O OTIMISMO DAS EMPRESAS FAMILIARES BRASILEIRAS

ARTIGO DE EDMILSON MONUTTI

O ano de 2020 foi desafiador para todos ao redor do mundo. Nas empresas familiares, a saúde e a segurança das pessoas foram prioridades, enquanto seus líderes reconfiguravam as operações para combater a retração da economia e a incerteza sobre o futuro. Apesar desse cenário, nossa Pesquisa Global de Empresas Familiares 2021 mostra que o otimismo dessas organizações em relação ao crescimento neste ano e no próximo permaneceu alto, especialmente no Brasil.

As metas das empresas familiares no País são ambiciosas para o período: 78% delas esperam ver crescimento já neste ano e 85% no próximo, segundo o levantamento.A perspectiva positiva deve-se ao forte desempenho no último ano financeiro (antes da Covid-19), no qual 63% delas experimentaram crescimento e apenas 13% registraram redução nas vendas.

Os dados demonstram que as empresas familiares responderam rapidamente aos desafios impostos pelo Covid-19, indo buscar força e inspiração nos seus valores e propósitos. Isso fez toda a diferença na velocidade e coerência da resposta à crise.No Brasil, o estudo da PwC indica que 23% dos respondentes estão se concentrando em proteger seu negócio principal, garantindo que sobreviva a essa fase. Em um prazo mais longo, 80% das empresas familiares brasileiras querem proteger o negócio como o bem mais importante da família, semelhante às respostas obtidas em outros países.

O relatório também destaca que as principais prioridades nos próximos dois anos são a expansão para novos mercados e segmentos de clientes, o aumento do uso de novas tecnologias e a digitização, o aprimoramento das capacidades digitais e a introdução de novos produtos e serviços.Porém, somente 28% das empresas familiares brasileiras acreditam ter fortes recursos digitais e 32% afirmam que eles não são prioridade, em comparação com a média global de 38% e 29%, respectivamente. Isso é algo a ser repensado pois

há sinais claros de que esses recursos conferem agilidade e sucesso: 71% das empresas brasileiras com fortes recursos digitais tiveram crescimento pré-Covid em comparação com 60% das empresas que não os têm.

Assim como entendem a importância da tecnologia, há evidências claras de que ter os valores da família na forma escrita se correlaciona fortemente com o sucesso e outros atributos positivos (incluindo boa comunicação, alinhamento familiar e transparência). Nesse sentido, 24% dos respondentes brasileiros afirmam ter em vigor um plano de sucessão robusto, documentado e comunicado.

A pesquisa, feita entre outubro e dezembro de 2020 com 2.801 participantes de 87 países (com 282 entrevistas realizadas no Brasil), aponta, no entanto, que as questões relacionadas à sustentabilidade estão mais abaixo na ordem de prioridade no Brasil quando comparadas com as respostas globais. Conforme o levantamento, quase metade dos respondentes brasileiros tem a responsabilidade de combater as mudanças climáticas e suas consequências. Mas apenas 44% garantem que a sustentabilidade está no centro de tudo o que fazem, ante 49% globalmente. No Brasil, somente 39% dos entrevistados têm uma estratégia de sustentabilidade desenvolvida e comunicada.

Em uma lista de prioridades para os próximos dois anos, 21% dos entrevistados brasileiros pretendem aumentar a responsabilidade da companhia e 7% têm a intenção de aumentar investimentos e atividades de forma a apoiar a comunidade local. Apenas 6% dos entrevistados têm planos para reduzir as emissões de carbono nos próximos 24 meses.

O estudo evidencia que, em tempos de incerteza como os atuais, a sobrevivência das empresas requer uma visão estratégica que possa ser alterada com agilidade por parte de seus líderes para se adaptar ao novo. E as organizações familiares não fogem à regra.

 

Edmilson Monutti é sócio da PwC Brasil

 

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