REUNIÃO DE CONJUNTURA SINDUSCON-SP DESAFIOS DO CENÁRIO DE INCERTEZAS

Aumentaram as incertezas em relação à demanda dos produtos da construção e dos preços dos materiais e serviços, comentou Eduardo Zaidan, vice-presidente de Economia do SindusCon-SP, na Reunião de Conjuntura da entidade, em 9 de março, com a participação do presidente do SindusCon-SP, Odair Senra.

Zaidan se posicionou contra medidas artificiais de represamento de preços e tarifas, pelos seus efeitos posteriores. De outra parte, segundo ele, apesar da queda recente, a tendência do câmbio a longo prazo ainda é de desvalorização do real.

O Diretor da Regional Campinas do SindusCon-SP, Marcio Benvenutti, avalia o quadro do setor no momento atual. “Os juros altos já constatados na prática, diminuem a capacidade das famílias adquirirem imóveis, reduzindo assim as vendas”, apontou.

Marcio Benvenutti acrescenta que, o aumento nos custos das matérias-primas continua pressionando o setor da construção civil, agora também em razão das incertezas geradas pela guerra Rússia e Ucrânia.

PIB da Construção

Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, observou em sua apresentação que o crescimento de 9,7% do PIB da construção (o maior desde 2010) surpreendeu positivamente. Se a construção não crescer mais nada nos quatro trimestres de 2022, pelo efeito carregamento o PIB do setor poderá se elevar cerca de 4% neste ano.

Para o resultado do PIB da construção em 2021 colaboraram tanto a elevação da ocupação no setor, como o aumento da produção da indústria de materiais do setor, na comparação com 2020. A demanda das famílias por materiais, embora se mantendo alta, foi declinando ao longo do ano – tendência que poderá permanecer em 2022, observou a economista.

Já a construção formal registrou elevação do emprego no ano passado, com destaque para o segmento de serviços especializados, no qual o nível de abertura de novas vagas cresceu cerca de 15%. Segundo Ana Castelo a percepção do setor de edificações é de que a atividade vem crescendo, mantendo a geração de empregos. Mas o mesmo não acontece com a realização de novos negócios, impactados negativamente pela elevação dos juros do financiamento imobiliário e pelo aumento dos preços dos imóveis.

A mudança de cenário, com a elevação dos preços da energia, dos combustíveis e das commodities, deverá pressionar os custos do setor, junto com o reajuste dos salários previsto para o primeiro semestre, comentou Ana Castelo. Em sua opinião, estes e outros fatores, como a elevação dos preços dos serviços especializados, prognosticam um ano bastante desafiador para a indústria da construção.

De acordo com a economista, medidas populistas como novos saques do FGTS não ajudam no reequilíbrio fiscal, o que contribui para a manutenção dos juros elevados como única ferramenta para o controle da inflação.

Em relação à revisão da metodologia do INCC, Ana Castelo informou que futuramente ele refletirá a variação dos preços dos serviços, diminuindo o descompasso entre o indicador atual e os custos efetivos médios das construtoras.

Conjuntura em 2022

Para Robson Gonçalves, professor da FGV, o resultado global do PIB de 2021, de crescimento de 4,6% não surpreendeu, puxado principalmente pelo setor de serviços, e com destaque para a elevação dos investimentos. Mas diversas atividades do setor de serviços não voltaram ao nível anterior de pandemia, e alguns possivelmente permanecerão desta forma, como os gastos fora do domicílio, por conta do home office. “A aceleração do PIB no último trimestre poderá trazer um efeito carregamento de, no mínimo, +0,3% para o resultado de 2022, acrescentou. “A queda da taxa de câmbio, em função da elevação dos juros, era previsível, e só não prosseguiu devido à incerteza causada pela guerra aberta pela Rússia contra a Ucrânia. Caso o cenário eleitoral brasileiro ganhe previsibilidade, a taxa pode voltar a cair. Porém, alta das commodities pressionará pela elevação da inflação do país e a da construção, assim como o aumento dos preços dos combustíveis, num contexto inflacionário global”, disse.

 

Foto 1 – Diretor da Regional Campinas do SindusCon-SP, Marcio Benvenutti.

Foto 2 – Eduardo Zaidan, vice-presidente de Economia do SindusCon-SP.

Crédito: Divulgação.

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