ARTIGO – COMO ALAVANCAR A INDÚSTRIA DE SOFTWARE NO BRASIL?

Virgílio Almeida* e Rafael
Moreira**

O empreendedorismo em Tecnologia da Informação (TI) tornou-se um
componente essencial das modernas economias globais, um catalisador do
desenvolvimento econômico e social. Dada a importância crescente do software em
todos os segmentos da economia e da sociedade, temos então pela frente um
desafio estratégico:  a indústria de
software no Brasil está
preparada para ascender nesse movimento e posicionar o país como um ator
global, contribuindo como um dos eixos estruturantes do desenvolvimento
sustentável?

Se observarmos
alguns índices do atual momento da
indústria nacional de software, verificamos um contínuo crescimento de
mercado e oportunidades. Somos o maior
mercado de software da América Latina e estamos entre os dez maiores do mundo. Esse
mercado cresce 8% ao ano, totalizando US$ 19 bilhões em 2011, e absorve 600 mil
pessoas, sendo 80% assalariadas. Porém, apesar do crescimento, a indústria
nacional de software é caracterizada pela pulverização de
competências; carência de recursos humanos especializados e de nível técnico;
baixa densidade tecnológica e falta de identidade e imagem no mercado global. Hoje
somente 21% do mercado brasileiro são abastecidos por software desenvolvido no
país.

Como então fortalecer a indústria nacional de software, tornando-a mais
inovadora, com mais negócios intensivos em conhecimento, capaz de promover o
desenvolvimento sustentável do país? Como criar um instrumento inclusivo, que
ofereça oportunidades para todas as empresas desenvolvedoras instaladas no
território nacional, de uma forma mais agregadora, econômica e socialmente?

Entre as soluções está o uso do poder de compra do
governo para estimular a ampliação da base tecnológica nacional e da capacidade
de uso dessa base para tomada decisões; para aumentar o potencial inovador das
empresas, criando sinergias entre a cultura da empresa, seus processos internos
e de sua interação com o ambiente externo e para a promoção do desenvolvimento
de negócios onde o conhecimento não é apenas o fator-chave de produção, mas
também o principal aspecto do bem comercializado.

Para identificar software resultante de desenvolvimento tecnológico e
inovação realizados no País, o Governo Federal, por meio do Ministério da
Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), lançou em agosto último, como parte do
Programa TI Maior, a CERTICs, uma
certificação que identifica, credencia e diferencia software e seus serviços
associados. Essa certificação será
usada para subsidiar a introdução de
margem de preferência nas compras governamentais a detentores de tecnologia
desenvolvida no País.

Destinada a certificar produtos de software e serviços associados, desenvolvidos
por empresas instaladas em território nacional, a certificação é voluntária e
serve de instrumento às empresas que buscam qualificação em compras públicas e
diferenciação no mercado, pois aquelas que forem certificadas terão preferência
nos processos licitatórios.

Acreditamos que a CERTICS
contribui para posicionar o Brasil como um dos protagonistas globais no setor
de tecnologia da informação, atraindo investimentos, criando tecnologias a
partir do Brasil, capacitando recursos humanos, atraindo pessoal qualificado
para o país, e fortalecendo a pesquisa, o desenvolvimento e a inovação em setor
tão dinâmico e estratégico da economia.

A avaliação de
produtos de software e serviços associados para a obtenção da CERTICS será
coordenada pelo Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI) – unidade do MCTI localizada
em Campinas/SP – utilizando-se de uma
rede de avaliadores e entidades a serem credenciados. Até hoje, dia 12
de dezembro, a metodologia de avaliação CERTICS estará em consulta pública para
a recepção de contribuições e sugestões.

Além dos benefícios às empresas desenvolvedoras de software e seus
serviços associados, a CERTICS também trará benefícios para compradores e
formuladores de políticas públicas. Para compradoras, a CERTICS oferece mais
segurança na aquisição de softwares; uma visão global da capacidade de
fornecimento da empresa desenvolvedora de software e serviços associados
(fornecedores); e identificação de software e seus serviços associados. E, para
os formuladores de políticas públicas, oferece mecanismos para implementação
estruturada de instrumento da lei, contribuindo para o desenvolvimento
sustentável; e subsídio à elaboração de outros instrumentos para políticas
públicas.

*Secretário
de Política de Informática do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
(MCTI)  **Coordenador-geral de Software e
Serviços de TI do MCTI

www.mcti.gov.br

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