MULHERES AMPLIAM PARTICIPAÇÃO NO SETOR DE CONSTRUÇÃO CIVIL

O
segmento de construção civil passa atualmente por um forte aquecimento devido
às obras para a Copa do Mundo e Olimpíadas. O governo federal também tem
apostado no setor, investindo na construção de residências do Programa Minha
Casa Minha Vida e obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), além
dos cada vez mais crescentes empreendimentos imobiliários do setor privado.
O
investimento desse porte tem tornado o período escasso de profissionais
qualificados. Além disso, como em outras áreas, o mercado oferece melhores
oportunidades para os que investem em qualificação. Segundo o Instituto
Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), existem
atualmente mais de nove milhões de trabalhadores no segmento, dos quais 2/3
estão na irregularidade e não possuem boa qualificação.
O sócio
da Concretta Escola da Construção,
Miguel Pierre, disse que as mulheres tem se destacado e demonstrado interesse
em atuar no seguimento da construção civil. Para Miguel Pierre, as mulheres
estão atentas à estabilidade financeira oferecida pelo seguimento. A Concretta
é uma franqueadora especializada em cursos voltados para a construção civil. “A
mulher é mais cuidadosa, detalhista e especialista no combate ao desperdício.
Ao aplicar essas características no canteiro de obras temos como resultado um
serviço eficiente e com mais perfeição”, explica Pierre.
Dados da
Relação Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho e Emprego, apontam
que o número de mulheres atuando na Construção Civil aumentou 65% na década.
Nós últimos 18 meses o aumento foi de quase 10%, totalizando 239 mil
trabalhadoras até julho de 2012. Essa tendência é refletida no interesse das
mulheres por cursos de qualificação na área. Atrativos como salários a partir
de R$ 2 mil e a segurança de um emprego com carteira assinada fizeram com que a
diarista Edicéia Abadia da Silva, por exemplo, apostasse na área. Matriculada
no curso de Pedreiro da unidade de Taguatinga da Concretta, no Distrito
Federal, a mãe de dois filhos viu no exemplo dos irmãos e do pai a inspiração
para seguir na profissão. “A ideia é fazer também os cursos de eletricista e
pintor para ser uma profissional completa”, disse a diarista.
Não é
apenas para alcançar um bom emprego que as mulheres apostam na construção
civil. Ambiciosas, muitas querem ir além e abrir seu próprio negócio para
alcançar sua independência financeira. Este é o caso da corretora de imóveis
Euracy Martins do Nascimento, aluna do curso de pedreiro da Concretta. “Eu sou
muito curiosa e aprendi observando a fazer pequenos reparos na minha casa.
Agora quero trocar o piso e pensei que eu mesma posso fazer isso”, conta. Determinada,
a corretora pretende ainda aproveitar sua experiência na área de vendas para
montar sua própria empresa de reformas. “Quero montar um grupo só de mulheres.
A ideia é oferecer um serviço diferenciado e feito sob medida”, completa.

Centradas
e com alta capacidade de organização, as mulheres com nível universitário
também apostam no segmento. Estima-se que hoje elas já ocupem 35% das vagas no
ensino superior e técnico. Este é o caso da estudante de engenharia civil
Camila da Silva Antunes, aluna do curso de pintor de parede da Concretta. Ela
que já faz estágio na área aproveita o curso para se especializar e obter um
diferencial no mercado de trabalho. Este também é o desejo de Laura do Socorro
Nunes, que sonha com a faculdade de arquitetura e vê no curso de pedreiro da
Concretta a forma de obter recursos para os estudos. “Meu pai também é pedreiro
e tem me apoiado muito na decisão”, disse.

Cheias de
determinação e planos, as mulheres que apostam na construção civil aos poucos
rompem o paradigma de que não podem atuar em um canteiro de obras. Segundo
Sidney Bezerra, também sócio da Concretta, com a entrada das novas tecnologias
no setor, a força física deixou de ser o principal atributo do trabalhador da
área. “Nossos cursos tem o diferencial de formar profissionais completos,
independentemente do sexo, por isso, investimos em uma grade curricular que une
a teoria com a prática, além de disciplinas como matemática financeira e
português”, explica.
Na
unidade piloto da Concretta são oferecidos atualmente sete cursos que custam 12
parcelas de R$ 149. Os cursos têm duração de três horas semanais, podendo ser
dividas duas vezes por semana ou apenas no sábado. “Desta forma também podemos
atingir as pessoas que trabalham durante a semana e dispõem apenas do fim de
semana para estudar”, explica Miguel. Segundo o empresário, como únicos
requisitos o aluno deve ser maior de 18 anos e ter ensino fundamental completo.
Ao final
do curso, os formandos que se destacarem são encaminhados para o mercado de trabalho
por meio de uma agência de recrutamento que funciona dentro da unidade. Essa
facilidade se dá em decorrência da parceria direta da Concretta com grandes
construtoras. E para incentivar que mais mulheres invistam na carreira, Sidney
Bezerra explica que a Concretta vai oferecer um serviço especial para suas
alunas. “A ideia é encaminhar para as construtoras um grupo só de profissionais
do sexo feminino. Assim, além de incentivarmos a igualdade entre os sexos,
também daremos a oportunidade das alunas colocarem em prática todas juntas o
que aprenderam”, finaliza.
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