PROCESSOS DE INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NO SETOR DE PISOS E REVESTIMENTOS CERÂMICOS BRASILEIRO

ARTIGO DO PROFESSOR ARNALDO FRANCISCO CARDOSO

A cada nova edição de feiras internacionais (Milano Design Week, Cersaie, entre outras) em que o setor de pisos e revestimentos cerâmicos ocupa papel destacado, tem sido cada vez mais freqüente a apresentação de novos produtos e soluções desenvolvidos através de interações significativas entre processos de inovação e princípios de sustentabilidade econômica, ambiental e social.professor arnaldo image1

Também no Brasil, refletindo as tendências internacionais, viu-se na última edição da Expo Revestir, a mais importante feira do setor da construção civil realizada no país, por meio das muitas empresas participantes, uma série de novos produtos e soluções resultantes das interações acima referidas.

Isso não é trivial uma vez que revela um importante estágio de amadurecimento do setor cerâmico brasileiro pois, cada novo produto ou solução apresentado, tem por trás de si uma complexa rede de interações significativas entre diferentes agentes como indústrias (inclusive as correlatas), prestadores de serviços, instituições de pesquisa e agências de governo.

É importante ressaltar que compreender a inovação como processo que requer o reconhecimento da necessidade de processos de gestão de inovação envolvendo, como a literatura especializada aponta, prospecção, ideação, construção de estratégia, mobilização de recursos, implementação e avaliação.

Outra dimensão não menos relevante é o desenvolvimento de uma cultura de inovação, particularmente difícil de ser alcançada num país onde a industrialização se deu voltada para dentro e protegido da competição internacional, como é o caso do Brasil. Inovar exige correr riscos, a criatividade deve ser estimulada e a intuição deve converter-se em ferramenta complementar nos processos de tomada de decisões.

Entre as tecnologias inovadoras que nos últimos anos promoveu uma revolução técnica e estética no setor é a tecnologia de impressão digital em cerâmicas para pisos e revestimentos, que permitiu o atendimento do desejo do consumidor de trazer para ambientes internos a beleza de elementos da natureza como o mármore e a madeira, sem precisar extrair tais materiais do meio ambiente, revelando assim a face de sustentabilidade dessa tecnologia. Seu avanço veio com o Full-HD ampliando a qualidade dessa reprodução de padrões da natureza para a cerâmica, descartando a extração desses recursos naturais do meio ambiente.

Outro exemplo dessas inovações integradas com princípios de sustentabilidade são os porcelanatos em “grandes formatos” que já ganharam o gosto europeu e gradualmente se apresenta ao público brasileiro. São peças que podem medir 1,80X3,00 m e que, além

do caráter inovador no que diz respeito aos usos que ultrapassam os empregos tradicionais de revestimentos para pisos e paredes, sendo usados em bancadas, pias, móveis, entre outros. Sua maior resistência e menor espessura e peso contribuem com a economia no uso da matéria-prima principal, a argila. Também destaca-se o fato de que, essas peças em grandes formatos substituem o emprego de pedras e rochas, e também madeiras, recursos naturais não renováveis cuja extração gera impactos ambientais negativos.

É possível também identificar inovações no que tange a extração e tratamento da argila, matéria prima essencial para a produção de pisos e revestimentos cerâmicos. O uso de energia limpa em todo o processo produtivo, o tratamento e reuso da água e a reciclagem de rejeitos são alguns dos principais desafios que muitas indústrias do setor cerâmico brasileiro tem enfrentado, assumindo seu compromisso com o desenvolvimento sustentável.

Melhorar e fortalecer o ecossistema de inovação no setor cerâmico brasileiro, ampliando e aprofundando as parcerias entre seus diferentes stakeholders, é imperativo para a prosperidade do setor e por extensão do país que se beneficia com setores inovadores e sustentáveis.

Arnaldo Francisco Cardoso, professor de comércio e negócios internacionais da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Desenvolve pesquisa sobre a cadeia produtiva da cerâmica no Brasil.

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