EXECUTIVAS APRENDEM A EQUACIONAR CARREIRA E MATERNIDADE

Atualmente é grande o número de mulheres executivas no mercado de trabalho. Elas dirigem equipes, tomam decisões importantes dentro de uma organização e são peças chaves em muitas empresas. E como fica tudo isso quando se engravida?

Na avaliação da professora Nereida Salette Paulo da Silveira, autora do estudo “mulheres gerentes: Construindo as identidades de Gênero no Trabalho”, a maternidade pode empoderar as mulheres, pois elas percebem como são eficazes, ao conseguir conciliar as inúmeras demandas de sua vida, o que pode trazer mais confiança também na vida profissional. “Então, ao contrário do que se imagina, que o acumulo de papéis tem um efeito prejudicial às mulheres, percebe-se que não se trata de ter uma multiplicidade de papéis, mas sim de perceberem-se conseguindo gerenciá-los competentemente”, destaca.
No estudo a professora Nereida Silveira, identificou também que ocorre o inverso. “A percepção de não eficácia, em qualquer das esferas da vida, trabalho ou família, tende também a refletir na outra esfera. Em alguns casos as informantes confessavam ter pensado em desistir da vida profissional, pois se sentiam incompetentes para lidar com tudo. Em outro caso, a vida profissional teve prevalência e o marido assumiu mais ativamente o gerenciamento da família”, conta.
O estudo de Nereida ainda mostrou que apesar das mulheres terem evoluído no mercado de trabalho e conquistado novos espaços, o cuidado dos filhos, idosos e as tarefas domésticas continuam sendo vistas como responsabilidade das mulheres, o que contribui para este acúmulo de tarefas.  “A mulher da classe média que pode pagar por serviços auxiliares, repassa parte dessa responsabilidade para outras mulheres, podendo assim dedicar mais tempo e esforços em prol de suas carreiras e, desta forma, serem mais competitivas. Enquanto isso, as mulheres que não podem pagar acabam tendo dificuldades para se desenvolver”, informa.
Com sete meses de gravidez, a diretora da Business Partners Consulting interior São Paulo, Viviane Gonzalez, se planejou para conciliar a carreira executiva e ser mãe pela primeira vez. Ela conta que antes do casamento já havia conversado com o seu marido e a decisão de comum acordo foi de que teriam um filho, mas de forma planejada de modo que isso não interferisse na carreira de cada um. Com uma gravidez tranquila , Viviane diz que consegue conciliar perfeitamente trabalhar e fazer seus exames pré-natais. “O meu caso é uma gestação super tranquila e eu consegui sempre colocar meus exames para bem cedo, no horário do almoço ou no final do expediente. Eu consegui me organizar para ter o mesmo ritmo ou até maior do que eu tinha anteriormente. Eu acho que a maioria das mulheres consegue isso, salvo se você tem uma gravidez de risco. Nesse caso,  há orientação médica para ficar fora do trabalho. A maioria das executivas que eu conheço trabalham normal”, diz.
Viviane Gonzalez reconhece que tudo é muito novo e sabe o quanto vai ser importante contar com a família, com a sogra e com a divisão de tarefas com o marido. “Eu de maneira alguma vou ser uma mãe ausente. Eu decidi que vou trabalhar após a minha gestão, então isso é muito resolvido na minha cabeça. Por isso comecei a me organizar para esse futuro. Para conseguir ser mãe e executiva. Contratei uma pessoa para trabalhar comigo em casa. Eu vi uma escolinha. Tenho a minha sogra e a minha família. Conversei com o meu marido. A gente vai dividir as tarefas. Eu sou bastante prática em relação a isso, mas não sei dizer como vai ser o meu sentimento de mãe, quando após três meses ter que deixar o bebê em casa. Eu acho que isso também não vai ser fácil. Talvez eu provavelmente almoce em casa nos primeiros dias. Eu acho que vai ter um sentimento materno que vai aflorar e isso não vai ser tão fácil pra mim”, explica.  
Na visão de Viviane Gonzalez, a maternidade só atrapalha a carreira quando a mulher não consegue se organizar. “A partir do momento em que ela decide ter filhos, é necessário que programe suas prioridades, como por exemplo, se vai contratar uma babá ou colocar a criança na escola, se vai trabalhar aos finais de semana ou, ainda, como manter os momentos de lazer”, orienta.
Para Viviane, a mãe que não se organiza pode se tornar uma profissional que vive culpando o filho por seus atrasos, não cumprimento de prazos, entre outros problemas. “Essa não é a postura ideal de uma gerente. A mulher precisa entender que não pode ser perfeita em casa e no trabalho, ela precisa do apoio no lar e de uma equipe competente na empresa”, alerta.
Na avaliação de Viviane Gonzalez é importante que a mulher deixe claro ao seu chefe imediato que mesmo estando grávida está aberta para novos desafios e novas oportunidades. “Quando fiquei grávida me preocupei em preparar algumas pessoas para assumir o meu trabalho durante o período que estiver de licença. Eu não pretendo tirar a licença padrão de 5 meses, mas no máximo três meses porque eu sou associada da companhia e preparar pessoas para ficar temporariamente  nessa posição eu acho que é importante. Eu vou viajar até os sete meses de gestão, tanto que eu continuo com Porto Alegre. Não me tiraram a regional lá. Continuo indo para São Paulo semanalmente e hoje a gente se conecta de todas as maneiras, então a comunicação é muito fácil”, diz.
A mulher mãe e a mulher profissional são a mesma pessoa e não adianta tentar separar seus lados. Segundo especialistas na área, para todas as mulheres, mesmo aquelas que ainda não têm filhos, a maternidade desempenha um papel fundamental em suas vidas e elas precisam encontrar o equilíbrio entre as duas facetas, por mais difícil que seja, e aceitar que não têm superpoderes.
Licença Maternidade
A legislação brasileira protege a maternidade, o que na visão da professora Nereida Silveira é uma vantagem em comparação com países onde a licença maternidade é uma opção da organização. Porém, o benefício, que deveria ser visto como para a família, é normalmente entendido como um benefício apenas para a mulher e como um ônus para a empresa que a contrata. “Estudos mostram que há uma penalização da mulher com filhos, em termos de carreira, em relação à mulher sem filhos. As empresas tendem a avaliar a mulher que decide formar família em certa altura da carreira como baixa ambição ou comprometimento”, comenta Nereida.
Ainda segundo ela, alguns países mais avançados, buscando proteger a mulher desse tipo de discriminação, introduziram a licença-parental.
Na visão de Viviane, este cenário está mudando, principalmente nas grandes corporações. “As empresas já entendem que casar e ter filhos faz parte de um processo natural da mulher. Algumas até veem como um aspecto positivo aquelas que têm esses objetivos, pois indica que valorizam a vida pessoal também”, completa.
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