COLUNA DA TANTAS COMUNICAÇÃO COM VIEIRA JUNIOR

Vai ou não vai ter
copa?
Vieira Junior
A maioria de nós já se deparou com
alguma postagem nas redes sociais com a seguinte afirmação: Não vai ter Copa! O
movimento surgiu bem antes de uma dessas postagens serem compartilhadas,
curtidas ou comentadas. O cenário de
criação foi um centro acadêmico de uma universidade na zona oeste de São Paulo,
onde um grupo heterogêneo de jovens, após uma acalorada discussão a respeito
dos diretos das pessoas e dos serviços recebidos no Brasil, decidiu criar um
movimento que repudiasse a Copa do Mundo. Até aí, nenhuma novidade. A
democracia prevê que pessoas deem a sua opinião e se expressem de forma
contrária a outro pensamento de forma livre.
Contudo, o que quero
chamar a atenção neste artigo não é a respeito da ideologia do movimento, mas a
confusão de informações que ele tem gerado através das redes. Com ares de
legitimidade, o “Não vai Ter Copa” ganhou de vez as redes no início deste ano,
apesar de já estar presente nela desde o ano passado. Como uma espécie de
“mantra”, os simpáticos à ideia têm compartilhado essas informações e levado a
informação adiante, o que chega a dar a sensação de que isso realmente pode
acontecer. Comentários e mais comentários nas mais diversas páginas sobre o
tema demonstram a confusão de comunicação criada por uma informação que não tem
qualquer fundamento oficial. Muito pelo contrário, querem usar a informação
para alcançar um objetivo próprio, seja ele positivo ou negativo.
Não discuto aqui se
a Copa do Mundo é algo bom ou não para o Brasil, esse seria um tema para outro
artigo repleto de reflexões. O que quero destacar é a utilização de uma mídia
para convencer outras pessoas de que determinada informação é verdadeira, mesmo
ela não sendo. Esta espécie de “mantra da informação” tem criado uma verdadeira
“rádio peão” das mídias sociais. Como em uma empresa, o chefe diz que algo novo
vai chegar, e os funcionários que se sentem insatisfeitos ou ameaçados com
aquilo começam a espalhar através do “boca a boca” que todos serão demitidos ou
algo do tipo, até que isso gera acomodação, os resultados caem e as demissões
realmente acontecem. É a falsa informação se tornando realidade através da
repetição.
Esse modelo não é
antigo. Os autores desses movimentos copiam uma ideia que eles mesmos criticam
em alguns cartazes e posts. Quando as empresas de mídia detinham o controle
total da informação através das rádios, TVs e jornais, por exemplo, a
informação também era utilizada para convencer as pessoas de que algo seria
bom. Com a Copa do Mundo, não era diferente. As emissoras repetiam
incessantemente que o evento sempre traria algo positivo para o país, como
exposição e o “orgulho de ser brasileiro”, em caso de êxito nos jogos. Foi
assim copa de 1970. A própria música tema do mundial daquele ano, difundida
massivamente pelos veículos de comunicação da época, era uma alusão à frase
enigmática do governo militar: “Pra Frente Brasil”, dizia a canção, que não
mencionava em momento algum alguma palavra relacionada ao futebol. Todos
abraçaram a seleção de Pelé, Rivelino, Tostão e companhia.
Os antigos donos da
mídia perderam o controle. Hoje, a informação é algo fácil de ser acessada. Em
tempos de democratização das mídias através da internet, basta ter um perfil no
Facebook para lançar um boato ou ideia que você queira difundir, seja através d
e texto, áudio, vídeo ou foto. Existem centenas de livros e milhares de textos
na rede em quase todas as línguas que ensinam como ter sucesso em uma dessas campanhas.
O dono do poder mudou, mas o uso em função da opinião do interesse próprio
continua. Difícil é saber se existe alguém bem intencionado no meio dessa
enxurrada de palavras, sons e imagens. A internet rompeu com todas as
fronteiras da utilização da informação e da comunicação, mas trouxe como efeito
colateral os desastres causados por quem não tem responsabilidade ou
compromisso algum com a verdade. Vai ou não vai ter Copa? É claro que vai! E
muitos integrantes desses movimentos ainda vão se entregar à Copa, seja pela
também falsa magia criada pelas mídias tradicionais em torno do evento ou, caso
eles saiam de vez das redes e cheguem aos estádios, pela exagerada repressão da
polícia.
A Tantas Comunicação é dirigida pelos jornalistas Juliana
Freitas e Alberto Augusto e elabora estratégias de comunicação integradas
destinadas ao fortalecimento da imagem e da credibilidade das organizações
junto aos seus públicos. A Tantas Comunicação conta com uma equipe de jornalistas e designers especializada em
comunicação empresarial, o que engloba os serviços de Assessoria de Imprensa,
Publicações Customizadas, Comunicação Interna, Monitoramento de Redes Sociais e
Conteúdo Web. Saiba mais: www.tantas.com.br

Vieira Junior é assessor de comunicação da
Tantas Comunicação. É jornalista pós-graduando em Administração de Empresas
pela Fundação Getúlio Vargas.
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