
A mais recente Pesquisa Ibero-americana da Mipyme revelou um cenário de avanços e desafios para as micro, pequenas e médias empresas da região. O estudo, promovido pela Secretaria-Geral Ibero-americana (SEGIB), pelo Conselho de Empresários Ibero-americanos (CEIB) e pela Federação Ibero-americana de Jovens Empresários (FIJE), mostrou que, embora as Mipymes estejam cada vez mais engajadas em práticas sustentáveis e na transformação digital, ainda enfrentam entraves para se internacionalizar e crescer de forma consistente.
A pesquisa, que ouviu mais de 2.200 empresas de 22 países, servirá de base para o VII Fórum Ibero-americano da Mipyme, que será realizado nos dias 27 e 28 de novembro, em Tenerife (Espanha). O encontro tem como meta fortalecer o papel das Mipymes na economia ibero-americana, considerando que elas representam 98% das companhias da região.
Digitalização avança e se consolida
Entre os principais resultados, o levantamento aponta que 86% das empresas estão em alguma etapa de digitalização, um avanço impulsionado pela pandemia. Segundo Antonio Garamendi, presidente da Confederação Espanhola de Organizações Empresariais (CEOE), a crise sanitária acelerou a necessidade de adaptação tecnológica. “Antes da pandemia, as pequenas e médias empresas já enfrentavam sérias dificuldades para crescer. A partir dela, sua sobrevivência ficou em risco, e surgiu a necessidade de adotar medidas para protegê-las, especialmente em temas como digitalização, capacitação, internacionalização, informalidade laboral e acesso ao crédito”, explicou Garamendi.
Sustentabilidade ganha força
Metade das empresas pesquisadas (50,7%) afirmam ter um plano ou política de sustentabilidade, com foco sobretudo em ações ambientais. Para 25,8%, o principal motivo para a adoção dessas práticas é oferecer produtos e serviços que contribuam para a preservação do meio ambiente — uma tendência que reflete a crescente conscientização empresarial sobre o impacto ambiental e as demandas dos consumidores por soluções mais responsáveis.
Otimismo moderado entre os setores
A pesquisa também indica otimismo moderado quanto à economia: 59,3% das empresas acreditam que sua situação vai melhorar nos próximos meses. Os setores de Construção (43,5%) e Mineração (47,4%), no entanto, demonstraram uma visão mais cautelosa.
No que diz respeito às fontes de financiamento, 64% das empresas recorreram a recursos próprios para iniciar suas atividades. Apenas 14% obtiveram crédito bancário e 7% contaram com apoio de familiares ou amigos, o que revela uma dependência significativa do capital próprio e as persistentes dificuldades de acesso ao crédito formal.
Internacionalização ainda é um obstáculo
Apesar dos avanços em outros campos, a internacionalização segue como um dos principais gargalos. Apenas 35,6% das Mipymes exportaram nos últimos dois anos, enquanto 64,4% declararam não ter operações internacionais nem planos imediatos para isso.
Entre as razões mais citadas estão o desconhecimento sobre os mecanismos de acesso a mercados externos (33,2%) e a percepção de que seus produtos ou serviços ainda não são exportáveis (20,2%). Além disso, o relatório destaca entraves como barreiras burocráticas, dificuldades aduaneiras e limitações financeiras e tecnológicas. “A baixa presença nos mercados internacionais é um importante entrave para o crescimento. Em muitos casos, há uma desconexão com o mercado externo, restringindo as operações ao âmbito nacional”, aponta o documento.
Desafios e oportunidades
A pesquisa reforça a importância de políticas públicas e programas de apoio voltados à inovação, sustentabilidade e internacionalização das pequenas e médias empresas, fundamentais para o fortalecimento da economia ibero-americana.
Com o Fórum de Tenerife no horizonte, especialistas esperam que o debate avance em torno de medidas concretas para reduzir barreiras, ampliar o acesso ao crédito e promover a competitividade das Mipymes em um cenário global cada vez mais digital e sustentável.
Foto: Participantes do VI Fórum Ibero-americano da Mipyme.
Crédito: Divulgação.
