ARTIGO DE REGIANE FAYAN

A pauta ESG (Environmental, Social and Governance) vem conquistando cada vez mais relevância no mundo corporativo, posicionando-se como um diferencial competitivo para empresas de todos os tamanhos. No entanto, para as pequenas e médias organizações, a implementação dessas práticas pode parecer desafiadora. Nesse contexto, investir no pilar Social – o “S” do ESG – pode ser uma maneia concreta e acessível para contribuir para uma sociedade mais justa, além de fortalecer a reputação e valores das empresas.
O “S” de Social está relacionado ao impacto que as empresas têm sobre as pessoas e na sociedade. Isso inclui temas como diversidade e inclusão, condições de trabalho, responsabilidade com a comunidade, respeito aos direitos humanos e investimentos sociais. Ao promover ações sociais consistentes, uma organização demonstra compromisso com o desenvolvimento humano e com a redução das desigualdades, estabelecendo conexões genuínas com a sociedade.
Em Campinas (SP), temos um projeto recém-lançado que pode ajudar as empresas a seguir nessa direção. Trata-se do“Empresa Amiga CCP”, da Casa da Criança Paralítica (CCP), que tem por objetivo elevar o número de atendidos e manter a excelência no serviço prestado gratuitamente. Fundada no município em 1954, a instituição oferece, atualmente, atendimento a cerca de 430 crianças, adolescentes e jovens com deficiência física nas áreas de fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, médica, odontologia, psicologia, nutrição, serviço social, pedagogia e informática, além de orientação às famílias que enfrentam situações de vulnerabilidade social.
A partir de 2018, a Casa passou a fazer adaptações e consertos de cadeiras de rodas em sua Oficina Locomover. A iniciativa foi ampliada e, no ano passado, transformou-se em uma oficina ortopédica completa, possibilitando melhor qualidade de vida e inclusão às pessoas com deficiência física do município usuárias de órteses e próteses. Ao longo dos 71 anos de atividades, a Casa já atendeu cerca de 20 mil pessoas.
Hoje, a instituiçãoregistra um custo mensal de R$ 1,2 mil por beneficiário e sua família. As consultas médicas são parcialmente cobertas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que destina R$ 10,50 para cada consulta, pois a tabela está desatualizada há 18 anos.Para suprir o repasse defasado, a instituição busca sempre alternativas para continuar a excelência do atendimento. Com o projeto “Empresa Amiga CCP”, espera-se elevar a participação das doações de pessoas jurídicas socialmente responsáveis, considerada baixa em relação a outras fontes de receita. Atualmente, as doações em dinheiro por empresas representam apenas 2% da receita da Casa (balanço de 2023), sem incluir a destinação de Imposto de Renda de pessoas jurídicas. Espera-se dobrar a participação desse setor na receita ainda este ano.
Somente a cidade de Campinas tem cerca de 184 mil empresas ativas, dos mais variados portes, que poderiam tornar-se parceiras da instituição. Mas o projeto busca o engajamento das pequenas e médias empresas, pois esse é um nicho ainda não explorado pela Casa, já que a principal contribuição hoje vem de organizações de grande porte. Para isso, estão sendo feitas visitas a potenciais doadores para apresentar o projeto, que prevêcontribuições mensais de quatro valores diferentes. Cada valor representará uma contrapartida à empresa.
As novas parcerias, além de garantirem a continuidade dos projetos da Casa, fortalecem a imagem das empresas, reforçando seu compromisso com a transformação social.Ao doar para o projeto Empresa Amiga CCP, a empresa dá uma resposta imediata aos quecobram delas um impacto positivo na sociedade. Uma excelente oportunidade para que pequenas e médias empresas de Campinas possam integrar o ESG à sua estratégia de forma viável e significativa, reforçando seu compromisso com a comunidade.
Regiane Fayan é coordenadora de projetos e mobilização de recursos da Casa da Criança Paralítica