EMPRESÁRIOS ESTÃO CAUTELOSOS EM RELAÇÃO A INVESTIMENTOS DE AMPLIAÇÃO DA CAPACIDADE PRODUTIVA

O Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) regional Campinas revelou através da pesquisa de sondagem industrial que a maioria dos empresários, 65,38%, não pretende investir em ampliação de capacidade produtiva para os próximos 12 meses. Segundo o levantamento, 15,38% irá atualizar o maquinário existente e 19,23% irá ampliar o número de máquinas. Isso demonstra que a maioria dos empresários estão retendo investimentos numa demonstração clara de insegurança com relação aos rumos da economia brasileira e de olho na reforma da Previdência.

A sondagem industrial também aponta sobre como os empresários industriais tem a percepção sobre a importância da necessidade de crédito mais disponível e a juros mais baixos na retomada do crescimento industrial. Nesse sentido, 46,15% consideram como fundamental e obrigatório e 34,62% como importante. Para 7,69% dos respondentes isso é pouco importante e para 11,54% não interfere.

O diretor do Ciesp Campinas, José Nunes Filho, comentou sobre o acordo Brasil-México para toda a cadeia de veículos leves. Em vigor desde 19 de março, esse acordo prevê isenção tarifária para esse segmento dos dois países, com exigência de 40% de nacionalização. Resultado de acordos iniciados em 2002 e evoluído ao longo dos últimos anos, a previsão é que esse acordo de isenção de tarifas também passe a vigorar nos dois países para o segmento de veículos pesados a partir de 2020. “Isso é bom, pois vai aumentar a relação de comércio entre México e Brasil. Nós vamos poder vender e comprar mais automóveis, vender e comprar mais autopeças no México, mas por outro lado também se nós não corrermos com as reformas estruturais da economia brasileira nós corremos o risco de algumas empresas se mudarem para o México porque o custo de produção no México é mais barato. Eles tem carga tributária mais baixa. Tem encargos trabalhistas mais realistas, mais baixos, menos burocracia, então existe o risco”, alerta.

O diretor do Ciesp-Campinas, José Nunes Filho, destaca que esse acordo com o México será positivo para o Brasil, se forem feitas todas as reformas necessárias como previdenciária, trabalhista, administrativa, sindicalista e tributária. “Caso essas reformas não sejam feitas, o Brasil perde competitividade em relação ao México e as empresas automotivas desse segmento podem transferir suas operações para aquele país. Isso pode acontecer em poucos anos, uma vez que algumas dessas empresas automotivas também têm plantas industriais no México”, explica Nunes.

Como exemplo das dificuldades que o setor automotivo vem atravessando nos últimos anos, o diretor citou a diminuição das indústrias de veículos nas cidades do ‘ABC Paulista’, a semelhança do que já ocorreu com a cidade de Detroit, nos Estados Unidos.

Com relação ao nível de emprego, a indústria da região de Campinas registrou saldo positivo de 50 contratações em fevereiro. Com as 450 demissões de janeiro, o saldo é negativo com 400 demissões. Para o diretor do Ciesp-Campinas, esse número de contratações, mesmo que pequeno em fevereiro, traz uma expectativa positiva para a indústria regional. “Os números da Sondagem Industrial apontam para uma estabilidade e em alguns aspectos até crescimento, quando avaliamos volume de produção (aumento), faturamento (aumento), inadimplência (estável) e lucratividade (estável)”, justificou Nunes.

A balança comercial da Região Metropolitana de Campinas está com um déficit de US$ 1,12 milhão no acumulado dos dois primeiros meses de 2019. Nesse período, as exportações foram de US$ 504,4 milhões e as importações US$ 1,626 milhões.

 

Foto: Diretor do Ciesp Campinas, José Nunes Filho.

Crédito: Roncon & Graça Comunicações.

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