OPERAÇÃO CARNE FRACA PODE TRAZER EFEITOS DEVASTADORES NA REGIÃO DE CAMPINAS

Os efeitos da Operação Carne Fraca da Polícia Federal podem ser devastadores na região metropolitana de Campinas. A avaliação é do diretor do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) regional Campinas, José Nunes Filho. Segundo ele, cerca de 40 empresas atuam no setor farmacêutico veterinário na produção de medicamentos e aditivos para a área de produção animal e indústrias na área de nutrição animal de premix, de núcleos de alimentação, de aditivos para alimentação e de ração dentro da cadeia produtiva da carne na região de Campinas. “É uma das cadeias produtivas que mais emprega e envolve milhões de empregos e nós na nossa região vamos ser atingidos também porque temos uma parte significativa dessa cadeia produtiva em empresas farmacêuticas veterinárias e empresas que atuam na área de nutrição animal, que se as exportações brasileiras realmente caírem essas empresas vão ser atingidas. Nós vamos perder mercado e vamos ter que demitir na região”, diz.

O Ciesp Campinas divulgou o nível de empreg5800_DCI_Coletiva_Ciesp_Credito_Roncon&Graça Comunicaçõeso industrial na regional  no mês de fevereiro que registrou uma redução de 0,11%, o que representou a eliminação de 150 postos de trabalho. O resultado teve um impacto menor que o mesmo período de 2016 quando foram registradas 900 demissões. Apesar das demissões registradas em fevereiro, no acumulado do ano o índice é positivo em 500 postos de trabalho, face às 650 contratações realizadas em janeiro. Nos últimos 12 meses, o acumulado é de -3,13%, representando uma queda de aproximadamente 5.050 postos de trabalho.

O nível de emprego industrial no Ciesp Campinas no mês de fevereiro de 2017 foi influenciado pelas variações negativas de Equipamentos de Informática, Produtos Eletrônicos e Ópticos em 2,32%; Máquinas e Equipamentos de 1,28%; Produtos Químicos de 0,49% e Produtos Farmoquímicos e Farmacêuticos em 0,75% que influenciaram o cálculo do indicador total da região.

O diretor do Ciesp Campinas, José Nunes Filho, disse que apesar das 150 demissões registradas em fevereiro, o saldo ainda é positivo em 2017 com 500 contratações, no entanto, ainda existe um déficit de 15 mil desempregados registrado em 2016 e 2015. Para José Nunes Filho a retomada do crescimento das indústrias da região e a consequente recuperação dos postos de emprego perdidos virão em função de vários fatores e dependem não só da estabilidade econômica do país  com controle de gastos, baixa de juros, controle da inflação, mas também da concessão de crédito. “As empresas estão descapitalizadas, então elas necessitam de crédito e crédito a um custo razoável. Os bancos tem que baixar esse spread absurdo que existe, esse assalto e tem que haver dinheiro disponível. O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) tem que voltar a entrar no mercado e oferecer capital para investimento a custo baixo. A partir disso a retomada vem mais rápido. Nós já chegamos ao fundo do poço. Estamos sentindo uma certa estabilidade hoje, mas não um crescimento ainda. Temos que voltar a empregar, além de gerar empregos para os jovens que entraram no mercado e por isso precisamos de crédito agora”, defende.

O índice de confiança  do empresário industrial paulista registrou crescimento e atingiu 52,9 pontos em fevereiro. Com esse resultado, o indicador atinge o patamar acima dos 50 pontos após duas leituras pessimistas ocorridas em dezembro e janeiro. “Este índice é alto. Só falta capital. A vontade de investir é grande. O que nós estamos sentindo é que tem entrado muito capital estrangeiro no Brasil. Exemplo disso é a concessão dos aeroportos, onde todos foram vendidos com ágio considerável e comprados por empresas estrangeiras. Quem tem capital está investindo no Brasil. É preciso que o brasileiro também tenha capital para investir e para isso é preciso ter crédito”, finaliza.

Foto: Diretor do Ciesp Campinas, José Nunes Filho, ao centro, comenta sobre os efeitos da Operação Carne Fraca.

Crédito: Roncon & Graça Comunicações

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