
A inteligência artificial (IA) deixou de ser apenas uma promessa futurista para se tornar uma ferramenta estratégica no presente, especialmente, no setor varejista. Seus impactos já são mensuráveis tanto na experiência do consumidor quanto na eficiência operacional das empresas. No entanto, especialistas alertam que a adoção plena da IA corporativa ainda esbarra em obstáculos significativos, principalmente no Brasil.
Segundo o executivo Alexsandro Monteiro, especialista em varejo e transformação digital, a ausência de dados estruturados é um dos maiores entraves. “Boa parte dos negócios ainda se encontra em fases iniciais de maturidade digital, inviabilizando a adoção de soluções avançadas de IA”, explica. A dificuldade em criar e administrar a estrutura interna necessária ou mesmo aceitar a terceirização dessa equipe, também é uma barreira recorrente no setor.
Uma pesquisa da Bain & Company revelou avanços importantes na adoção da IA generativa pelas empresas brasileiras. Em 2025, cerca de 25% das companhias já implementaram ao menos um caso de uso em IA, um salto considerável frente aos 12% registrados no ano anterior. O estudo mostra ainda que 67% das organizações do país colocam a IA entre suas cinco prioridades estratégicas, sendo que 17% a consideram o principal foco de investimento.
Os resultados práticos dessa adesão são expressivos: empresas que já utilizam IA generativa reportaram aumento de 14% na produtividade e crescimento de 9% nos resultados financeiros. Ainda assim, questões estruturais permanecem como gargalos. Infraestrutura tecnológica deficiente e escassez de talentos qualificados foram apontadas por 39% dos entrevistados como os principais obstáculos para a expansão das iniciativas.
No varejo, as aplicações de IA se diversificam e já aparecem em setores como marketing, vendas, análise preditiva e segmentação de consumidores. Porém, Monteiro destaca que ainda falta integrar essas soluções aos objetivos estratégicos das empresas. “Há uma dificuldade em sincronizar as informações e treinar os sistemas até alcançar níveis mais avançados de inteligência. Isso requer uma empresa com alto grau de maturidade digital, o que ainda é raro no setor”, afirma.
Para enfrentar esses desafios, muitas organizações têm buscado consultorias especializadas. O objetivo é mapear o estágio atual da transformação digital e desenvolver planos de crescimento integrados e de longo prazo. “Há empresas que estão repensando suas estratégias e até dando um passo atrás para estruturar melhor o uso da IA. Sem essa base sólida, o uso da tecnologia se limita a soluções pontuais e, a longo prazo, pode comprometer sua relevância no mercado”, alerta Monteiro.
Apesar das barreiras, a tendência é clara: empresas que tratam a IA generativa como motor de transformação estão remodelando estratégias e se destacando na corrida competitiva. A combinação entre evolução tecnológica e redução de custos permite que organizações proativas ampliem sua eficiência e descubram novas oportunidades de negócios. “As instituições que souberem fazer a leitura dos dados se tornarão mais competitivas e eficientes, otimizando seus recursos e fortalecendo sua posição no mercado”, conclui o especialista.
Com o avanço acelerado da tecnologia, a mensagem é evidente que a inteligência artificial não é mais uma opção é uma exigência para quem deseja permanecer competitivo no novo cenário do varejo.
Foto: Alexsandro Monteiro, especialista em varejo e transformação digital.
Crédito: Divulgação.