COLUNA DA TANTAS COMUNICAÇÃO COM JULIANA FREITAS

A
política na Terra de Ninguém

Juliana Freitas

Nunca na história
desse país (como diria um dos nossos mais metafóricos políticos), as
entrevistas dos presidenciáveis no Jornal Nacional, da TV Globo, tiveram tanta
repercussão. Pessoas que nunca demonstraram interesse pela política criticaram
e elogiaram a atuação dos jornalistas Patrícia Poeta e William Bonner. O que
está acontecendo? Será que nossos eleitores estão menos apáticos? Infelizmente,
acho que não.

Claro que a dureza
com que os jornalistas levaram a entrevista virou pauta de discussões
importantes, mas, mais do que isso, transformou-se em piada e campanhas
políticas no Facebook. Segundos dados divulgados pela própria rede,
inexplicavelmente, o país que ainda enfrenta a miséria, tem mais de 60 milhões
de usuários. Oportunistas, os partidos políticos mudaram seu foco, estão
migrando dos meios tradicionais, como respeitados veículos de comunicação, para
as redes sociais, para atingir a grande massa.

E fazem isso de
maneira escancarada, através de montagens ridículas (como a da Marina Silva
sorrindo diante do caixão de Eduardo Campos) e, em algumas vezes, de maneira
sutil, através de teorias de conspiração que são jogadas na rede por anônimos
da política nacional.

Isso não seria
problema se o território digital já contasse com leis e punições precedentes. Pesquisas
confirmam que hoje 74% da decisão de compra está apoiada em recomendações que
amigos fazem pela rede. Se assim acontecer com a política, temos, realmente, um
novo cenário de campanha política.

Para mim, que já
trabalho com redes sociais no meio corporativo e no varejo, isso me parece bem
óbvio e perigoso. A terra de ninguém pode ser uma arma nas mãos de quem busca
por votos a qualquer preço. É bom ficar atento!