POR QUE NÃO É TÃO SIMPLES SAIR DE UM RELACIONAMENTO ABUSIVO?

Na teoria, as coisas muitas vezes parecem ser mais simples do que realmente são, especialmente quando tratamos de relacionamentos. É por isso que, olhando de fora, parece evidente que terminar o compromisso seja a solução parar sair de uma relação abusiva. Entretanto, além de existirem relacionamentos abusivos de todos os tipos, e não apenas entre casais, colocar um ponto final na ligação está longe de ser assim tão simples. Na maioria das vezes, porque pode ser extremamente difícil identificar o que é abuso.

O mês de agosto, juntamente com a cor lilás, foram escolhidos para simbolizar a luta contra a violência em mulheres e este ano também comemora 16 anos da lei Maria da Penha.

As mulheres são as principais vítimas de relacionamentos abusivos, de acordo com a ONU e toda relação tóxica começa da mesma maneira, pautada em cima do controle, que é uma forma de violência que pode começar de modo muito sutil, disfarçada de ciúme protetivo, por exemplo, explica a psicóloga Vanessa Rodrigues. “A agressão, intimidação verbal ou psicológica, controle excessivo da autonomia, mexer no celular, computador, cartão de crédito, vigia, onde vai, tem discurso autoritário e controlador, justificado como um ato cuidadoso e de amor”, elenca Vanessa.

E quando entra em cena a carência, a mulher se engana e não percebe que controlar crenças, roupas, amizades, comportamentos e compromissos seja uma forma de violar o espaço do outro. “A vítima acredita que o parceiro faz isso porque a ama demais, mas esse controle vai aumentando gradativamente e a mulher, por sua vez, começa a se acostumar com ele, como se fosse banalizando esse abuso, esse sufocamento. Então, a tolerância vai aumentando”, explica a psicóloga.

Vanessa Rodrigues ressalta que existe uma enorme diferença entre ceder e agradar: “A mulher começa encontrar justificativas para esses abusos e vai se afastando do seu eu, por algum medo, inclusive o de perder, e vai se submetendo cada vez mais às situações impostas”, destaca a profissional.

O jogo psicológico vai ficando tão intenso que, em determinado momento, a vítima começa a se culpar pelo que está sentindo e vivendo. Isso porque as falas do abusador dão a entender que ela está sendo mal-agradecida, que nunca ninguém a amará como ele a ama, que ele só se comporta assim por culpa dela. “A vítima começa a pedir desculpas, vai adoecendo, tanto física quanto psiquicamente, enlouquecendo e enfraquecendo nas suas razões. Só que ainda assim não percebe que tem algo de tóxico na relação. Ela se sente incapaz”, completa.

A especialista diz que não é tão simples sair de um relacionamento abusivo porque as formas de abuso psicológico podem ser muito sutis e a pessoa tende a ir se acostumando com as violências cotidianas e passa a se sentir culpada pela situação. “A ameaça econômica é real e gera muito medo na vítima, além disso o nosso cérebro utiliza alguns mecanismos de defesa que podem nos fazer mascarar a verdade e dar aquela sensação de incapacidade”, destaca.

Mesmo quando a pessoa percebe que está em uma relação tóxica, sair pode ser um grande desafio, mesmo quando há vontade. Além do medo e do psicológico abalado, a vergonha de pedir ajuda e de expor a situação para os outros pode atrasar o término.

“O primeiro passo, é pedir ajuda para alguém de confiança ou canais de apoio a mulher na cidade onde reside. É necessário ter uma comunicação clara sobre o relacionamento, para que “recaídas” não aconteçam e é de extrema importância ter acompanhamento psicológico”, pondera a psicóloga.

 

Foto: Psicóloga Vanessa Rodrigues.

Crédito: Divulgação.

 

 

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