ESPECIALISTAS ABORDAM MUDANÇAS DRÁSTICAS DE PROFISSÃO

Desmotivação, baixa produção e falta de realização.
Esses são alguns dos sintomas que podem mostrar que você não é feliz no
trabalho e, talvez, precise mudar de área. Isso significa que você tem um novo
desafio e um longo caminho para percorrer até que se concretize a mudança. Isso
irá envolver uma série de alterações e desafios que serão impostos tanto para a
vida profissional quanto pessoal, com investimentos financeiros, tempo, estudo
e esforço na busca por um novo emprego.

A professora da IBE-FGV e especialista em gestão de
carreiras, Maria Rita Ritz, disse que o principal ponto a ser avaliado em uma
possível troca é se a pessoa, ao menos, suporta o seu trabalho. “É muito melhor
trabalhar fazendo aquilo que se gosta ou que, pelo menos, não se deteste tanto.
Se não houver esse sentimento, o recomendado é a mudança, mas sempre com
planejamento”, orienta.

A professora Maria Rita Ritz destacou que as
pessoas mais jovens possuem uma tendência de realizar uma mudança mais radical
com relação a uma carreira no mercado de trabalho e nesse caso a mudança de uma
área para outra é mais fácil. “O jovem ainda não tem compromissos financeiros,
não tem compromissos familiares assumidos, então fica mais fácil”, diz.

A professora Maria Rita Ritz disse, no entanto, que
no caso do profissional sênior está se verificando uma nova realidade. “Com o
aumento da expectativa de vida, as pessoas também de mais idade estão optando
por estas mudanças. É uma realidade cada vez mais frequente, ou seja, as
pessoas não se aposentam, elas mudam de profissão. Você trabalha anos num
determinado seguimento e se aposenta e está muito comum nessa hora da
aposentadoria, esse profissional mudar e fazer alguma coisa radicalmente
diferente daquilo que ele fazia até então. É a hora onde ele resolve realizar
um sonho, que ele não pode realizar profissionalmente falando. É a hora onde
ele investe num negócio dele e vira empreendedor”, revela.

Para a diretora da Business Partners Consulting
(Interior/SP), Viviane Gonzalez, se um profissional atua em uma área que não
gosta, dificilmente ele se sentirá realizado e, por isso, ficará infeliz, uma
característica pouco aceita pelas gerações Y e Z. “A maior parte do tempo da
vida útil é passada no trabalho. As pessoas lutam pela felicidade plena e isso
envolve, também, o ambiente corporativo. Porém, é importante analisar se o que
incomoda é algo inerente à sua área ou a todas as profissões. Um chefe
intransigente, missões difíceis ou um ambiente ruim podem ser encontrados em
todos os campos”, aponta.

Mesmo com alguns pontos a favor, as especialistas
concordam que a mudança não é uma tarefa fácil. Para elas, é preciso enxergar
os motivos para a mudança e avaliar se eles valem o esforço.  Para isso,
alguns pontos são primordiais, como: conhecimento para desempenhar bem a nova
função, mudanças de comportamento, dimensionar a questão financeira
(principalmente se no início esta mudança impactar em alguma diminuição do
salário), equacionar a dinâmica de horários, jornadas, distância da casa, e uma
possível necessidade de mudança de endereço. 

Viviane Gonzalez orienta que para qualquer mudança
é importante acima de tudo analisar a situação. “Faça uma análise de por que
você quer mudar? E outra coisa importante é ter uma retaguarda financeira
porque quando você faz uma mudança muito drástica e você já é gerente dificilmente
em outra área você pode vir a ocupar a mesma função. Vamos dar um exemplo: você
é gerente de finanças  aí quer mudar para
RH, sem nenhuma experiência, nem sempre ou quase nunca você vai receber uma
posição de gerente”, diz.

Para Maria Rita Ritz, o profissional só deve optar
pela migração após avaliar todos os pontos e ainda ter certeza de que a área
que busca irá preencher a maior parte deles. Além disso, é importante que a
pessoa tenha um contato primário com a área para avaliar se o que ele espera é
mesmo o que acontece na realidade. “Um estágio pode ajudar bastante neste
momento. Se não for possível, investigue bem com amigos que já atuem nessa área
e tire todas as dúvidas. Esteja munido do máximo de informações”, orienta.

Para concretizar a mudança, nem sempre é necessário
cursar uma nova faculdade. Às vezes, um MBA ou um curso de especialização é
suficiente. Contudo, a nova vaga vai depender da experiência. “Um profissional
que tenha feito gastronomia, por exemplo, e quer ser um gestor, não precisa
necessariamente fazer uma faculdade de administração. Ele pode complementar a
formação através de um MBA em Gestão de Empresas”, explica a professora Maria
Rita Ritz.

As empresas veem uma mudança de carreira com bons
olhos. Algumas migrações são bem vistas considerando as diferentes competências
que elas agregam.  Segundo Viviane, que trabalha com recrutamento e
seleção de alta e média gerência, atualmente as empresas entendem que  as
competências devem se complementar e agregar valor para as diferentes áreas. Na
mesma linha, Maria Rita Ritz, analisa que a mudança não impede o profissional
de obter sucesso na carreira. “Ela costuma facilitar a realização profissional,
já que a pessoa está saindo de uma área que não se gosta para uma na qual ela
se sente bem”, afirma a professora, orientando ainda que, enquanto não decidir,
o profissional deve investir em cursos que agregam valores em todas as áreas,
como os de competências comportamentais e idiomas.

Além dos investimentos financeiros, de tempo e
disposição, as especialistas avaliam que é de suma importância que a pessoa
possua características como persistência, foco e otimismo. O caminho pode ser
árduo, mas o resultado pode ser recompensador. 

Foto 1 – Professora Maria Rita Ritz.
Foto 2 – Diretora da Business Partners Consulting (Interior/SP), Viviane Gonzalez.
Crédito: Divulgação.  

 

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