CLIMA DE DESESPERANÇA COM RELAÇÃO A ECONOMIA BRASILEIRA FORÇA EMPRESÁRIO A PROMOVER AJUSTES NA REGIÃO DE CAMPINAS

O Centro das Indústrias do Estado de São
Paulo (Ciesp) regional Campinas divulgou nesta terça-feira (23/07) os índices e
o comportamento da indústria na Região Metropolitana de Campinas (RMC) no mês
de junho. A sondagem industrial é elaborada pelo Centro de Pesquisas Econômicas
Aplicadas da Facamp (Faculdades de Campinas). 
A sondagem industrial constatou que a variação do volume da produção em
junho de 2013 teve o pior desempenho desde janeiro de 2013, no qual 48,6% dos
respondentes declararam que sua produção diminuiu, ante 32,0% do mês anterior.
Apenas 17,1% assinalaram que houve aumento da produção, menor resultado desde
fevereiro, quando 18,5% havia assinalado a mesma condição.

O número de funcionários também
apresentou uma piora significativa, uma vez que 40,0% das empresas assinalaram
que houve redução no seu quadro de funcionários no mês de junho, enquanto que,
repetindo junho de 2012, 11,4% declararam aumento. É o pior resultado deste
indicador para o mês de junho, desde o início da pesquisa. Segundo dados do
Ciesp Campinas em junho foram fechados 1.900 postos de trabalho na indústria
regional.

O planejamento dos investimentos teve o seu pior resultado
desde fevereiro de 2009, com 51,4% das empresas consultadas declarando que não
irão investir e o restante, 48,6%, que irá manter o investimento
planejado.  Assim, pode-se concluir que
houve uma alteração com relação às expectativas das empresas da região de
Campinas quanto ao futuro. A pesquisa do mês de junho aponta para uma piora nas
condições futuras de crescimento da produção, uma vez que um número expressivo
de respondentes afirmou que não pretende investir nos próximos meses.

Na avaliação do diretor titular do Ciesp
Campinas, José Nunes Filho os resultados indicam que o clima que predomina
entre os empresários é de desesperança. “O que aconteceu esse mês é um reflexo
do que está acontecendo com o comércio. 
Aqueles estímulos que o governo 
estava dando para o consumo e que nós criticamos desde o início porque
eram inflacionários esse mês o comércio já sentiu que aquilo se esgotou. Caíram
as vendas do comércio, aumentou a inadimplência e o industrial percebe isso,
então ele sabe que o mês que vem vai vender menos, então ele já faz adequações
e isso resultou nessas demissões.  Nós
temos que incentivar a produção e não o consumo,pois se você incentiva o
consumo  e não incentiva a produção, você
não vai ter venda e não vai ter produto”, diz.

Na avaliação de José Nunes  Filho o industrial está desesperançado com o
gasto público completamente  desenfreado
que está ocorrendo no país sem nenhum controle 
e sem qualquer investimento  em
educação, saúde e infraestrutura. “Nós estamos falando praticamente de
investimento zero. Ou o Brasil faz uma política fiscal transparente e rígida
diminuindo os gastos públicos ineficientes, diminua a corrupção e o dinheiro
que é arrecadado de impostos seja usado de volta em benefício do povo ou não
tem saída para esse país”, desabafa.

José Nunes Filho acredita que o governo
pode tomar medidas para reverter esse quadro que só depende dele. Nunes Filho
destaca a necessidade de que as medidas fiscais devem ter um superávit fiscal
real e transparente. “Não do jeito que ele é maquiado, antecipando dividendos
de estatais e de bancos públicos para mascarar o superávit fiscal. Que ele
realmente faça uma diminuição nas despesas do Estado. Isso o governo pode fazer
baixar o gasto público porque a economia brasileira é baseada em três pilares e
que sustentam a economia que são: superávit primário, que é a política fiscal;
o controle da inflação, que são as metas inflacionárias e que o governo não stá
segurando e está acima do limite superior da meta. O centro seria 4,5% e ela
está em 6,75% ao ano e a política cambial flutuante”, destacou.

Para José Nunes Filho não foi feita a
política fiscal, pois o governo gasta mais do que arrecada e gasta mal. Para
complicar ainda mais a situação o governo incentivou o consumo ao invés da
produção e gerou a inflação. Já o terceiro pilar , que é o câmbio flutuante,
Nunes destacou que com o crescimento da economia americana o Real desvalorizou.
“analisando esse quadro nós estamos com os três índices econômicos ruins e
negativos, então os três pilares que sustentam essa estabilidade da economia
estão rompidos”, disse.

Na avaliação do coordenador adjunto de
departamento de economia da Facamp, professor José Augusto Ruas, o empresário
ficou sem saber qual seria o direcionamento político que se daria para os
eventos verificados envolvendo as manifestações populares que estão ocorrendo
no Brasil. “Somado a essas transformações você tem a flutuação cambial no país
que mexe com as expectativas, então somada a incerteza política com essas
mudanças nesse cenário nós temos um empresário que não sabe exatamente o que
vai acontecer no futuro. Isso se refletiu pesadamente na sua avaliação da
produção, da geração de emprego e especialmente na questão do investimento
planejado para o futuro” , avaliou.

O professor e economista José Augusto
Ruas, disse que a visão otimista dos empresários no início do ano de que a
economia brasileira tendia a crescer em 2013 mudou e hoje não se realizará. “Essa
última sondagem aparecem até dados positivos, como estabilidade de vendas,
estabilidade nos estoques e estabilidade na lucratividade. Não chegou até o
empresário ainda uma queda mais pesada, mas eu acho que ele já está se
preparando para um cenário pior do que ele previa antes. Por conta disso, já
reduziu a produção, já demitiu e já esgotou os investimentos. Na verdade
reduziu ou decidiu não investir no próximo semestre. Isso é o que se pode
acarretar na verdade uma grande perda”, concluiu.

A situação de outros indicadores como vendas, lucratividade,
estoques e capacidade produtiva utilizada, por terem apresentado um desempenho
relativamente bom, não oferece elementos concretos para definir uma piora real
na estrutura produtiva industrial na região de Campinas nesse último mês. No
entanto, apesar da permanência de bons resultados, é fundamental que o
indicador de investimentos volte rapidamente a apresentar uma perspectiva
positiva para a indústria da região. Para tanto, a reversão do ciclo de aumento
da taxa de juros básica (Selic) é importante, bem como a viabilização política
da ampliação dos gastos sociais a fim de conter as manifestações sociais que
ainda ocorrem no Brasil.

Foto 1 – Coletiva do Ciesp Campinas.
Fotos 2 e 3 – Entrevista do diretor titular do Ciesp Campinas, José Nunes Filho.
Crédito: Roncon & Graça Comunicações.

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