
Você já se viu afastando o rosto discretamente durante uma conversa por causa do mau hálito de alguém? A cena é desconfortável, tanto para quem sente quanto, especialmente, para quem precisa encontrar uma forma delicada de alertar um amigo, familiar ou colega de trabalho. Embora ainda seja um tabu, a halitose é mais comum do que se imagina e, o mais importante, tem solução.
De acordo com a Associação Brasileira de Halitose (ABHA), cerca de uma em cada três pessoas será afetada pelo mau hálito em algum momento da vida. E, embora a condição costume estar relacionada à saúde bucal, há uma série de outros fatores que podem estar por trás do problema.
Por que o mau hálito acontece?
A principal origem da halitose está na própria boca. A chamada saburra lingual, aquela camada esbranquiçada que se forma sobre a língua, além de problemas gengivais e cáries, responde por cerca de 90% dos casos. “Mas nem sempre é um problema de escovação”, destaca o cirurgião-dentista Edinei da Silva, da Unicamp. “O mau hálito também pode ser causado por questões gástricas, uso de certos medicamentos, desidratação e até jejum prolongado. Por isso, o diagnóstico correto é fundamental”, completa.
Em outras palavras, mesmo quem mantém uma rotina rigorosa de higiene bucal pode sofrer com halitose, caso haja outros desequilíbrios no organismo.
Halitose pode indicar desequilíbrios mais profundos
A terapeuta ortomolecular Vera Lúcia reforça que a saúde metabólica também tem papel importante na prevenção e tratamento do mau hálito. “Deficiências nutricionais, acúmulo de toxinas e alterações hormonais podem contribuir para o problema. Com uma alimentação adequada e suplementação orientada, é possível reverter muitos quadros”, afirma.
Cinco dicas para prevenir o mau hálito
Prevenção é sempre o melhor caminho. Especialistas indicam alguns cuidados simples, mas eficazes:
1. Escovar os dentes após cada refeição e limpar a língua com escova ou raspador.
2. Usar fio dental diariamente.
3. Beber bastante água ao longo do dia.
4. Evitar jejum prolongado.
5. Incluir alimentos ricos em clorofila, como couve, salsinha e espinafre.
Como abordar o assunto com alguém próximo?
O maior desafio, no entanto, costuma ser a comunicação. Afinal, como falar sobre algo tão íntimo sem causar constrangimento?
Para a Dra. Vera Lúcia, o segredo está na empatia e no cuidado. “O ideal é conversar em particular e com delicadeza. Uma abordagem respeitosa pode começar com algo como: ‘Posso te contar uma coisa com carinho, que talvez você nem perceba, mas pode ser importante para a sua saúde?’”, sugere.
Ela alerta ainda que piadas, indiretas ou comentários em público só agravam a situação e podem afastar a pessoa da possibilidade de buscar ajuda.
Acolhimento e informação
É importante lembrar que quem sofre com mau hálito geralmente não percebe o problema e por isso precisa ser acolhido, não julgado. Buscar um dentista ou profissional de saúde qualificado é o primeiro passo para um diagnóstico preciso e um tratamento eficaz.
Com informação, empatia e cuidado, é possível transformar um tema sensível em uma oportunidade de autocuidado e melhora na qualidade de vida para todos.
Foto: Cirurgião-dentista Edinei da Silva e a terapeuta ortomolecular Vera Lúcia.
Crédito: Divulgação.