VAREJO O TERMÔMETRO DA ECONOMIA

COLUNA DO CONSULTOR DE EMPRESAS JORGE CARLOS BAHIA

Fonte importante de pesquisa para os institutos que analisam e divulgam índices econômicos são as despesas com consumo das famílias brasileiras. Se existem indicadores positivos com relação a esse acompanhamento, podemos deduzir que há uma sincronia de fatores positivos. Se temos consumo por parte das famílias, significa demanda, e que temos suposta manutenção do poder aquisitivo, do emprego, que temos produção, ou seja, há um efeito em cascata benéfico para a economia do país.jorgebahianova3_DSC0008

O varejo é o grande termômetro dessa situação. Com as pesquisas apontando o recuo do consumo por parte das famílias, recuo esse identificado pelo IBGE de janeiro a março deste ano – o percentual ficou em 6,3% – nos deparamos com mais um dado pessimista pois esse recuo do varejo era estimado em 5,8%. Com tudo isso temos que há uma grande probabilidade do varejo se manter em retração também no segundo semestre de 2016.

Esse fator deve ser visto com cuidado considerando a localização do varejo na cadeia de distribuição e consumo. Sendo ele o último elo da cadeia, ao apresentar índices tão desfavoráveis, é preciso considerar que vários componentes da cadeia de abastecimento (produção e distribuição) já foram afetados, ou seja, já trazem em seus indicadores os efeitos do péssimo momento econômico.

Ratificando o que muitos analistas comentam quanto a termos regredido pelo menos dez anos com a crise atual temos, também, o relatório da CNC – Confederação Nacional do Comércio, que ao citar a quantidade de lojas fechadas em 2015 (96 mil estabelecimentos), nos faz deduzir que mais dois anos a partir de 2015, com esse panorama não promissor fará com que o setor varejista retorne ao nível de estabelecimentos em atividades identificado entre 2007 e 2008.

Enfim, sendo o varejo o termômetro que faz com que possamos identificar o reaquecimento da economia não temos nada que seja alentador no momento. A situação identifica lojas fechando, desocupação significativa no setor bastando para isso confirmarmos a situação de ocupação das instalações comerciais de shoppings centers. Em paralelo há escassez das linhas de créditos, consumidores com poucos recursos ou praticamente sem eles, assim o giro do estoque do setor fica muito aquém do ideal.

A retomada tem base na confiança e essa está voltando a ser identificada e citada como presença extremamente importante e motivadora em vários setores da economia.

O fato de termos mudanças na gestão política, independentemente dessa mudança ser ou não, politicamente, o movimento mais acertado para o momento, demonstrou a necessidade de se identificar expectativas positivas, necessidade de busca por alternativas. O que até então era sinal claro de sucessivas quedas, interrompeu essa constância para indicar que a mudança gerou uma esperança e estamos todos ansiosos para que ela se concretize.

Esse momento deve fazer, mesmo que de forma bem branda, que o varejo se recupere, se não para o próximo trimestre, mas talvez para o ultimo do ano, e aí estaremos com melhores expectativas para o próximo exercício.

O índice de confiança do empresário do comércio (Icec) calculado pela Confederação Nacional do Comércio já indica certo otimismo. Não podemos afirmar que há uma recuperação em andamento, mas os indícios caminham para isto.

 

Jorge Carlos Bahia, bacharel em administração de empresas, contador, consultor de empresas, palestrante, professor em cursos profissionalizantes, sócio proprietário do Grupo Bahia Associados, com experiência profissional de mais de 20 anos em empresas multinacionais atuando na área fiscal,  tributária, contábil e controladoria.

 

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