ARTIGO – REVITALIZAR É BOM PARA TODOS

Rodrigo
Coelho de Souza *
Revitalizar os centros urbanos é uma tendência que
se verifica mundo a fora. Resgatar os prédios históricos, o patrimônio histórico-cultural
e espaços públicos, proporcionando condições adequadas para que a população
volte a morar, trabalhar e ter opções de lazer nos centros das cidades é o
grande desafio das metrópoles.
Em Campinas não é diferente. Basta percorrer as ruas
desde a região da antiga estação ferroviária, passando pela antiga Rodoviária e
chegando até a Catedral para obsevar o descaso com nossa história e a depauperação
da área central, onde proliferam prostíbulos e “bocas de fumo”.
As administrações públicas que se sucederam há mais
de meio século, simplesmente fecharam os olhos à degradação do centro da
cidade. A nova administração tem a grande chance de mudar esta triste história.
Após seis anos da transferência da Rodoviária de Campinas, o local segue abandonado
e sem projetos para sua recuperação.
A diretoria da Rede Imobiliária Campinas tem se
posicionado pela necessidade de um projeto de revitalização, que contemple
alguns aspectos que julgamos importantes para que tenha sucesso. Avaliamos que
isso passa por um incentivo tributário, como por exemplo, a diminuição no valor
do IPTU para aqueles que revitalizarem seus imóveis, para incorporadores que
desejem empreender e para comerciantes que queiram se instalar nestas regiões.
Para que o centro se torne atrativo, além da
revitalização de prédios é de suma importância criar facilidade de mobilidade
para os cidadãos, através de transporte público de qualidade e sobretudo, garantir
a segurança da população. Desta forma, novos empreendimentos residenciais e
corporativos poderão surgir na área central, recuperando assim a história e a
cultura de nossa cidade.
Na questão da mobilidade, grandes metrópoles têm
apresentado soluções integradas, tais como metrô, ônibus, trens
intermunicipais, garagens subterrâneas e incentivo à ciclovias. São ações que
criam estímulos para resgatar a qualidade de vida das pessoas que escolhem o
centro, seja para trabalhar ou para morar.
Entendemos que um projeto de revitalização dessa
envergadura não ocorre da noite para o dia, porém é preciso dar o primeiro
passo. O poder público, sem dúvida, não conseguirá realizar esta transformação  sozinho. É preciso o engajamento da população
e o estímulo às parcerias público-privadas. É necessário ouvir a população que
ainda mora nessas áreas degradadas e entender o que pode ser feito para desencadear
um movimento inverso e positivo de recuperação da área central, sem, contudo,
excluir ou elitizar as regiões a serem recuperadas.
Como profissionais atuantes no segmento imobiliário,
entendemos que paralelo a esse projeto de revitalização, é urgente a revisão da
legislação sobre o uso e ocupação de solo de Campinas. Temos uma legislação retrógrada
e defasada, que não se coaduna com a realidade dos habitantes de uma cidade do
século 21.
Concomitante à revitalização do centro urge uma revisão
geral da Lei de Ocupação do Solo Urbano, em paralelo com a Lei dos zoneamentos.
Na prática existem bairros que de fato são comerciais, porém de direito
residenciais. É certo que a Prefeitura e a Câmara Municipal têm sugerido
algumas adequações pontuais no zoneamento de Campinas, mas avaliamos que isso
não basta. A cidade necessita de uma revisão geral em seu Plano Diretor.
Uma nova legislação para o uso e ocupação do solo de
Campinas representaria um passo importante, para um crescimento ordenado da
cidade e por certo, contribuiria para o desenvolvimento mais harmônico,
evitando-se essas distorções urbanas, que dilapidam os espaços públicos e
afugentam a população da área central da cidade. A reforma legislativa é fundamental
para uma efetiva revitalização urbana e o renascimento de um centro que já foi
sinônimo de modernidade e pujança social.
*Rodrigo Coelho de
Souza é presidente da Rede Imobiliária Campinas. E-mail: [email protected].

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