RITMO DE ATIVIDADE DA CONSTRUÇÃO MINEIRA PERMANECE EM BAIXO PATAMAR

A Sondagem da Indústria da Construção de Minas Gerais continuou demonstrando retração da atividade em junho. Acompanhando a fraca dinâmica do setor, o número de empregados caiu, movimento que se mantém há quatro anos. Daniel Furletti_coordenador sindical Sinduscon_MG

No segundo trimestre de 2018, os empresários da Construção se revelaram mais insatisfeitos com a margem de lucro operacional e com a situação financeira de suas empresas, e notaram piora nas condições de acesso ao crédito. Em relação aos principais problemas enfrentados pela Indústria da Construção, a demanda insuficiente segue em primeiro lugar no ranking pelo oitavo trimestre seguido. Vale ressaltar a ascensão do item dificuldades na logística de transporte, que recebeu 9,5% de assinalações, enquanto não foi citado no trimestre anterior.

Os indicadores de expectativas continuaram sinalizando queda do nível de atividade, das compras de insumos e matérias-primas e dos lançamentos de novos empreendimentos e serviços nos próximos seis meses. Os empresários também preveem queda no número de empregados no curto prazo.

Desempenho da indústria da construção mineira – O índice de atividade da Construção ficou estável entre maio e junho, com 42,7 pontos. O indicador permanece abaixo de 50 pontos desde novembro de 2012 – valores abaixo de 50 pontos revelam queda da atividade. Na comparação com junho de 2017 (40,6 pontos), o índice cresceu 2,1 pontos.

O indicador de atividade em relação à usual aumentou 2,5 pontos, ao passar de 25,2 pontos, em maio, para 27,7, em junho. Apesar do crescimento mensal, o índice manteve-se bem abaixo de 50 pontos, o que significa que a atividade ficou aquém do padrão usual para junho.Construção civil

O indicador de número de empregados recuou 2,9 pontos na passagem de maio (43,3 pontos) para junho (40,4 pontos). Com o resultado, o índice afastou-se da linha de 50 pontos, apontando queda do emprego mais intensa do que a verificada no mês anterior. O índice ficou 0,3 ponto abaixo do registrado em junho de 2017 (40,7 pontos).

Condições financeiras da indústria da construção mineira – Os indicadores financeiros são divulgados trimestralmente e medem a satisfação dos empresários da Construção com o lucro operacional, com a situação financeira e com as condições de acesso ao crédito. Valores abaixo de 50 pontos indicam insatisfação dos empresários do setor.

Lucro operacional e situação financeira – No segundo trimestre de 2018, o índice de satisfação com a margem de lucro operacional revelou descontentamento dos empresários, registrando 29,1 pontos. O indicador foi 2,8 pontos abaixo do observado no primeiro trimestre do ano e 3,5 pontos inferior ao apurado no segundo trimestre de 2017.

O índice de satisfação com a situação financeira marcou 34,5 pontos, recuo de 1,3 ponto frente ao trimestre anterior e de 0,9 ponto em relação ao segundo trimestre de 2017. O indicador segue abaixo de 50 pontos desde 2013, revelando insatisfação dos empresários da Construção.

O índice que avalia as condições de acesso ao crédito marcou 25,8 pontos no segundo trimestre, o menor patamar registrado na série histórica, iniciada em 2009. O indicador recuou 3,9 pontos em relação ao apurado no primeiro trimestre de 2018, sugerindo que os empresários do setor perceberam piora nas condições de acesso ao crédito. Vale ressaltar que o índice segue abaixo da linha divisória de 50 pontos desde o quarto trimestre de 2011.produtividade-construcao-civil

 A demanda insuficiente foi apontada, pelo oitavo trimestre consecutivo, como o principal problema enfrentado pela Indústria da Construção. No segundo trimestre de 2018, essa opção foi destacada por 54,8% dos empresários.

A falta de capital de giro subiu da terceira para a segunda posição, com 21,4% das assinalações. No terceiro lugar do ranking apareceram empatadas a insegurança jurídica, a elevada carga tributária e a burocracia excessiva, com 19,0% das marcações.

Destaque para o item dificuldades na logística de transporte, que não havia sido apontado como um problema enfrentado pelos empresários do setor no primeiro trimestre, mas recebeu 9,5% das assinalações no segundo trimestre.

Os índices de expectativa demonstram a percepção dos empresários com relação à evolução do nível de atividade, dos novos empreendimentos e serviços, da compra de insumos e matérias-primas e do emprego para os próximos seis meses. Valores abaixo de 50 pontos indicam expectativas de queda.

