NA ERA DA DEMAGOGIA, OS RESULTADOS SÃO VERIFICADOS TARDIAMENTE

COLUNA DO CONSULTOR DE EMPRESAS JORGE CARLOS BAHIA

A demagogia é considerada como a capacidade de conduzir pessoas para que tenham e mantenham um determinado posicionamento, com base na exposição de ideias e propostas. O resultado desse convencimento será identificado em momentos posteriores, após o período de amadurecimento das ações e propostas que foram alvo das exposições convencedojorge bahia nova 2_DSC0021ras da população.

Normalmente, esses resultados podem não ser os melhores, visto que o suporte para a ocorrência partiu de uma pessoa ou de um grupo de pessoas que objetiva explorar aquele determinado assunto. Os impactos são diversos: às vezes não é detalhado ao público-alvo do convencimento os impactos das ocorrências propostas, ou não há um estudo aprofundado sobre elas ou, até mesmo, não são apresentados os planos de correções para os resultados não esperados.

Tivemos recentemente uma ocorrência que muitos classificam como fruto de discurso demagógico. A saída do Reino Unido da União Europeia, o chamado Brexit, teve entre os incentivadores da proposta de saída, o discurso a favor de uma política anti-imigrantista. Críticos entendem que nesse ponto ocorreu o discurso demagógico ao se explorar que todo mal ocorrido na região – incluindo problemas em sistema de saúde, segurança, emprego, etc. que resultaram em um alerta de possível agravamento da situação social e econômica – tinha como origem o trânsito dos imigrantes.

Questões referentes às barreiras burocráticas que provavelmente serão implantadas e terão relação direta com a circulação de pessoas, incluindo entraves na realização de atividades profissionais na ocupação de postos de trabalhos em toda a região (inclusive por cidadãos da Grã Bretanha), não foram bem exploradas, segundo especialistas.

Da mesma forma, questões alfandegárias e tarifárias para comércio de mercadorias e mercado financeiro também não tiveram plena análise. Não houve, também, o detalhamento de como as indústrias localizadas na Grã Bretanha reagiriam. Surge uma grande problemática, as empresas precisarão buscar a realocação no mercado comum e em outros países da União Europeia, em vez de terem as suas transações comerciais subordinadas a questões e controles aplicáveis a entradas e saídas de produtos no país.

Em resumo, conclui-se que a população não teve todas as informações que seriam necessárias como suporte à avaliação de todos os impactos que uma decisão tão importante traria para a coletividade. O principal enfoque de problemas que foi explorado, os imigrantes, venceu no convencimento à população.

Nessa decisão, chamou atenção, de forma específica, o placar apertado de 51,89% contra a permanência a 48,11% a favor. Após a votação, os eleitores expressaram posicionamentos confusos, admitindo não terem entendido profundamente os impactos prós e contras de sua decisão.

Fica aqui uma lição para quem acompanhou a distância essa situação. É fundamental buscar detalhes, entender impactos, analisar planos de ação e correção para um posicionamento de tamanha importância.

Para nós, questões comerciais com a Grã Bretanha podem se tornar mais acessíveis. Nossos produtos têm chances de se tornarem mais competitivos e acordos bilaterais devem estar na mira do Governo, inclusive como parte da política de incentivo às exportações. Assim, a suposta demagogia com a identificação de resultados tardios pode trazer situações positivas para a indústria nacional.

 

Jorge Carlos Bahia, bacharel em administração de empresas, contador, consultor de empresas, palestrante, professor em cursos profissionalizantes, sócio proprietário do Grupo Bahia Associados,  com experiência profissional de mais de 20 anos em empresas multinacionais atuando na área fiscal,  tributária, contábil e controladoria.

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