
A discussão sobre o uso de celulares nas escolas é um tema que desperta muitas reflexões, especialmente, diante das rápidas transformações tecnológicas e sociais que vivemos. Embora a proibição esteja em pauta como possível resposta aos riscos provocados pelo uso excessivo dos aparelhos, ela pode não ser a melhor abordagem, considerando a realidade de uma sociedade digitalizada. Neste contexto, o diálogo sobre a regulação do uso desses dispositivos torna-se essencial para conciliar o desenvolvimento pedagógico e o uso responsável da tecnologia.
Os dados de um levantamento feito pelo IBGE em 2021 mostram que mais de 82% das crianças e dos adolescentes brasileiros com mais de 10 anos de idade estão conectados à internet e desses, 99% usam o celular como principal dispositivo para acessar sites e aplicativos, o que endossa o fato de que o mundo online faz parte da realidade da maioria da população.
Se por um lado, a internet pode aproximar as pessoas e abre muitas possibilidades de aprendizado e entretenimento, por outro, há o risco de exagero no tempo conectado, de acesso a conteúdos inapropriados quando falamos de crianças e adolescentes.
A Comissão de Educação da Câmara dos Deputados aprovou recentemente um projeto de Lei que proíbe o uso de celulares e equipamentos eletrônicos nas escolas e agora o projeto de lei precisa passar pela Comissão de Constituição e Justiça antes de ser votado no plenário da Casa.
A proibição do uso do celular nas escolas é defendida pela Organização Mundial da Saúde e pela Unesco. Países como Bélgica, Espanha e Reino Unido já baniram o celular das salas de aula, embasados em estudos que relacionam baixo desempenho acadêmico com o uso excessivo das novas tecnologias. Porém, o tema é complexo e vem recebendo algumas visões contrárias da sociedade e de educadores.
O diretor pedagógico do Colégio Crescer, Anderson Gama, explica qual é o ponto que ainda precisa ser debatido. “Não há dúvidas sobre os danos do uso excessivo dos celulares e o quanto são prejudiciais para o desenvolvimento intelectual e cognitivo do aluno, porém criar uma Lei que proíbe o usodo aparelho dentro das escolas, é atestar que as instituições não têm autoridade para isso”, salienta Anderson.
O educador defende a proibição nas escolas desde que seja uma regra de cada estabelecimento. “Será muito mais eficiente uma Lei que dê autonomia para cada escola criar a sua regra, sem ter que ficar se justificando judicialmente ou sendo questionada pelas famílias”, reforça.
Anderson também cita o papel dos pais nesse processo de restrição do acesso aos celulares. “As famílias precisam estar cientes e apoiar esse movimento para que seja eficaz. Muitos pais não querem esse conflito com os filhos, mas é algo necessário, cada um assumir o seu papel na educação das crianças e adolescentes. Se for necessária uma Lei para dizer tudo o que se pode ou não pode dentro da escola, significa que a instituição Escola está falida”, finaliza.
Foto: Diretor pedagógico do Colégio Crescer, Anderson Gama.
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