
A partir de maio de 2025, empresas de todo o Brasil terão uma nova responsabilidade legal de cuidar da saúde mental de seus colaboradores. A exigência faz parte da atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que passa a incluir oficialmente os riscos psicossociais como parte da gestão de Segurança e Saúde no Trabalho (SST).
A mudança chega em um momento crítico. O Brasil ocupa o 4º lugar no ranking dos países mais estressados do mundo, e os afastamentos por transtornos mentais cresceram mais de 400% nos últimos anos. Apenas no primeiro semestre de 2024, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou quase 14 milhões de atendimentos psicológicos — uma prova da crescente demanda por suporte emocional no país.
De acordo com Cinthia Babler Martins, especialista em bem-estar corporativo e diretora-geral da MH Consult, a pressão no ambiente de trabalho é um dos principais gatilhos para esses dados alarmantes. “A inclusão da saúde mental como risco ocupacional é um avanço significativo. Agora, as empresas precisam ir além do reconhecimento e atuar de forma preventiva, garantindo um ambiente de trabalho psicologicamente seguro”, afirma.
Com a revisão da NR-1, as empresas deverão adotar medidas concretas para identificar e reduzir fatores como estresse crônico, assédio moral e sobrecarga emocional. Para Martins, os líderes têm papel decisivo nesse processo. “Os gestores precisam desenvolver inteligência emocional para criar um ambiente de confiança, onde os colaboradores se sintam à vontade para expressar suas preocupações sem medo de retaliação”,diz.
Essa transformação já é percebida no mercado. Segundo a especialista, profissionais de alto desempenho têm priorizado ambientes saudáveis em detrimento de salários elevados. Empresas que não se adaptarem à nova realidade podem enfrentar sérias dificuldades na retenção de talentos e no engajamento das equipes.
Como resposta, Cinthia Martins recomenda que as organizações invistam em programas de capacitação voltados ao desenvolvimento de habilidades socioemocionais entre os líderes. “É essencial que a liderança esteja preparada para lidar com as demandas emocionais da equipe e promova um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo”, explica.
Mais do que uma obrigação legal, a medida representa uma oportunidade estratégica. “Ao priorizar a saúde emocional, as organizações se destacam como exemplos de gestão inovadora e responsável, com impactos positivos não apenas na produtividade, mas também no bem-estar dos colaboradores e na sociedade como um todo”, conclui.
Foto: Cinthia Babler Martins, especialista em bem-estar corporativo e diretora-geral da MH Consult.
Crédito: Divulgação.