ARTIGO DE GUSTAVO CATENACCI
Há 20 anos, os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) foram criados com a missão de garantir o retorno da diferença entre o valor pago e recebido pela dívida e um rendimento que pode ser prefixado ou pós-fixado. Em duas décadas, os FIDCs mostram que cumpriram a missão com louvor.
De acordo com a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima), este tipo de investimento segue em crescimento. Dados da associação mostram que só no primeiro semestre de 2021 foram captados R$ 31,2 bilhões, quase o total captado em 2020 (cerca de R$ 33 bilhões).
Os FIDCS alcançaram evolução de 25% no primeiro semestre deste ano, contra a retração de 7,3% nos fundos de renda fixa como um todo, apresentando volumes de captação acima dos demais produtos da renda fixa. Assim, com a alta da Selic que, segundo prevê o mercado, deve ser mais 8% ao ano até dezembro de 2021, os FIDCs tendem a ser cada vez mais competitivos.
Nestas duas décadas, muitas mudanças beneficiaram o acesso aos FIDCs. Até aqui restrito a investidores qualificados com mais de R$ 1 milhão em patrimônio, os fundos devem se tornar acessíveis a investidores não-qualificados. Além disso, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) estuda reduzir para R$ 600 mil o valor necessário para o investidor ser classificado como qualificado.
Com a “desbancarização”, que se caracteriza pela migração dos clientes dos bancos tradicionais para as fintechs, as startups de crédito passam a oferecer com os FIDCs boas oportunidades de diversificação de investimento com volatilidade bastante baixa. Afinal, os diferentes graus de riscos que compõem a estrutura dos FIDCs garantem mais proteção ao cotista contra inadimplência, algo bastante recorrente durante a crise de Covid-19.
Aliás, como é de conhecimento público, a crise afetou economicamente diversos mercados, atingindo significativamente os ativos de crédito. Ao contrário disso, os FIDCs vêm superando as turbulências e mostrando um comportamento bem diferente no período por conta de sua baixa volatividade. Um ponto importante de se comentar aqui é o papel de uma gestora de recursos que auxilia o investidor sobre o momento mais oportuno e a melhor forma de aplicar o patrimônio com segurança.
Vamos lembrar, portanto, que os fundos de direitos creditórios possuem três tipos de cotas: seniores que são focadas no resgate dos investimentos e na amortização; subordinadas preferenciais que, apesar de correr mais riscos de inadimplência, podem trazer mais rentabilidade; e subordinadas ordinárias que recebem os rendimentos depois das outras duas cotas, possuem maior risco de inadimplência, no entanto, o risco é proporcional ao ganho.
Outra novidade para breve é que os FIDCs devem receber da CVM uma rotulação ESG, referente à responsabilidade ambiental, social e corporativa. Este selo é importante por chamar a atenção dos investidores simpáticos ao tema, ampliando a movimentação dos fundos de direitos creditórios em nível mais global. Assim como o meio ambiente, a economia também agradece.
Gustavo Catenacci, CEO do Grupo CB, organização com 25 anos de experiência em gestão de fundos, serviços de crédito e antecipação de recebíveis, com um volume anual de operações de R$ 2 bilhões, e é composto pelas empresas Finplace – startup financeira carro-chefe da companhia – e CB Partners, gestora com foco em inovação e tecnologia.