ESPECIALISTA ORIENTA SOBRE PLANEJAMENTO DE GASTOS

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
informou que cerca de 55% das famílias brasileiras estão endividadas. O acesso
às fontes de financiamento e as facilidades no crédito são as principais causas
para essa realidade, tendo em vista que a cultura do planejamento e a educação
financeira não avançaram no mesmo ritmo das expansões das
oportunidades.  

Planejar bem os gastos eliminando inclusive determinados
“luxos” pode garantir uma vida mais tranquila atualmente e segurança para o
futuro. Para o professor de economia da IBE-FGV, Múcio Zacharias, o descontrole
é o principal motivo do caos financeiro de algumas pessoas. “A educação que a
pessoa recebe para efeito de planejamento financeiro hoje no Brasil, ela é
muito pequena, então hoje no Brasil pelo menos nos últimos 8 anos nós estamos
vivendo um boom de crédito, que são
facilidades de cartões de crédito, facilidades num crediário, facilidades que
todo mundo que quer vender está oferecendo. Esse universo é bastante amplo e
para alguns setores, principalmente, para as classes D e E, essas classes não
tinham acesso a essas facilidades”, diz.

Para o professor Múcio Zacharias, unindo o baixo
nível de entendimento das famílias quanto à questão financeira e mais a prática,
de uma certa forma, também desordenada de ampliação do crédito, inclusive com
propagandas e com várias desonerações tributárias para este fim culminou num
processo extremamente complicado de endividamento das famílias.. “Parte das
famílias, isso mais de 50%, estão numa fase de extremo endividamento e as taxas
de juros cobradas dentro do nosso país muito elevadas, tornam a dívida muitas
vezes impagável. Hoje o Brasil tem a terceira maior taxa de juro do mundo”,
destaca.

Múcio Zacharias destaca que imaginar uma vida com
muito, sem a condição financeira suficiente para isso é, sem
dúvida, um ponto que precisa ser melhorado. “ poucos os que fazem um
planejamento e que sabem o quanto gastam. Por isso, se perdem no cheque
especial, no rotativo do cartão e entram na ciranda financeira sem ter como
sair”, aponta.

No contexto da família, a melhor ferramenta pra
evitar o endividamento é o diálogo. Nessa conversa, o planejamento deve ser
ponto principal. É preciso que todos saibam exatamente onde estão, onde
pretendem chegar, os recursos disponíveis e os esforços necessários para se
atingir o objetivo. “Planeje, controle e sonhe em família. Isso facilita o
entendimento dos mais jovens e, principalmente, no atingimento do objetivo em
comum que pode ser uma casa, uma viagem, uma faculdade… Sonhe à vontade, mas
planeje primeiro”, orienta Zacharias. “Economia é o dinheiro que sobra,
planejamento financeiro é o que fará o dinheiro sobrar”, explica
Zacharias. 

Na cultura da sociedade atual, o consumo tem uma
participação extremamente forte na existência do indivíduo. Dessa forma, as
pessoas acabam dando prioridade para a compra e não para o controle. Nessa
hierarquia, elas preferem ter muitos bens  e pagar em parcelas do que
guardar dinheiro e pagar à vista, mas o que muitos não levam em consideração é
o tempo que a dívida levará para acabar, os juros e a diminuição do salário, já
que uma parte será destinada, por um tempo, para o pagamento do débito. “As
pessoas não fazem as contas e, de repente, estão com restrição no crédito, o
que acarreta uma pressão psicológica e social muito grande. A qualidade de vida
é colocada em risco. Por isso é importante registrar todas as despesas e ter um
controle exato de quanto se ganha, o que é necessário para viver e quanto se
pode investir em compras e parcelamentos”, diz Zacharias.

Segundo o economista, como o planejamento é algo
que envolve educação, ele deve começar na infância. “Quanto mais cedo melhor.
Se o filho for educado a administrar bem a sua mesada, ele terá consciência da
sua vida financeira. A educação deve começar no período escolar, com a criança
sabendo o valor dinheiro e o impacto de uma compra. Isso certamente deixará um
grande legado para a família”, explica. 

O professor explica que, ao adquirir algo, é
preciso responder a uma pergunta simples: compro por necessidade ou por desejo?
Ele explica como diferenciar os dois. “Se for uma necessidade, a sua vida
certamente ficará muito mais complicada sem o produto, mas, se for um desejo,
você poderá viver sem aquilo. Isso não quer dizer que você não poderá ter, mas
terá a oportunidade e o tempo para planejar a compra e adquirir o que quer sem
se endividar. Uma dica interessante é aguardar pelo menos 15 dias para
verificar a importância dessa compra na sua vida. Geralmente, desejos
desaparecem com o tempo e você conseguirá controlar mais as compras
impulsivas”, aconselha.
 
Foto – Professor Múcio Zacharias
Crédito Divulgação.

 
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