SIMPÓSIO DISCUTE NOVO REGIME AUTOMOTIVO

A competitividade da indústria
automobilística brasileira, os efeitos do novo regime automotivo e as
tendências a partir de sua aplicação foram o tema central do “Simpósio SAE
BRASIL de Tendências e Inovação na Indústria Automobilística”, realizado
nesta quarta-feira (22), em São Paulo. O especialista e líder de Projetos do
Setor Automotivo na Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Bruno
Jorge anunciou que as novas regras do regime automotivo devem ser publicadas
nos próximos 15 dias. Jorge adiantou que, mesmo com o lançamento da lei e do
decreto a ser anunciado, restarão definições, como a certificação de origem de
componentes para a avaliação do índice de nacionalização dos veículos. “Casar
incentivos com a regulação é o que se espera do novo regime automotivo”, disse.

O diretor da IHS Global Insight, Paulo Cardamone destacou a importância da
regulamentação de normas para o desenvolvimento da tecnologia. “O mundo evoluiu
mais que o Brasil em tecnologia, porque tem regulamentação, e o novo regime
automotivo é a grande chance de o País competir globalmente”, disse. Para o
consultor, o Brasil não pode perder a visão do contexto global e deve se
concentrar em atrair novos talentos para o setor automobilístico e o papel do
governo é incentivar a competitividade.

O membro do Conselho Administrativo do Banco Fator, Manoel Horácio da Silva, destacou
que o momento brasileiro é de incertezas diante do endividamento das famílias
brasileiras e da perspectiva de uma estabilização em baixa, o que inibe
investimentos. “Depois da crise de 2008 surfamos na onda do crescimento do
mercado, hoje enfrentamos mudança na demanda de consumo com crescimento mais
fraco; apesar da reação da indústria automobilística, o Brasil vai crescer
menos”, comentou. Silva aposta em porcentual inferior a 2% de crescimento para
a economia este ano, contra os prognósticos de 4,5%, e diz que o País corrigiu
a rota para o rumo certo. “A ficha caiu; acelerar o crescimento por meio do
investimento, e não do consumo”, analisou o conselheiro do Banco Fator.

No debate sobre inovação e carreira (engenharia), Marcel Oliveira,
vice-presidente de Recursos Humanos, Comunicação e Assuntos Corporativos da
Schaeffler Brasil, e Norberto Klein, diretor de Recursos Humanos da Fiat, defenderam
a inovação como alavanca para a carreira dos engenheiros em suas empresas. “A
inovação deve estar no DNA da empresa, não se departamentaliza”, disse Marcel
Oliveira, que desenvolve na Schaeffler ferramentas para o modelo de gestão de
pessoas com foco em inovação. Klein citou o projeto do FIAT MIO como símbolo da
política da empresa para o desenvolvimento de talentos por meio da inovação.
“No projeto, o internauta desenhou o carro do sonho e a Fiat interpretou como o
veículo deveria ser, num processo totalmente inovador; o MIO nos trouxe uma
nova relação com as pessoas”, contou Klein.

O diretor da SAE INTERNATIONAL, Andrew Smart, chamou a atenção para o fato de
que a falta de engenheiros para a indústria automobilística é um fenômeno
global e trouxe um panorama diferente para o futuro do setor. “A paixão pelo
automóvel está declinando entre os jovens; quando questionados sobre escolher
entre dirigir um veículo e acessar a internet, 46% dos jovens norte-americanos
na faixa entre 18 e 24 anos ficaram com a segunda opção”, disse. Smart
acrescentou ainda que, hoje, no estilo de vida conectado, dirigir é acima de
tudo uma distração.

A necessidade de substituição da frota antiga de veículos a diesel para a
consolidação de resultados das novas tecnologias para a redução de emissões de
poluentes foi destacada pelo presidente FPT Industrial, Enrico Vassalo, em sua
apresentação sobre transportes urbanos. “O impacto ambiental da passagem do
Euro 3 para o Euro 5 é muito positivo, mas pode ficar perdido se não tirarmos
os veículos velhos de circulação”, disse. Vassalo confirmou o crescimento da
tendência de utilização de combustíveis alternativos ao petróleo e afirmou que
a tecnologia disponível de imediato é o gás natural. “O motor está pronto e com
a experiência de 15 anos de teste na Europa”, ressaltou.

Para o economista Roberto Macedo, que fechou a programação do simpósio
realizado pela SAE BRASIL, a maior ameaça aos negócios no País em curto prazo é
a volta da inflação. “O Brasil não cresce mais porque investe pouco, e a baixa
taxa de investimento ou de formação bruta de capital fixo na proporção do PIB é
o calcanhar de Aquiles da economia brasileira”, sentenciou Macedo.

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