DORES NA COLUNA JÁ SÃO UMA DAS PRINCIPAIS CAUSAS DE AFASTAMENTO DO TRABALHO

Levantamento do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), em 2019, apontou que mais de 83 mil casos de lombalgia (dor na região lombar) foram responsáveis por afastamento de funcionários de seus trabalhos. Outro levantamento, da Gesto, health tech de corretagem de plano de saúde, mostrou que 11,5% dos atestados médicos das empresas tinham como motivo de afastamento dores nas costas. Segundo a startup, foi a sexta vez consecutiva que a dor nas costas liderou as causas de afastamentos, sendo que o tempo de afastamento aumentou: cresceu três vezes e atingiu, em média, entre 10 e 11 dias de licença. “Trata-se de um problema grave e incapacitante. As dores nas costas e as doenças da coluna afetam mais de metade da população. Na maioria das vezes, as causas são sobrepeso, sedentarismo, tabagismo, má postura como a posição do pescoço dobrado para ver smartphone, ou ainda sobrecarga (pessoas que carregam muito peso).  Porém, as dores podem indicar doenças mais graves. Uma delas, bastante comum é a hérnia de disco”, diz o neurocirurgião.

Segundo Dr. Victor Vasconcelos, é importante ter a avaliação de um médico, que identificará a causa das dores. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que que lombalgia é a segunda maior causa de visita aos consultórios médicos, perdendo apenas para dor de cabeça. “Porém, sabemos também, que antes de ir ao médico muita gente faz automedicação, o que pode esconder doenças como a própria hérnia de disco ou até um tumor”, comenta.

Os sinais de gravidade, de acordo com o neurocirurgião, incluem detalhes sobre a dor que o médico irá estudar, como irradiação para os membros, perda da força, tempo da dor, variação conforme a posição do corpo, alteração da sensibilidade, choque, formigamento e até dificuldade para urinar. “Quem se automedica trata apenas um sintoma e não a causa do problema”, enfatiza.

Caso não seja identificada nenhuma doença, o tratamento vai incluir, principalmente mudança de hábitos, como a prática de exercícios físicos regularmente, exercícios laborais e a utilização de mobiliário adequado no trabalho. Além, é claro, de atenção com a postura ao usar o aparelho celular e aos demais fatores de risco como o sobrepeso.

Mas e se for hérnia de disco ou outra doença?

Quando o diagnóstico aponta hérnia de disco, Dr. Victor comenta que nem sempre o tratamento é cirúrgico. “É uma doença que acomete de forma mais prevalente pessoas entre 30 e 50 anos e pode ser resultado de predisposição genética associados aos fatores apontados acima, principalmente o sobrepeso. A hérnia é resultado do desgaste dos discos intervertebrais, que, fragilizados, permitem a saída do seu conteúdo interno no sentido dos nervos, comprimindo as raízes nervosas que emergem da coluna. Pode provocar dor intensa”, diz.

O tratamento na maioria das vezes consiste no uso de medicamentos para controle de dor e pode não necessitar de cirurgia. Outros tratamentos incluem o chamado bloqueio da dor. “O bloqueio – ou infiltração – é feito com medicamentos, com o objetivo de aliviar a dor, melhorar a qualidade de vida e ajudar o paciente a retomar suas atividades produtivas”, acrescenta. Porém, caso sejam necessárias intervenções cirúrgicas maiores, técnicas minimamente invasivas possibilitam que o paciente geralmente tenha alta no mesmo dia ou no dia seguinte da cirurgia. O pós-operatório geralmente não é limitante como no passado, nem envolve dor importante ou longos períodos de convalescência”, afirma.

Outro problema que poderá precisar de cirurgia é a degeneração relacionada à idade. “À medida que envelhecemos aumenta o desgaste das articulações e dos discos da coluna vertebral, que se tornam incompetentes para suportar a carga e os esforços diários, por vezes resultando numa compressão no trajeto por onde passam nervos no interior da coluna vertebral. Isso pode causar muita dor. O processo degenerativo é um problema que cresce a cada dia devido ao aumento da expectativa de vida da população”, comenta.

Victor Vasconcelos é neurocirurgião especializado em patologias do crânio e da coluna, com ênfase no tratamento de tumores cerebrais e neurocirurgia minimamente invasiva. É especializado pela universidade americana (Ohio State University) em cirurgia endoscópica minimamente invasiva. Atua como neurocirurgião do Hospital Boldrini e do Instituto Radium de Oncologia. Ele compõe o corpo clínico credenciado para cirurgias em hospitais referência de Campinas e de São Paulo e é membro titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia.

 

Foto: Neurocirurgião Victor Vasconcelos.

Crédito: Celso de Menezes.

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