ARTIGO – MUITO ALÉM DE UMA ÓTIMA IDEIA

* Tiago Aguirre

A característica empreendedora do
brasileiro é extraordinária. Em levantamento do Sebrae de outubro de 2011, no
Brasil são criados anualmente 1,2 milhões de novos empreendimentos formais,
sendo 99% deles micro e pequenas empresas e empreendedores individuais. A atual
taxa de sobrevivência melhorou nos últimos anos, alcançando 73% de
sobrevivência nos dois primeiros anos, mas apenas 38% de sobrevivência em cinco
anos.

Em diversos estudos, no Brasil e
exterior, a principal causa de falha nos negócios está relacionada à
inexperiência do empreendedor.

O processo de geração de ideias é
relativamente simples, mas precisa de alguns cuidados. Edwin Land, criador da
Polaroid, diz que “não é que não precisemos de novas ideias, mas precisamos
parar de ter ideias velhas”. Steven Johnson, estudioso do processo de criação
de ideias, conceitua que estas surgem de colisões de palpites, e que o ambiente
é fator determinante para viabilizar estas colisões. Por exemplo: a primeira
empresa que embala bagagens em aeroportos surgiu da conversa de dois amigos que
tiveram suas malas violadas. Foi uma colisão entre ambiente, necessidade e
palpites. Nosso nível de conectividade interpessoal hoje é um ambiente
extraordinário para colisão de palpites e geração de novas ideias. O desafio é
aprender a utilizar este ambiente de conectividade para qualificar nossas
ideias.

Porém, a dinâmica do mundo dos negócios
exige do empreendedor mais que uma ótima ideia, mas uma grande capacidade de
organização de processos e gerenciamento de recursos e principalmente,
gerenciamento de talentos.

Então, para preparar o empreendedor com
as competências e habilidades necessárias para o mercado, a educação é um
aspecto chave.

O sucesso de uma empresa começa na
definição dos valores (ou princípios) que convenciona como ela irá se
relacionar com o mercado e colaboradores. Os valores criam a sinergia
necessária na equipe para alcançar os objetivos do negócio.

Definidos os valores e objetivos, é
necessário organizar os processos de negócio para viabilizar a execução das
atividades com os recursos disponíveis, assim como viabilizar o crescimento de
forma sustentável. E não é possível falar em processos sem pensar em gestão de
talentos. As empresas nada mais são do que as pessoas que lá trabalham. Quando
somos mal atendidos em uma empresa ou central de atendimento, somos mal
atendidos por pessoas. Por pessoas que, ou não foram bem preparadas para
exercer a função quanto às competências e habilidades técnicas, ou quanto ao
entendimento dos princípios e objetivos do negócio. É difícil imaginar que
somos mal atendidos por pessoas instruídas a atender mal seus clientes, uma vez
que são os clientes que pagam a conta. Apenas um monopólio sobrevive desta
forma.

O entendimento dos valores, processos,
técnicas e importância de um bom atendimento, dependem de educação. É
necessário entender dos métodos e processos educacionais que as pessoas que
fazem parte de uma empresa foram submetidas.

Não é por acaso que apenas 38% das
empresas superam os cinco anos de vida. “Quebrar” uma empresa que está
crescendo é comum quando não existem processos e lideranças capacitadas para
organizar um ciclo de crescimento.

No processo contínuo de qualificação do
líder e empreendedor para potencializar a superação dos cinco anos de vida,
alguns fatores que considero fundamentais: relacionamento com outros
empreendedores, para troca de experiências e potencialização de parcerias e
construção de novos negócios; participação em feiras, palestras e congressos,
para reciclagem de conceitos e conhecimentos. Um amigo empreendedor, altamente
engajado no seu negócio e em atividades empresariais, sempre comenta: “quem não
é visto não é lembrado!”. O desafio para manutenção deste processo:
gerenciamento do tempo e prioridades.

Existem várias instituições que
trabalham para fomentar relacionamento e qualificação de empreendedores, seja
através de cursos, palestras, encontros ou eventos sociais. Podemos citar em
Campinas o Sebrae, o Ciesp, a Acic, a Amcham e o Gênese, entre outras
instituições, que trabalham com públicos e formatos diferentes, mas com ótimas
oportunidades para quem quer se dedicar e se preparar para o processo
empreendedor.

Manter a motivação depende de uma boa
causa. O empreendedor é diariamente desafiado a manter o entusiasmo e se
preparar para as mudanças do mercado. O processo não é simples, mas os
resultados são extremamente gratificantes.

* Tiago Aguirre é presidente do Grupo de
Estudos e Negócios dos Setores Empresariais (Gênese), empresário e professor de
Empreendedorismo da Puccamp. E-mail: [email protected]
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