
O avanço da Inteligência Artificial Generativa tem impulsionado inovações em diversos setores, mas também gerado sérias preocupações no campo da cibersegurança. Com tecnologias capazes de criar conteúdos realistas em segundos, como imagens, áudios e vídeos falsos — conhecidos como deepfakes —, o número de crimes cibernéticos aumentou significativamente. Segundo a Associação de Defesa de Dados Pessoais e do Consumidor (ADDP), o Brasil registrou um crescimento de 45% nesses crimes em 2024, o que significa que uma em cada quatro pessoas foi vítima de algum tipo de golpe online.
A especialista em governança de TI e cibersegurança Andrea Melo, CEO da A Melo IT Governance, afirma que é urgente acompanhar a evolução tecnológica com medidas de proteção digital mais robustas. Ela destaca que estamos diante de uma nova era de ameaças digitais, em que os ataques se tornaram mais sofisticados e, muitas vezes, imperceptíveis para o usuário comum. Embora a IA represente um avanço importante, seu uso malicioso permite fraudes altamente convincentes, colocando em risco empresas e pessoas físicas.
Entre os recursos mais alarmantes estão os deepfakes. De acordo com a plataforma de verificação de identidade Sumsub, o uso dessa técnica aumentou 830% no Brasil entre 2022 e 2023. Se inicialmente as vítimas eram figuras públicas e celebridades, hoje qualquer pessoa pode ser alvo de engenharia social e golpes de identidade. Outro tipo de ataque que preocupa é o phishing — envio de mensagens fraudulentas que induzem o usuário ao erro para capturar dados sensíveis. Estimativas da Redbelt Security indicam que mais de 3,5 milhões de brasileiros foram afetados por esse tipo de golpe no último ano.
Diante desse cenário, Andrea Melo ressalta a importância da prevenção, tanto no âmbito corporativo quanto no uso pessoal da tecnologia. Entre as medidas recomendadas estão desconfiar de conteúdos sensacionalistas, especialmente envolvendo figuras públicas; verificar informações em fontes confiáveis e reconhecidas; evitar clicar em links ou baixar arquivos de remetentes desconhecidos; utilizar senhas fortes e únicas com autenticação em dois fatores; e aplicar técnicas como anonimização e criptografia para proteger dados, principalmente em ambientes corporativos.
Mais do que investir em ferramentas, Andrea defende a necessidade de uma mudança cultural. Para ela, desenvolver pensamento crítico, desconfiar de informações não verificadas e manter-se atualizado são atitudes essenciais para garantir a segurança digital. Ela reforça que a educação digital é fundamental, com alertas constantes sobre comportamentos de risco. “O cibercriminoso está sempre inovando, e o usuário precisa estar um passo à frente”, afirma.
A especialista conclui que a evolução da inteligência artificial é um caminho sem volta e, por isso, a segurança digital precisa evoluir no mesmo ritmo. Segundo ela, não basta confiar em softwares de proteção: é fundamental compreender o contexto digital, agir com responsabilidade e promover uma cultura de cibersegurança em todas as esferas da sociedade.
Foto: Andrea Melo, CEO da A Melo IT Governance.
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