Os empresários da construção civil esperam redução do nível de atividade nos próximos seis meses, conforme o indicador de 46,8 pontos em julho. O índice avançou 1,4 ponto em relação a junho.

Em linha com a perspectiva de desaceleração da atividade, é esperada redução das compras de insumos e matérias-primas, com índice de 46,9 pontos em julho. O indicador aumentou 1,5 ponto frente a junho.

O indicador de novos empreendimentos e serviços avançou 4,4 pontos na passagem de junho (43,0 pontos) para julho (47,4 pontos). Contudo, o crescimento não foi suficiente para reverter a queda anterior (7,9 pontos), e o índice continuou apontando recuo na expectativa de novos empreendimentos e serviços.

O índice de evolução do número de empregados ficou estável em relação a junho, marcando 45,5 pontos em julho. O indicador, que nos primeiros três meses do ano chegou a sinalizar expectativa de aumento no emprego da Construção, há quatro meses consecutivos revela perspectiva de redução das contratações nos próximos seis meses.

O índice de intenção de investimento recuou 4,1 pontos frente a junho (28,2 pontos), e registrou 24,1 pontos em julho. Com o resultado, o indicador acumula queda de 10,2 pontos em 2018. O índice de intenção de investimento varia de 0 a 100 pontos, e quanto maior o valor, maior é a intenção de investir.

Segundo o economista e coordenador do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Daniel Furletti, “os dados da pesquisa evidenciam como a incerteza eleitoral e o baixo ritmo de recuperação da atividade econômica interferem nas projeções de novos investimentos, o que impacta o crescimento do setor da construção civil, e por consequência, o desenvolvimento do País. Após quatro anos consecutivos de queda, o crescimento projetado para o setor, em 2018, é de apenas 0,5%”, ressalta.

Índice de Confiança da Construção atinge menor patamar em dois anos

O Índice de Confiança do Empresário da Indústria da Construção de Minas Gerais (Iceicon-MG) caiu 3,5 pontos em julho (39,6 pontos), frente a junho (43,1 pontos). Essa foi a quinta retração consecutiva do indicador, que atingiu seu menor nível desde julho de 2016 (39,3 pontos).

O índice permaneceu abaixo da linha de 50 pontos pelo quarto mês seguido, apontando falta de confiança dos empresários da construção mineira. O indicador foi 1,9 ponto inferior ao de julho de 2017 e acumulou recuo de 11,7 pontos em 2018. O Iceicon nacional também sinalizou falta de confiança dos empresários do setor e apresentou em julho (48,9 pontos), um modesto crescimento na comparação com junho (48,2 pontos).

O Iceicon-MG é resultado da ponderação dos índices de condições atuais e de expectativas, que variam de 0 a 100 pontos. Valores abaixo de 50 pontos indicam situação pior e expectativa negativa para os próximos seis meses, respectivamente.

O índice de condições atuais, que mede a percepção dos empresários com relação à situação atual dos negócios, mostrou pequeno crescimento entre junho (37,0 pontos) e julho (37,3 pontos). Vale lembrar que, em junho, o indicador registrou queda de 4,9 pontos, a maior em quase quatro anos. O resultado foi 1,2 ponto inferior ao de julho de 2017 (38,5 pontos). O índice encontra-se abaixo de 50 pontos desde novembro de 2012.

O indicador de expectativas, que sinaliza as perspectivas dos empresários para os próximos seis meses, registrou forte recuo (5,6 pontos) em julho (40,7 pontos) frente a junho (46,3 pontos). Essa foi a quinta queda consecutiva do indicador. Com o resultado, o índice mostrou o maior recuo mensal em 12 meses, e apontou pessimismo dos construtores pelo terceiro mês sucessivo, após oito meses de resultados acima de 50 pontos. “Os indicadores têm refletido que a leve recuperação do setor da construção civil e a animação entre os empresários não se consolidou. Há um desconforto com o presente e a desconfiança com o futuro diante de um cenário eleitoral ainda incerto e de como será o caminho fiscal adotado pelo novo presidente do Brasil. Dessa forma, os investimentos são postergados fazendo com que a economia continue em passos lentos”, avalia o coordenador e economista do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Daniel Furletti.

Foto 1 – Coordenador e economista do Sinduscon-MG, Daniel Furletti.

Fotos 2 e 3 – Operários trabalhando em obras de construção civil.

Crédito: Divulgação

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