COLUNA DO PROFESSOR LEANDRO GARCIA

O que é Economia
Verde e a sua verdadeira importância?
Leandro
Garcia
Muito se fala de Economia Verde, mas
poucos sabem na realidade o que é, esse conceito passa quase que deturpado na
grande maioria da população como o viés de reciclagem, sendo muito mais que
isso, como veremos a seguir.
O conceito de economia verde surgiu
na Conferencia Rio 92, baseia-se numa economia que promove a melhoria do bem
estar da população e a igualdade desta, ao mesmo tempo em que , por meio do uso
eficiente dos recursos naturais, reduz as possibilidades de escassez ecológica
e os riscos ambientais (PNUMA, 2011). Além de eficiente no uso dos recursos
naturais, a economia verde também pode ser considerada como a baixa emissão de
carbono e também contrariamente pode ser entendida como uma forma da humanidade
alcançar a sustentabilidade.
Acompanhamos nos últimos anos a crise
do sistema econômico financeiro, refletindo e acelerando outras crises, tais
como a climática, a biodiversidade, de alimentos, da água e do combustível.
Para o PNUMA (2011), ainda que sejam
as causas de tais crises, há um fator comum entre elas, qual seja o uso
inadequado do capital, como o investimento cada vez maior em combustíveis fósseis,
Termoelétricas e poucos investimentos em energias renováveis, transporte
público, eficiência energética, atividades agrícolas sustentáveis, preservação
da biodiversidade e dos ecossistemas.
A economia verde esta colocada em
linhas gerais como aquela de baixa utilização de carbono, associada a redução
da pobreza com inclusão social via acesso a renda e emprego. Isso se dará
através de investimentos públicos e privados que reduzam tanto a pobreza quanto
as emissões de carbono. Desta forma as energias renováveis contribuirão para
transformar esse paradigma econômico de baixa utilização de carbono, ou Energia
Verde.
A Economia Verde apoia-se em três
estratégias principais:
1-                  Redução
de emissão de carbono
2-                  Melhoria
na eficiência energética e no uso de recursos
3-                  Prevenção
da perda da diversidade e do serviço ecossistêmicos.
Para que essa transição de Economia
Verde se inicie, a UNEP (2011) estima que uma inversão anual de cerca de 2% do
PIB mundial, em dez  setores, denominados “chave”, a fim de combater a
pobreza, gerando um crescimento mais sustentável e verde. Esse valor
corresponde a US$ 1,3 trilhão, dividido entre os dez setores chaves conforme a
tabela 1 (segundo UNEP 2011).
Setor                              Investimento
(US$ bilhões)
Agricultura                      108
Imobiliário                       134
Energético                      360
Pesca                              110
Silvicultura                       15
Indústria                           75
Turismo                           135
Transporte                      190
Gestão de
resíduos       110
Água                                110
Podemos observar nos dados acima, o
maior investimento ligado a promoção das fontes renováveis que é o setor
energético (US$ 360 bilhões). Se considerado o setor de transporte o
imobiliário, que consistem respectivamente em investimentos em combustíveis
renováveis e eficiência energética, vê se uma relevância ainda maior das fontes
renováveis.
O próprio relatório cita dez
oportunidades que as energias renováveis podem oferecer para a criação da
Economia Verde. São elas:
1-  Maiores oportunidades
econômicas, como a criação de inúmeros empregos que segundo a REN21 (2010), já
superou os três milhões de postos em 2009;
2-  Grandes investimentos
nesse setor, que segundo a The Pew Charitable Trusts (2012), poderão chegar na
próxima década (até 2022) a casa dos US$ 2,8 trilhões;
3-  Segurança energética,
isto é, em uma realidade de crescente demanda por energia, principalmente entre
os PED, os renováveis vem no sentido de atenuar incertezas frente a oscilações
de preços e dependência de combustíveis fósseis;
4-  Redução da pobreza em
energia, uma vez que inúmeros projetos de produção de energia renovável podem
ser implementados em comunidades pobre;
5-  Difusão mundial de
novas tecnologias, já que se trata de uma indústria intensiva em P&D;
6-  Geração de menores
externalidades negativas, pois as fontes renováveis emitem menos gases nocivos
a saúde humana comparadas aos combustíveis fósseis;
7-  Contribuição
considerável na redução de emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa;
8-  Maior capacidade de
geração de empregos comparada a indústria do petróleo;
9- Redução de impostos para
essas tecnologias difundindo assim o seu consumo e produção;
10- Incentivos públicos para a
criação de centros de pesquisas próprios para a criação de indústrias nacionais
ligadas a esse setor.
Segundo estimativas cerca de 2,7
bilhões de pessoas vivem sem acesso a fontes de energias renováveis, portanto
dependente de combustíveis fósseis. Esse ambiente cria uma situação crítica,
pois faz dessas pessoas reféns das oscilações do petróleo, e torna inúmeras
nações dependentes dessa fonte causando diversas distorções em suas balanças
comerciais e em suas contas nacionais (devido a importação dos combustíveis
fósseis) e impondo elevados custos.
Frente a essa realidade surgem como
alternativa as fontes de energias renováveis, representando uma diminuição na
dependência do carvão e dos derivados de petróleo além da diminuição da
diminuição da dependência dos combustíveis fósseis, as energias renováveis
promovem também a melhoria da eficiência energética, fornecimento de fontes
menos agressivas ao meio ambiente e reduções nas emissões de efeito estufa.
Desta forma, estima-se que os
renováveis possibilitariam a retirada de 1,4 bilhão de seres humanos dessa
situação, além de possibilitar a outras 2,7 bilhões de pessoas, algumas
alternativas energéticas mais modernas para cozimento de alimentos, em
substituição da tradicional biomassa de lenha de carvão vegetal, outros
benefícios devem ser computados como evitar a morte prematura de crianças com
menos de 5 anos de idade e mulheres devido a doenças respiratórias relacionadas
a queima de biomassa de carvão vegetal.
A caminhada rumo a economia verde,
implica na produção de empregos, riqueza e melhores serviços sociais,
associados com o menor uso de recursos naturais, baseados em tecnologias que
possuam baixo impacto ambiental bem como a baixa utilização de energia.
Leandro
Garcia é professor dos cursos de MBA, Pós-Graduação e do Programa CADEMP da
IBE-FGV (Fundação Getulio Vargas).  E-mail: [email protected]

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