ARTIGO – O DESPERTAR DO GIGANTE NA GESTÃO EMPRESARIAL

             
         
Antoninho Marmo Trevisan *

Neste momento em que a sociedade
brasileira manifesta-se em favor da solução de numerosos problemas persistentes
no País, é importante ampliar essa reflexão para o contexto da gestão
empresarial. É prudente que cada sócio, proprietário ou executivo de empresas —
pequenas, médias e grandes — questione se tudo está tecnicamente correto na
administração.  Tal atitude é pertinente, pois a literatura sobre o tema e
a experiência prática indicam a obtenção de melhores resultados, inclusive
quanto à sobrevivência às intempéries, por parte das organizações mais
avançadas quanto à gestão. Foi assim em 2008 e 2009, na eclosão do crash
mundial, e a tendência mantém-se.

Independentemente das turbulências do
mercado, que parecem ser intermitentes no contexto da globalização, a boa
administração começa pela saúde financeira, em quaisquer tempos e conjunturas.
Quem ignora esse pressuposto, passa, obrigatoriamente, a ser um gestor de
riscos e não de negócios, invertendo-se a prioridade e o foco de toda empresa.
Sim, estamos reiterando o óbvio: o ponto de equilíbrio das organizações começa
na eficiência contábil.

É muito importante, portanto, observar
os cinco elementos essenciais do bom desempenho empresarial: controle; caixa;
custos; processo; e risco. São esses pontos que indicam os itens e requisitos
dos quais não se pode prescindir. É imperioso controlar tudo o que acontece na
organização, administrar o caixa de modo atento e responsável, ter foco no
negócio e definir quem tomará as decisões estratégicas e decisivas. Isso é
gestão! Do mesmo modo, é indispensável baratear e tornar mais eficientes os
processos, além de minimizar os riscos. A boa administração é aquela que
concilia eficácia do negócio e a contabilidade segura da empresa!

Jamais se deve abrir mão dessas premissas,
mesmo que para isso seja necessário investir em profissionais e consultorias
que ajudem as empresas a serem mais rentáveis, longevas e alinhadas ao mais
contemporâneo conceito de sustentabilidade, que deve contemplar os fatores
econômicos e as exigências de atitudes corretas sob o ponto de vista social,
ambiental e político.

É fundamental entender a gestão eficaz
dos custos empresariais como cultura das organizações. O mundo expande suas
fronteiras, e a abertura comercial só encontra sustentabilidade naquelas
empresas que entendem a racionalização das despesas como um importante
diferencial de competitividade.

Muitas vezes, porém, os principais
custos não são percebidos pela alta administração. Resultam, por exemplo, da
superposição de tarefas e despesas ou retrabalhos provocados pela baixa
capacitação dos profissionais envolvidos. Outras vezes, decorrem de falhas na
comunicação interna.

Por isso, é necessário perguntar
sempre: quais os objetivos a serem alcançados? O time relaciona-se horizontalmente?
O movimento dos concorrentes é acompanhado? Os tributos estão corretamente
planejados? As questões de ordem ambiental são gerenciadas de maneira
apropriada? Os canais com órgãos públicos são mantidos de modo aberto e
transparente? As relações com os sindicatos são gerenciadas? Os balanços podem
ser comparados e vistos por acionistas no mundo inteiro?

Esses são alguns fatores geradores de
custos que nem sempre aparecem, podendo levar muitas empresas ao fechamento,
sem que se saiba o porquê. Portanto, não basta controlar os gastos com
matérias-primas, mão de obra e custeio. Os ralos invisíveis do dinheiro são os
causados pela gestão inadequada e até mesmo inexistente das despesas,
consumindo a energia das empresas, levando-as ao endividamento precoce e inútil
e corroendo o seu valor. Por isso, os dirigentes devem estar sempre atentos a
essas questões. 

O momento é de análise, avaliação e
crítica no País e em todas as suas organizações. Devemos aproveitar o despertar
do gigante
para pensar em tudo! Ah, sim, sempre repudiando a violência, os
saques e as badernas, que prejudicam a reflexão e roubam a legitimidade do
clamor da sociedade. Mas essa é outra história…

 

*Antoninho Marmo Trevisan é o presidente da Trevisan Escola de
Negócios, membro do Conselho Superior do MBC (Movimento Brasil
Competitivo)
 e do CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social
da Presidência da República).

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