
Uma nova pesquisa divulgada pela Data-Makers, com apoio da ONG Gerando Falcões e da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), aponta que o consumo das classes D e E deve crescer significativamente em 2025. O estudo, intitulado “Brasil Invisível: Insights sobre o consumidor de baixa renda”, mostra que 59% dos brasileiros com renda de até dois salários mínimos pretendem aumentar seus gastos ainda este ano, número superior à média da população geral, que é de 57%.
Consumo em alta e autonomia digital
Os dados revelam que o apetite por compras entre os consumidores de baixa renda não apenas continua ativo, como também supera o de outras faixas sociais. Apenas 6% dos entrevistados das classes D e E afirmam ter intenção de reduzir os gastos em 2025. Outro ponto que chama atenção é a preferência pelo celular como canal de compras: 49% utilizam o aparelho como principal meio de consumo, ultrapassando a média nacional de 46%. Segundo Fabrício Fudissaku, CEO da Data-Makers, esses dados derrubam estereótipos importantes. “Não há retração de consumo entre os mais pobres, nem dependência de canais físicos. A baixa renda mostra claro apetite de consumo e plena autonomia digital”, afirma.
Amostragem ampla e metodologicamente sólida
A pesquisa foi realizada entre abril e maio de 2025 com 2.465 entrevistas online, das quais 1.331 foram com consumidores das classes D e E, segundo critérios da Associação Brasileira de Estudos Populacionais (ABEP). A amostra representa todas as regiões do país: Sudeste (38%), Nordeste (25%), Sul (16%), Centro-Oeste (12%) e Norte (9%). Todos os participantes têm mais de 18 anos.
Consciência social e escolhas éticas
Outro destaque do levantamento é a preocupação do consumidor de baixa renda com causas sociais, ambientais e éticas. Questões como os direitos dos idosos (88%), a inclusão de pessoas com deficiência (87%) e a sustentabilidade (79%) estão entre os temas mais valorizados por esse grupo. Fudissaku destaca que essa preocupação vai além do status social e reflete um compromisso genuíno com a comunidade. “Essa postura revela que a solidariedade e a empatia fazem parte do cotidiano da periferia, indo além do poder aquisitivo”, ressalta.
Além disso, 73% dos consumidores das classes D e E priorizam produtos zero açúcar, demonstrando uma busca crescente por uma alimentação mais saudável — liderando inclusive esse comportamento em relação às demais classes sociais.
Conectividade e consumo de mídia diversificado
A pesquisa também aponta que 91% dos consumidores das classes D e E acessam a internet todos os dias. As redes sociais mais utilizadas são o Instagram (77%), Facebook (71%), TikTok (50%) e YouTube (70%). A TV aberta segue presente no cotidiano, com 65% de audiência diária. A simultaneidade entre o consumo de mídias tradicionais e digitais é uma característica marcante, o que exige das marcas estratégias de comunicação que dialoguem com essa realidade multiplataforma. “A comunicação eficaz para a periferia exige estratégias que respeitem a rotina multiplataforma desse público”, afirma Fudissaku.
Reconhecimento e oportunidade para as marcas

Para Sérgio Rocha, CMO da Gerando Falcões, o estudo é uma ferramenta importante para desmistificar a forma como o consumo nas favelas e periferias é tradicionalmente percebido. Ele defende que o consumidor de baixa renda é moderno, conectado e culturalmente influente. “As marcas que desejam conquistá-lo devem investir em representatividade, comunicação inclusiva e estratégias digitais otimizadas”, afirma.
Rocha lembra ainda que as favelas brasileiras movimentam mais de R$ 200 bilhões por ano, mas que esse mercado ainda é subestimado por muitas empresas. O levantamento, portanto, aponta para uma lacuna de oportunidades: as marcas que enxergarem esse público como estratégico poderão estabelecer relações mais autênticas, duradouras e bem-sucedidas.
Foto 1 – Fabrício Fudissaku, CEO da Data-Makers.
Foto 2 – Sérgio Rocha, CMO da Gerando Falcões.
Crédito: Divulgação.