INDÚSTRIA TEM DÚVIDAS COM RELAÇÃO A NOVOS INVESTIMENTOS

As
empresas da região metropolitana de Campinas ainda estão apreensivas com
relação a novos investimentos em função da instabilidade econômica no Brasil e
no mundo. Isso foi o que evidenciou a última pesquisa de sondagem industrial
elaborada pelo Centro de Pesquisas Econômicas da Facamp (Faculdades de
Campinas) em parceria com o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo
(Ciesp) regional Campinas. A sondagem industrial evidencia que grande parte das
indústrias está operando abaixo da sua capacidade instalada de produção e em
função disso falta disposição para novas contratações.

A
pesquisa identificou no mês de julho um aumento considerável das importações de
máquinas e de equipamentos e a inexistência da chamada importação benéfica,
isto é, a importação motivada por investimentos em máquinas e equipamentos. Além
disso,  o peso das importações no
faturamento das empresas tem crescido. Neste mês, a pesquisa mostra que para
1/3 das empresas que importam, a parcela das importações representa entre 26% e
50% do seu respectivo faturamento.

Por
outro lado, o crescimento das vendas no varejo, as medidas de estímulo à
produção empreendidas pelo governo federal, como redução do Imposto de Produtos
Industrializados para o setor automobilístico e da linha branca, desoneração da
folha de pagamento para alguns setores e a queda das taxas de juros têm
propiciado efeitos positivos na indústria da região.

Os
empresários da região também estão otimistas com relação aos recentes anúncios
feitos pelo governo de investimentos em logística. Para o diretor titular do
Ciesp Campinas, José Nunes Filho, são medidas importantes. “São mais de R$ 130
bilhões de invetimewnto privado, o que faz com que aquilo tudo que nós temos
reclamado durante todos esses anos de que falta investimento em infraestrutura,
que o governo não tem estrutura para investir, que não tem dinheiro, não tem
capacidade de gestão, a corrupção é muito alta, então só tem um caminho que é a
privatização e é o que o governo está fazendo agora. É preciso que essa privatização
seja realista, que permita taxas de retorno para esses investidores porque eles
não vivem de brisa e tem que ter lucro no negócio deles. É preciso também que
nós tenhamos alguma queda na taxa tributária porque se nós vamos pagar mais
pedágios nós tínhamos que parar de pagar IPVA porque o governo não vai ter que
fazer manutenção de estradas ou construção de estradas”, destacou.  

A
pesquisa de sondagem industrial aponta uma redução dos estoques das empresas
desde abril, impulsionado por um ligeiro aumento na parcela de respondentes que
assinalou crescimento nas vendas. O destaque positivo deste mês fica por conta
do indicador de inadimplência, que deixou de crescer na visão dos empresários.
Em julho de 2011, 74% dos empresários consultados assinalaram aumento da
inadimplência, ante 41% registrado nesta pesquisa (queda de 33 pontos).  Além disso, 59% consideram que a
inadimplência se manteve inalterada

O número de respondentes que
consideraram que houve diminuição dos estoques aumentou em 13,3 pontos
percentuais, em relação ao mesmo mês anterior. Em sentido complementar, decaiu
a porcentagem de respondentes que assinalaram ter havido aumento de seus
estoques: 31,4% em junho, para 24,1%. Variação de 7,3 pontos percentuais.

Em relação à variação dos estoques, o
número de empresários que consideraram que seus estoques ficaram abaixo do
nível esperado, aumentou em 13,3 pontos percentuais. Dos que consideraram que o
estoque permaneceu acima do esperado, o percentual diminuiu 7,3 pontos.

Para
o coordenador da sondagem, Professor Rodrigo Sabbatini, o pior já passou e a
tendência é de que os indicadores da pesquisa melhorem e que apesar da
incerteza, os empresários pretendem retomar o crescimento. “Há indícios de que
aparentemente o industrial da região está com vontade de retomar o crescimento
observado no ano passado. Ainda é cedo para dizer se isso vai ser suficiente
para apontar um crescimento muito significativo como gostaríamos, mas posso
dizer com absoluta certeza de que o pior que nós vivemos no primeiro semestre
de 2012 já passou para a indústria da região”, diz.

Os
dados sobre a utilização da capacidade instalada de produção em julho de 2012
são inferiores em relação ao mesmo período de 2009 a 2011. O número de
respondentes que utilizaram entre 80,1% e 100% de suas capacidades instaladas
de produção reduziu 14,4 pontos percentuais na comparação com o mesmo período
do ano passado, e atingiu ínfimos 3,4%. A redução é ainda mais acentuada na
comparação 2010/2012, que apresenta queda de 24,9 pontos, considerando o mesmo
estrato. O número de respondentes que utilizaram entre 50,1% e 80%, na
comparação entre os meses de julho de 2011 e 2012, elevou 6,8 pontos.

Com
relação aos investimentos planejados pelas empresas da RMC a pesquisa aponta
que os empresários estão cautelosos. Ao comparar os meses de julho de 2012 e
2011 verifica-se elevação de 28,7 pontos percentuais no número de empresários
que não investirão ou diminuirão os investimentos planejados. O montante dos
empresários que irão aumentar os investimentos previstos caiu de 34,8%, em
julho de 2011, para 17,2%, ou seja, queda de 17,6 pontos percentuais. O
percentual de empresários que irão manter ou ampliar os investimentos teve
significativa redução. Apenas 34,5% planejam manter o investimento planejado,
redução de 11,2 pontos percentuais na comparação com o mesmo período do ano
anterior.

Na
variação do número de funcionários, o mês de julho de 2012 apresentou
resultados piores em relação aos mesmos meses da série analisada. Na comparação
com o ano anterior, verifica-se piora deste indicador. A quantidade de
respondentes que assinalaram diminuição no número de funcionários de suas
empresas, aumentou em 18,7 pontos percentuais. Acompanhando esse movimento,
houve uma redução de 8,3 pontos percentuais dos empresários que observaram
aumento do quadro de funcionários. Além disso, que pela primeira vez, nos
últimos quatro anos, o número de respondentes que assinalou estabilidade do
número de funcionários esteve abaixo dos 50%, ficando em 48,3% no mês de julho.

A
taxa de inadimplência aumentou para 41,4% dos respondentes em julho de 2012.
Trata-se de um número positivo, pois é 32,5 pontos percentuais menor do que o
verificado no mesmo mês de 2011. Mesmo que não tenha havido nenhum respondente
que considerou que o nível de inadimplência tenha diminuído, a parcela dos que
consideraram inalterada em relação ao mês anterior é significativa (58,6%).
Vale ressaltar a grande variação do mês de julho de 2012 para julho de 2011:
aumento de 54,3 pontos. Embora a situação da inadimplência registrada pelos
empresários da RMC esteja ainda critica, o fato desta ter deixado de piorar já
pode ser considerada como um indicador positivo.
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