
O Brasil deu um passo significativo ao se tornar um Estado-membro associado ao CERN (Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear), consolidando sua posição no cenário científico e tecnológico mundial. Esse movimento reflete a busca do país por maior protagonismo em áreas de ponta, como física de partículas, transferência de tecnologia e desenvolvimento de novas aplicações científicas.
O CERN, conhecido por operar o maior acelerador de partículas do mundo, desempenha um papel crucial no avanço da ciência fundamental. Desde sua fundação na década de 1950, mantém relações com o Brasil, promovendo intercâmbios entre cientistas e professores. Essa colaboração possibilitou não apenas avanços na compreensão da matéria, mas também o desenvolvimento de tecnologias que beneficiam áreas como saúde, energia, agricultura e tecnologia da informação.

De acordo com a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, a associação ao CERN permite ao Brasil reduzir significativamente sua curva de aprendizado em tecnologias de ponta. “Com essa experiência, temos acesso a equipamentos e protocolos que aceleram o desenvolvimento de tecnologias avançadas, com impacto direto em áreas como aeroespacial, saúde, TI e agricultura. Isso nos insere em cadeias globais de valor, garantindo uma posição estratégica na economia mundial”, afirmou a ministra.
Impactos para o Brasil
A associação ao CERN foi negociada ao longo de mais de uma década, com iniciativas iniciadas durante a gestão do então ministro Sérgio Rezende. Para Luciana Santos, este é um marco que abre novas possibilidades para o Brasil: “Essa integração nos dá acesso ao mercado de pesquisa e desenvolvimento do CERN, estimado em meio bilhão de dólares anuais. Além disso, permite ao Brasil participar de desafios científicos de alta complexidade, como as simulações do Big Bang, enquanto desenvolve tecnologias que têm impacto direto no cotidiano”.

O diretor-geral do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), Antônio José Roque, reforça o impacto positivo dessa associação para a infraestrutura científica brasileira. “O CERN é um ambiente único, onde tecnologias de altíssima complexidade são desenvolvidas para responder às grandes questões da ciência. O Brasil tem, no Sirius e em outros projetos do CNPEM, capacidades complementares que podem ampliar nossa colaboração internacional e nosso impacto científico”, destacou.
Roque também chamou atenção para o papel do Sirius no cenário global, complementando os esforços brasileiros de inovação: “O Sirius é hoje um dos aceleradores mais avançados do mundo e demonstra nossa competência científica e tecnológica. Com a parceria com o CERN, podemos desenvolver soluções que vão desde o diagnóstico de doenças até avanços em materiais energéticos”.
Investimentos estratégicos
A decisão do governo de investir em ciência e tecnologia está alinhada com iniciativas nacionais, como o projeto Sirius e o futuro projeto Orion, que será único no mundo ao combinar linhas de luz com laboratórios para manipulação de patógenos como vírus e bactérias. Ambos estão incluídos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Segundo Luciana Santos, o presidente Lula tem dado atenção especial a essas iniciativas. Durante visita às instalações do Sirius, ele ressaltou o impacto estratégico do projeto e a importância de ampliar investimentos nessa área. “O Sirius e o Orion são demonstrações claras de decisão política em priorizar a ciência e a inovação como motores do desenvolvimento do país”, disse a ministra.
Antônio José Roque acrescentou que o investimento contínuo em ciência básica é essencial para o futuro. “Não se trata apenas de atender às demandas imediatas, mas de construir capacidades que coloquem o Brasil na liderança científica e tecnológica. A parceria com o CERN nos posiciona nessa direção, permitindo trocas de conhecimento e desenvolvimento de tecnologias inovadoras”, afirmou.
Um divisor de águas para a ciência brasileira
A associação ao CERN marca um divisor de águas para o Brasil, reforçando sua presença em iniciativas científicas globais e abrindo caminhos para avanços tecnológicos com aplicações em diversas áreas. Luciana Santos destacou o significado desse momento: “É um compromisso com o futuro, um movimento que consolida o Brasil como um protagonista científico e tecnológico”. Ao integrar-se às cadeias globais mais dinâmicas da ciência e da economia, o Brasil assume um papel de destaque, garantindo acesso a conhecimentos avançados e impulsionando seu potencial inovador. Com isso, reafirma-se como um país capaz de contribuir para os desafios mais complexos da humanidade, enquanto promove benefícios diretos para sua população.
Foto 1 – Ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos.
Foto 2 -Público participante do evento Brasil, Estado Membro associado ao CERN – Oportunidades para Empresas e Indústrias Brasileiras, no auditório do CNPEM.
Crédito: Comunicação/CNPEM.
Foto 3 – Diretor-geral do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), Antônio José Roque.
Crédito: Divulgação.