a hora adequada de marcar visitas fotográficas, assinatura de escrituras e outras atividades para não expor você, seus clientes e seus corretores ao risco de contaminação. Não é o momento de captar imóveis de forma ativa e direta. Devemos respeitar o sentimento de todos, mesmo que isso possa impactar no nosso negócio.
Isso não significa que o relacionamento entre cliente e corretor está totalmente interrompido. Hoje, com as plataformas de intermediação imobiliárias, é possível manter o contato de forma remota, com ferramentas disponíveis na internet e sem sair de casa. Assim, quando este momento de crise passar, o relacionamento estará melhor do que antes, com ótimos negócios para todos. Portanto, devemos seguir fortes e esperançosos. Um futuro de boas oportunidades virá.
Fernando Nekrycz é CEO da Xaza, plataforma de intermediação imobiliária que facilita a compra e venda de imóveis exclusivos – [email protected]
