
Enquanto o Brasil celebra o status de país livre do sarampo, os Estados Unidos registram o maior surto da doença em uma década, com mais de 250 casos e dois óbitos confirmados em diversos estados. Esse aumento acende um alerta sobre o risco de importação da doença, devido a circulação global de pessoas, especialmente entre países com diferentes coberturas vacinais. “O Brasil foi certificado como país livre da doença em 2024, após ter reconquistado essa certificação perdida em 2018 em função da baixa cobertura vacinal e do intenso fluxo migratório. Agora, a questão volta a ser urgente no país, já que dois casos foram diagnosticados em março deste ano em duas crianças da mesma família, em São João de Meriti (RJ)”, afirma Dra. Maria Kassab, infectologista do laboratório DMS Burnier.
Em Campinas (SP), 135 casos de sarampo foram notificados em 2019, e nenhuma nova confirmação ocorreu até 2021. De acordo com a especialista, no Brasil havia suspeitas na última semana de fevereiro deste ano, com algumas investigações em andamento na cidade.“Campinas, por possuir um aeroporto internacional, é uma região-chave para o monitoramento e prevenção da doença, uma vez que o simples fato de haver circulação internacional de pessoas entre locais com baixa cobertura vacinal e ocorrência de casos já é suficiente para que o vírus seja introduzido em determinado território”, explica.
Vacinação
O Brasil tem ampliado a imunização contra o sarampo, caxumba e rubéola, com a tríplice viral. Em 2024, a cobertura alcançou 95% para a primeira dose e 79% para a segunda. O ideal é que a proteção vacinal ultrapasse 95% da população. Em Campinas, a Secretaria de Saúde também expandiu a vacinação infantil em 2024. A tríplice viral em crianças de um ano atingiu a meta na primeira dose, mas ficou abaixo do esperado na segunda. “Todos estão suscetíveis ao sarampo devido à sua alta transmissibilidade, mas a vacinação reduz significativamente a chance de adoecer e de óbito. Os grupos mais vulneráveis são crianças menores de um ano (não vacinadas) e pessoas de todas as idades sem imunização. Dados de 2024 mostram que 63% dos casos confirmados nas Américas ocorreram em adolescentes ou jovens adultos, indicando possíveis falhas na vacinação”, diz.
A principal recomendação para viajantes é atualizar a carteira de vacinação e aguardar duas semanas após as doses antes da viagem. Ao desenvolver sintomas após exposição a infectados, a orientação é evitar contato com outras pessoas e procurar atendimento médico.
Para a população em geral, as recomendações incluem vacinar-se adequadamente, conhecer os sintomas do sarampo (febre alta, manchas vermelhas, tosse, conjuntivite, coriza e mal-estar), cobrir nariz e boca ao espirrar e tossir, lavar as mãos frequentemente, não compartilhar objetos pessoais, evitar aglomerações e manter ambientes limpos e ventilados.“A imunização completa é essencial para prevenir o sarampo, suas complicações e desfechos fatais. A doença tem notificação compulsória; por isso, qualquer suspeita deve ser comunicada aos órgãos de saúde”, destaca a especialista.