IEDI DIVULGA ANÁLISE DE COMÉRCIO EXTERIOR

O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI) divulgou
mais uma análise referente ao comércio exterior com o tema “O difícil
caminho para melhorar o saldo comercial da indústria”.

No acumulado até setembro de 2012, o intercâmbio de
mercadorias tipicamente produzidas pela indústria de transformação chegou ao
déficit de US$ 38,7 bilhões, recorde para os nove meses iniciais. Em igual
acumulado do ano anterior, a balança registrou déficit de US$ 35,3 bilhões.
Pela série iniciada em 1989 para período de janeiro a setembro, em 2012 os bens
típicos da indústria de transformação foram responsáveis por 58,3% da pauta, a
segunda menor participação da série. A menor de todas foi no ano passado. De
janeiro-setembro de 2006 até igual período de 2011, a parcela dos produtos da
indústria de transformação declinou ininterruptamente.

Os demais bens, basicamente originários da indústria
extrativa mineral e do setor agropecuário, conseguiram uma vez mais reverter o
sinal da balança comercial como um todo. Assim, a balança comercial de bens do
País apresentou superávit de US$ 15,7 bilhões no acumulado do ano. Tirando
janeiro-setembro de 2010, foi o menor superávit da balança para acumulado até
setembro desde 2002.

Tomando o comércio de bens da indústria de
transformação pela classificação por intensidade tecnológica, a saber alta,
média-alta, média-baixa e baixa, vale notar que as faixas de média-alta e a de
baixa intensidade foram as que tiveram saldo comercial pior do que no mesmo
acumulado de 2011. Embora a faixa de baixa intensidade tenha sido a única
superavitária. Alguns números merecem ser observados:

O comércio dos bens produzidos por atividades de
alta intensidade tecnológica percebeu déficit de US$ 22,6 bilhões em
janeiro-setembro de 2012. Um déficit de magnitude maior que este só ocorreu em
2011. As exportações aumentaram, somando US$ 7,1 bilhões, ficando atrás apenas
do montante exportado em igual acumulado de 2007 e de 2008. Já suas importações
recuaram ante o observado em 2011. Apenas os equipamentos aeronáuticos tiveram
superávit. Bens de informática e de escritório, assim como equipamentos
médicos, óticos e de precisão registraram seus maiores déficits. Mas o maior
déficit desta faixa continua sendo dos aparelhos de áudio, vídeo e
telecomunicações e componentes.

A faixa de média-alta intensidade apresentou o
maior déficit entre os quatro segmentos: saldo negativo de US$ 39,3 bilhões,
déficit recorde para acumulado até o nono mês. O Brasil exportou US$ 30,4
bilhões em mercadorias tipicamente produzidas por atividades de média-alta
intensidade, patamar aquém do recorde registrado no mesmo período de 2011, bem
como daquele de 2008. O déficit de produtos automobilísticos, de máquinas e
equipamentos e de produtos químicos atingiram patamares sem iguais para o
período do ano em tela.

Já os bens tipicamente oriundos das atividades de
média-baixa intensidade tecnológica, tiveram, pelo terceiro ano seguido (para
acumulado até setembro), resultado negativo, de US$ 5,5 bilhões. Em toda a
série, iniciada em 1989, apenas os três anos mais recentes presenciaram déficit
para tal período do ano. O superávit dos produtos metálicos não tem conseguido
mais contrabalançar o déficit em produtos derivados do petróleo refinado,
álcool e afins.

A faixa de bens típicos da indústria de baixa
intensidade tecnológica logrou o único superávit em janeiro-setembro de 2012:
de US$ 28,7 bilhões. Apesar de tanto, o superávit declinou vis-à-vis o de igual
período de 2011. Também ficou aquém daquele de janeiro-setembro de 2008. As
vendas externas alcançaram US$ 42,6 bilhões, abaixo do montante exportado no
mesmo acumulado do ano passado. Neste grupo, mesmo o superávit de alimentos
industrializados, bebidas e fumo recuou. Ademais o saldo dos bens intensivos em
trabalho – têxtil, produtos de vestuário, calçados, couro – continuou a se
deteriorar.

A questão do déficit na balança dos bens típicos da
indústria de transformação deve ser vista em perspectiva, por não ser, por si
só, um dado ruim. Passa a preocupar quando, até pouco tempo atrás, o dinamismo
das vendas do varejo não vinha sendo acompanhado pela produção manufatureira.

Outro ponto reside no fenômeno da “curva J”,
segundo o qual uma depreciação da moeda doméstica provoca inicialmente uma
deterioração no saldo comercial medida do país – fato condizente com o que se
observa no Brasil. Só ao longo do tempo é que a balança se recupera, ficando
mais superavitária – ou menos deficitária – do que a situação inicial. Isto se
deve ao tempo necessário para que contratos novos sejam estabelecidos Portanto,
a um prazo maior, espera-se que o saldo comercial melhore.

Contudo, até pelo fato do País ter ficado bastante
tempo com a taxa de câmbio apreciada, mudanças daí decorrentes na estrutura
produtiva doméstica podem fazer com que melhorias no saldo comercial demorem
mais do que se espera. Neste sentido, o baixo dinamismo das economias centrais
e a desaceleração da economia chinesa tendem a fazer com que o prazo para que a
balança melhore se dilate ainda mais.

Compartilhe:
Facebook
Twitter
LinkedIn

Veja também

ACREFI ELEGE O PRIMEIRO PRESIDENTE NEGRO EM 66 ANOS DE EXISTÊNCIA DA ENTIDADE

A Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi) acaba de eleger seu …

Deixe uma resposta

Facebook
Twitter
LinkedIn