VALORAÇÃO DOS SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS COMEÇA A GANHAR A AGENDA DAS EMPRESAS BRASILEIRAS

A valoração dos
serviços ecossistêmicos como alimentos, água doce, fibras, produtos químicos, madeira, medicamentos,
regulação do clima começa a ganhar a agenda das
grandes empresas no Brasil. É o que aponta a pesquisa “Biodiversidade e Serviços
Ecossistêmicos: a experiência das empresas brasileiras”, do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento
Sustentável (CEBDS), lançada nesta segunda feira (15)  na COP 11 (Conferência sobre Biodiversidade),
na Índia. O levantamento foi realizado este ano com 22 grandes empresas de 10
diferentes setores da economia envolvendo energia, serviços, mineração,
papel e celulose, óleo e gás, holding multissetorial, agrícola, química,
equipamentos e cosméticos.

O evento aconteceu na principal sala da Conferência e contou com a
participação de 70 pessoas. Entre os palestrantes estavam o
secretário-executivo Ministério do Meio Ambiente, Francisco Gaetani; e o
secretário da Convenção sobre Diversidade Biológica, David Stuermann, além da
vice-presidente do CEBDS, Mariana Meirelles; e da coordenadora da Câmara
Temática de Biodiversidade e Biotecnologia do CEBDS, Fernanda Gimenes. “Depois de se debruçar sobre
inventários em temas como água e carbono, agora o setor empresarial começa a se
aprofundar neste novo campo. As companhias que entenderem que a restauração e
manutenção desses serviços são essenciais para o bom funcionamento dos seus
processos e, de forma proativa, liderarem as discussões, apresentarão uma
vantagem competitiva em relação a futuras regulamentações que impactarão o
setor privado”, avalia a presidente executiva do CEBDS, Marina Grossi.

Já adotada por
companhias como Alcoa, Petrobras, Vale, EBX e Votorantim, essa nova
abordagem resulta em avaliações precisas do impacto e da dependência da
atividade econômica em relação aos serviços ambientais, o que permite à empresa
avaliar riscos e oportunidades em seus negócios. Os recursos naturais são
reconhecidamente bens cada vez mais escassos e estratégicos. “Ao conhecer o
real valor econômico de um ecossistema, uma empresa pode fazer, por exemplo,
uma previsão de quanto irá realmente ter de prejuízo com a perda ou diminuição
desse espaço”, explica Fernanda Gimenes, coordenadora da Câmara Temática de
Biodiversidade e Biotecnologia do CEBDS. “Com isso, pode definir estratégias
para a conservação desse serviço natural”, completa.

O principal fator que
leva as
empresas brasileiras a incorporar os serviços ecossistêmicos aos seus sistemas
de gestão são as oportunidades para os negócios. No
levantamento, “oportunidades de negócios” (90%) foi apontado como o principal
fator motivacional para a incorporação dos serviços ambientais nos processos de
planejamento e gestão, seguido pela “dependência dos negócios em relação aos
serviços ecossistêmicos” (70%), “melhoria da
imagem” (65%) e a “redução de riscos” (65%).

Das empresas
participantes da pesquisa, 47% afirmaram ter realizado em 2012 a valoração dos
serviços ecossistêmicos, um crescimento de 15% em relação ao ano anterior. Por outro lado, o levantamento
também indica que ainda há uma grande dificuldade de conscientização da alta
administração das empresas sobre o tema. Na pesquisa de 2011 e na de 2012, o
resultado é o mesmo, e mostra que a principal barreira para a avaliação dos
serviços ecossistêmicos é a falta de entendimento da importância disso pelo
alto escalão das companhias. Em segundo e terceiro lugar vêm o desconhecimento
das ferramentas e a ausência de exigências regulatórias. “Nesse sentido, o CEBDS tem um papel de vanguarda
para a sensibilização do setor empresarial”, destaca
Marina Grossi. Outro fator que deve favorecer
a ampliação da utilização desta ferramenta é o lançamento a partir de 2013,
pelo Global Reporting Initiative (GRI), da sua quarta geração (G4) de
relatórios em sustentabilidade, atualmente aberta para consulta, na qual os
serviços ecossitêmicos também serão contemplados.

A publicação apresenta estudos de
casos de algumas empresas participantes. A Souza Cruz,
por exemplo, criou uma ferramenta própria de avaliação de
biodiversidade, chamada Biodiversity Risk and Opportunity Assesment, com
o objetivo de identificar os impactos e dependências dos negócios na
biodiversidade em paisagens agrícolas e produzir planos de ação e
monitoramento. A empresa mapeou toda a sua área de interesse de manutenção da
biodiversidade no Rio Grande do Sul. Para reforçar os
resultados de conservação da floresta natural, a companhia também incentiva
seus mais de 30 mil produtores parceiros a eliminar o uso de lenha obtida com
espécies nativas.

Já a ETH Bioenergia identificou,
através de imagens satélites, 10 áreas de maior relevância ecossistêmica, que
apresentavam um alto grau de degradação, sendo
ocupadas com pastagens de gado ou culturas que dificultavam o processo de
regeneração natural. A empresa implementou então o
programa de Conectividade de Fragmentos Florestais,
em que foram desenvolvidas ações de intervenção para reflorestamento com
espécies nativas. No total, o Programa já promoveu a recuperação de mais de 700
hectares de Reserva Legal (RL) e Áreas de Preservação Permanente (APP) com 82
espécies da flora nativa. O estudo também apresenta
cases do Banco do Brasil, Suzano, Caixa Econômica Federal, Grupo EBX, Cemig, Vale e Votorantim.

O Conselho Empresarial Brasileiro
para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) é uma associação civil que lidera os
esforços do setor empresarial para a implementação do desenvolvimento
sustentável no Brasil, com efetiva articulação junto aos governos, empresas e
sociedade civil. Fundada em 1997, reúne 76 grupos empresariais e representa no
Brasil o World Business Council for Sustainable Development (WSBCD),
organização global que conta com uma rede de mais de 60 conselhos nacionais e
regionais em 36 países. O CEBDS é integrante da Comissão de Políticas de
Desenvolvimento Sustentável e Agenda 21; do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético;
do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas; do Fórum Carioca de Mudanças
Climáticas, do Comitê Gestor do Plano Nacional de Consumo Sustentável e do
Conselho Mundial da Água.
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