INDÚSTRIA REGIONAL ENFRENTA DESAFIOS COM DÓLAR ALTO E FALTA DE QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL

INDÚSTRIA REGIONAL ENFRENTA DESAFIOS COM DÓLAR ALTO E FALTA DE QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL

O diretor titular do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), regional Campinas, José Henrique Toledo Corrêa, apresentou um panorama desafiador para a indústria local. Entre os principais entraves citados estão a alta do dólar, o aumento do custo de produção, a falta de qualificação profissional e a ausência de medidas governamentais eficazes para impulsionar o crescimento industrial.

Cenário econômico preocupante

Corrêa destacou que o aumento excessivo do dólar e os altos índices de inadimplência são fatores que pressionam negativamente o poder de compra do consumidor e a competitividade das empresas. Ele alertou para o risco de recessão em 2025, agravado pelo que descreveu como a incapacidade do governo de implementar cortes significativos nos gastos públicos. “Estamos em um navio com vários furos no casco, e os empresários correm para tapar alguns, enquanto outros continuam abertos, afundando a economia”, afirmou.

Falta de mão de obra qualificada

Outro ponto crítico é a dificuldade das indústrias em encontrar profissionais qualificados, mesmo em setores com alta demanda, como o de serralheria. Apesar de iniciativas como cursos oferecidos por Senai, Etecs e Fatecs, as vagas de treinamento muitas vezes não são preenchidas. Corrêa defendeu maior incentivo à qualificação, alinhado a programas que estimulem o ingresso ao mercado de trabalho.

Dependência de importações

A dependência de componentes importados, especialmente no setor tecnológico e automotivo, foi outro aspecto abordado. Segundo o diretor, a baixa competitividade da produção nacional força empresas a buscar insumos no exterior, o que impacta diretamente os custos e a balança comercial. Apesar disso, a corrente de comércio exterior apresentou leve crescimento em 2024 em relação ao ano anterior.

Propostas e perspectivas

Para Corrêa, medidas urgentes incluem cortes nos gastos públicos, investimentos em infraestrutura e políticas que estimulem o aumento da produtividade industrial. Ele também destacou a importância de uma maior sinergia entre o governo e a iniciativa privada para superar os desafios. “O Brasil tem potencial, mas precisamos de políticas públicas que realmente incentivem o desenvolvimento econômico”, concluiu.

Apesar de muitas incertezas, a sondagem industrial revelou alguns números interessantes. Perguntadas sobre as projeções de seus negócios para 2025, em comparação com 2024, 47% das empresas projetaram melhora nas suas atividades e para 29% será igual. Já 24% das associadas assinalaram que vai piorar.

Quando questionadas na Sondagem sobre os possíveis cenários para o desempenho da economia brasileira em 2025, 82% das empresas afirmaram que será pior, para 12% será igual e apenas 6% melhor.

Nessa apresentação, o primeiro vice-diretor do Ciesp-Campinas, Valmir Caldana, comentou sobre os efeitos negativos da alta do dólar na cadeia produtiva da indústria da região de Campinas.

Balança Comercial

O diretor-adjunto do Departamento de Comércio Exterior do Ciesp Campinas, Marcos Eugênio, comentou os números da Balança Comercial Regional. Em outubro de 2024, o valor exportado foi de US$ 323,5 milhões – 5,1% maior que outubro de 2023. O acumulado do ano (janeiro-outubro/2024) foi de US$ 2,904 bilhões – 3,8% menor que no mesmo período anterior.

Em outubro de 2024 o valor importado foi de US$ 1,209 bilhão – 20,6% maior que outubro do ano passado. O acumulado do ano foi de US$ 10,421 bilhões – 10,6% maior que no mesmo período anterior. O saldo em outubro de 2024 foi negativo em US$ 885,8 milhões – 27,4% maior que em outubro de 2023. Já o acumulado do saldo (janeiro-outubro/2024), foi negativo em US$ 7,517 bilhões – 17,4% maior que no mesmo período anterior.

A corrente de comércio exterior, que é a soma das exportações e importações, aponta que em outubro de 2024 foi de US$ 1,532 bilhão – 16,9% maior que em outubro de 2023. Já o acumulado do ano foi de US$ 13,326 bilhões – 7,1% maior que no mesmo período anterior.

Em outubro de 2024, os principais municípios exportadores da regional Campinas do Ciesp foram, as cidades de Campinas (28,9%), Paulínia (26,5%), Conchal (9,7%), Mogi Guaçu (8,2%) e Sumaré (7,5%). Os municípios que mais importaram foram: Paulínia (43,4%), Campinas (24,5%), Sumaré (7,5%), Hortolândia (7,2%) e Jaguariúna (6,5%). O percentual do município refere-se a sua participação em relação ao total da Regional no Balanço Mensal.

Os três principais destinos das exportações da indústria regional em outubro de 2024 foram os Estados Unidos (US$ 64,22 milhões – 19,9%), Argentina (US$ 38,29 milhões -11,8%) e Holanda – (US$ 23,88 milhões – 7,4%). Principais países de origem das importações em outubro para a região foram a China (US$ 365,54 milhões – 30,2%), Estados Unidos (US$ 174,24 milhões – 14,1%) e Alemanha (US$ 72,21 milhões – 6%).

As exportações no acumulado do ano envolveram Estados Unidos (US$ 578,79 milhões -19,9%), Argentina (US$ 333,56 milhões – 11,5%) e Holanda (US$ 196,89 milhões – 6,8%). Já no cumulado as importações foram a China (US$ 2,828 bilhões – 27,1%), Estados Unidos (US$ 1,449 bilhão – 13,9%) e Alemanha (US$ 682,54 milhões – 6,5%).

Setores em destaque

Na região de Campinas, os setores químico, farmacêutico e automotivo mantêm posição de destaque, tanto no mercado interno quanto nas exportações. A área petroquímica de Paulínia também contribui significativamente para a balança comercial da região, mesmo diante de adversidades econômicas.

A análise do Ciesp Campinas reforça a necessidade de ações estratégicas para fortalecer a indústria regional e garantir um crescimento sustentável em um cenário de incertezas econômicas.

Foto 1 – Primeiro vice-diretor do Ciesp Campinas, Valmir Caldana, diretor titular do Ciesp Campinas, José Henrique Toledo Corrêa e diretor-adjunto do Departamento de Comércio Exterior do Ciesp Campinas, Marcos Eugênio.

Foto 2 – Entrevista coletiva do Ciesp Campinas.

Crédito: Roncon & Graça Comunicações.

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